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José Inácio Rondina

Diretor Administrativo-Financeiro da Valor Florestal

Op-CP-52

Estruturação, análise e tomada de decisão em projetos florestais de pinus
Os plantios de pínus em escala comercial iniciaram-se na região de Telêmaco Borba, pela Klabin, no ano de 1951, com plantio de Pinus taeda e Pinus elliottii, e, no ano de 1956, na região de Agudos, pela CAFMA, onde se plantaram várias espécies de pínus tropicais.
 
Os plantios em grande escala no Brasil ocorreram a partir de 1965, principalmente na região Sul, através do incentivo fiscal. O objetivo do governo foi criar uma base florestal para dar suporte ao abastecimento a futuras indústrias madeireiras, porém, sem um objetivo definido, o que se gerou, na época, foi floresta de baixa qualidade, devido a sementes importadas sem melhoramento genético e também pela falta de um manejo adequado. Porém é importante reconhecer que o parque industrial madeireiro hoje existente somente foi possível se estabelecer devido a essa iniciativa, que teve seu fim no ano de 1985.
 
Com o fim do incentivo fiscal, um novo ciclo de investimentos em florestas foi iniciado pela iniciativa privada, realizados principalmente por empresas verticalizadas produzindo matéria-prima para seu próprio consumo e também pelos pequenos produtores independentes que contribuíram com os investimentos.

Esse novo ciclo já contava com material genético melhorado, sementes de pomares de 1ª geração e com o manejo diferenciado voltado à agregação de valor na madeira. Com a substituição do recurso financeiro de baixo custo do incentivo fiscal pelo capital próprio de mais alto custo, e com uma demanda crescente por madeira, os preços de pínus aumentaram significativamente no período de 1985 a 2005.
 
A partir do ano 2000, o setor passou por grande transformação, com a entrada das grandes TIMOS, (Timber Investment Management Organization), iniciando, assim, a participação do capital externo na aquisição de grandes maciços florestais no País. Atualmente, a área plantada de pínus no Brasil é de 1,67 milhão de hectares, sendo 85% na região Sul, respectivamente, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e os 15% restantes, nos demais estados, com predominância no estado de São Paulo.
 
Vale destacar que os modelos de condução de florestas multiprodutos, com idades de corte raso com 25 anos e com dois ou três desbastes, estão sendo alterados para regimes de manejo em ciclos mais curtos, com corte raso entre 16 a 18 anos de idade e com um ou dois desbastes no máximo. Essa estratégia tem propiciado maior retorno para os investimentos florestais.
 


Atualmente, o setor florestal pode ser dividido em dois segmentos distintos, que são:
 
Indústrias verticalizadas: 
O objetivo principal é produzir madeira para seu próprio consumo, adotando práticas de manejo direcionadas para obter o menor custo de matéria-prima. A maioria das grandes empresas do setor têm adotado, nesses últimos anos, o regime de manejo conhecido como Pulpwood, que consiste no plantio de 1,67 mil mudas por hectare, e o corte raso aos 15 anos de idade. 
 
As principais vantagens dessa prática é a maior produtividade das florestas associada à redução dos custos operacionais, principalmente de colheita da madeira.
 
TIMOS e Produtores independentes:
O objetivo principal é produzir madeira para o mercado dos diferentes segmentos industriais, adotando as melhores práticas de manejo para se obter a maior Taxa Interna de Retorno (TIR). Esta matéria tem por objetivo analisar os diversos retornos econômicos associados à idade de corte da floresta, levando em consideração os seguintes fatores: regime de manejo florestal, número de plantas por hectare, condições topográficas do terreno, sendo plano e acidentado, distância da floresta ao mercado consumidor, tabela de produção e preço da madeira carregado no caminhão na floresta, exceto o grade para polpa, o qual foi considerado o preço entregue na indústria descontado do valor do frete conforme a distância.
 
Frente a esse cenário, pode-se afirmar que é uma nova forma de conduzir florestas, denominada “Manejo Dinâmico de Florestas de Pínus”.  Por se tratar de um assunto muito conflitante, a terra não está sendo considerada no presente estudo. Conceitualmente, o efeito monetário sobre o valor da terra deveria fazer parte do estudo, porém a grande divergência entre seu valor, bem como sua valorização no tempo, sempre é motivo de muita controvérsia no meio florestal e certamente poderia mascarar os resultados do trabalho.
 
Para uma avaliação econômica mais precisa, torna-se necessária a existência de uma tabela de produção confiável que reflita a realidade dos crescimentos e dos percentuais por sortimento ao longo do ciclo, para as diferentes idades, sites e regime de manejo. Para isso, falta uma política de boa cooperação entre as empresas, exemplos do Chile e da Nova Zelândia.
 
A tabela de produção utilizada para o presente estudo foi obtida através de dados reais registrados nos últimos 20 anos. Após a elaboração dos cálculos econômicos, considerando todos os fatores acima mencionados, obtém-se a Taxa Interna de Retorno específica para cada regime de manejo, bem como para terrenos planos e acidentados, para distância de até 100 km entre a floresta e a indústria, com intervalos de 10 km.
 
 Os resultados das TIR’s entre as análises realizadas demonstram uma diferença pequena entre os modelos, porém a melhor estratégia a adotar para os investidores independentes é o modelo de manejo multiprodutos com desbastes, por proporcionar uma maior amplitude da oferta de produtos para as diferentes cadeias produtivas, evitando, assim, uma oferta de poucos produtos e concentrada em um único mercado de madeira fina (regime pulplwood). Ou seja, evitando uma maior oferta para um mercado mais concentrado, com menor número de consumidores, a preços controlados pelos compradores.