A experiência tem ensinado a estarmos atentos às inovações e sempre buscarmos incorporar ao portfólio os mais eficientes equipamentos e soluções que estão disponíveis no mercado. É importante ampliar a visão para além do que já tem sido usado pelo setor florestal. As estradas de uso florestal possuem uma gama de variações que estão relacionadas com a localização geológica, a situação geográfica, a topografia, dentre outros. A missão é garantir o escoamento do produto até a unidade de consumo, equalizando os custos aos objetivos de produção das empresas.
Além disso, a operacionalização de uma rede rodoviária florestal deve ser planejada e executada, respeitando os aspectos técnicos, econômicos, ambientais e sociais, com foco em tendências mais modernas na composição transporte de madeira, segurança dos usuários das vias e relação com as comunidades com quem compartilhamos esse ativo.
A consciência sobre os impactos dessa operação na vida das comunidades e o atendimento a requisitos legais e padrões normativos incluem na rotina as restrições de horários de tráfego com as composições de madeira e a mitigação de poeira e ruído nas estradas, por exemplo. Tudo isso faz parte das atividades de construção e manutenção das estradas florestais, tornando a sustentabilidade um valor intrínseco ao processo logístico florestal.
O valor da rede não pavimentada: As atividades de transporte de madeira da Veracel têm uma participação importante no custo da madeira posta na indústria, sendo responsável pela movimentação de cerca de quatro milhões de metros cúbicos de madeira em toras por ano. Para isso, a empresa utiliza uma rede rodoviária não pavimentada (principais e secundárias) com características geométricas e geotécnicas que se revestem de uma importância singular no planejamento rodoviário. Ela influi no desempenho e nos custos operacionais dos veículos de transporte.
Além do escoamento da produção de madeira, essa rede rodoviária garante acesso à floresta a qualquer tempo, melhorando a proteção patrimonial, permitindo um melhor manejo florestal, além de ser fundamental para a proteção contra incêndios florestais. As estradas exercem papel de aceiros e também permitem o acesso de equipamentos e pessoas para efetuarem os combates aos incêndios, de forma rápida e segura, se eles ocorrerem.
Planejamento e gestão: Para sanar questões funcionais e estruturais, elaboramos um Plano Diretor Logístico (PDL). Trata-se de um instrumento de gestão, com uma visão sistêmica, utilizando-se de tecnologia para análise do comportamento futuro das estradas e do transporte de produtos e pessoas. As ações e as estratégias têm por objetivos aumentar a produtividade e reduzir o risco de descontinuidade do abastecimento. A logística está alinhada ao planejamento estratégico por meio da melhoria do binômio estrada-transporte.
A elaboração desse plano foi executada em etapas, sendo o diagnóstico a de maior relevância para ter os parâmetros adequados para serem aplicados nas demais etapas de estudo e projeto. O uso de um simulador foi idealizado para a análise econômica de rede rodoviária para fins de investimentos com restrição orçamentária, buscando atingir a maior extensão possível. O objetivo é ter o maior retorno através do Valor Presente Líquido dos diversos cenários estudados, podendo analisar diversas alternativas de intervenção para cada trecho de estradas, indicando a época para a realização dos investimentos, visando à melhor condição da rede no final do projeto.
Para isso, foram usados dados de entrada para a rodada do simulador às condições atuais das estradas, obtidas no banco de dados da etapa de diagnóstico, como extensões, estrutura, volume de tráfego, defeitos, irregularidade, deflectometria, geometria (largura de pista, largura de acostamentos, declividades médias, índice de curvatura), condições climáticas e de topografia, idade do pavimento, idade da última restauração, dentre outros dados de detalhes da frota (tipo de veículos, PBTC, carga útil, custos de aquisição e de manutenção, custo do combustível), as políticas de intervenção (tipo de manutenção ou reabilitação e custos) e os cenários de investimento. Os resultados simulados foram traduzidos nos tipos de intervenção para cada segmento, custo e época, dentro de um cenário de investimentos.
O PDL identificou as oportunidades de redução de custos do binômio estrada-transporte florestal e definiu as intervenções a serem efetuadas na rede rodoviária e/ou no sistema de transporte em um horizonte de análise. Isso representa um ciclo de corte da floresta de eucalipto, além de estabelecer prioridades, necessidades de recursos financeiros, materiais e humanos, bem como programar as ações para executar as melhorias.
Além dos projetos para o transporte de madeira, temos outros que visam melhorar a segurança e o conforto dos nossos colaboradores que utilizam essas estradas para suas atividades de trabalho diariamente. Para o escoamento da celulose, realizamos estudos para identificar os pontos críticos que podem promover a descontinuidade da operação e elaboramos projeto de rota alternativa e também de investimento para restauração da via.
Novas técnicas, melhores resultados: Entre as ações para melhoria do binômio estrada-transporte, testamos equipamentos e misturas de produtos que possam melhorar a qualidade e a produtividade da execução das intervenções de manutenção das estradas. Numa fase de teste, usamos a recicladora na operação de recuperação de uma estrada encascalhada. Além de desempenhar a mistura e a homogeneização com qualidade, a recicladora reduziu o número de equipamentos na obra, trazendo rapidez na execução e, com isso, maior produtividade.
Em nossas operações para estabilização de solos, usamos motoniveladora, trator de pneus com grade de arado, caminhão-pipa e rolo compactador. O uso da recicladora reduz significativamente o tempo de execução de serviços, uma vez que, nesse processo, não há a necessidade de gradeamento/aeração do solo, com utilização de tratores de pneu com grade de discos, ”tombamentos” de materiais com utilização de motoniveladoras e retrabalhos provenientes do não atendimento ao grau de compactação necessário, devido à má dosagem da água e à baixa homogeneização do solo, comum nas técnicas convencionais.
Os solos das jazidas de cascalho utilizados na Veracel são predominantemente de fragmentos de quartzo exibindo boa resistência mecânica, mas com elevada segregação de material na camada de desgaste por falta de ligante eficiente. Para melhorar essa condição, realizamos testes usando adição de cimento na mistura. Obtivemos resultados positivos, que proporcionaram uma redução na necessidade de manutenções do trecho e uma melhora significativa no conforto, segurança e velocidade no trajeto.
Nas obras de artes, passamos a usar Tubos de Polietileno de Alta Densidade (PEAD) em substituição às manilhas de concreto, para construção de bueiros. Esses tubos são leves e flexíveis, o que facilita a execução da obra, gerando ganho de tempo na execução e redução do risco de acidentes no manuseio de manilhas.
O controle de poeiras foi uma mudança significativa em nossa forma de atuar. Adotávamos a umectação dos trechos das estradas próximos a vizinhos e comunidades que são impactadas pelas nossas operações. Realizamos testes com vários produtos na busca de um produto mais econômico do que usar somente caminhões-pipa e reduzir a frequência do tratamento e conseguimos encontrar um produto que nos atende. Já estamos aplicando em escala operacional, trazendo ganhos operacionais, ambientais e sociais.
Agora, estamos na fase de execução das ações mapeadas no PDL. Para isso, estamos incorporando produtos e equipamentos que não faziam parte de nossas atividades, visto que as inovações tecnológicas surgem a uma velocidade muito alta em todos os setores, com diversos produtos, equipamentos e softwares, sendo constantemente aprimorados e inseridos no mercado para otimizar os processos, e precisamos ficar atentos.
Os resultados são consistentes e seguem alinhados ao propósito da empresa de ser responsável, inspirar pessoas e valorizar a vida.