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Fernando Seixas

Professor de Colheita e Transporte da Esalq-USP

Op-CP-20

As inovações da colheita de madeira

A evolução da mecanização nas operações de colheita de madeira é motivada pela necessidade de melhoria das condições de trabalho, redução da mão de obra, aumento da competitividade com o incremento da produtividade e novas alternativas de produção. Os países da Escandinávia, notadamente Finlândia e Suécia, são considerados os principais polos de desenvolvimento de máquinas florestais, também em virtude das condições climáticas adversas, falta de mão de obra e legislação trabalhista restritiva. 

A nós cabe a adaptação da tecnologia originária daqueles países às nossas condições florestais, ou o próprio desenvolvimento de equipamentos de menor porte e aplicação mais específica. Recentemente, o crescente custo da mão de obra e o aumento das restrições de segurança no ambiente de trabalho levaram ao desenvolvimento do harvesterBesten, fabricado pela companhia sueca Gremo AB, operado por controle remoto a partir de um forwarder, constituindo-se de uma máquina com seis rodas, equipada com esteiras, sem cabine e sem operador.

Operando em um conjunto formado por um harvester e dois forwarders, entre suas vantagens estão a melhor condição ergonômica para os operadores, menor investimento e o carregamento, logo após o corte das árvores, direto na caixa de carga do forwarder.
Na operação de extração de madeira com o forwarder, a atividade com o carregador responde por 50 a 75% do tempo gasto pela máquina.

Com o intuito de reduzir esse tempo, um sistema integrando corte, geralmente feito pelo harvester, e extração em uma única máquina, harvester-forwarder ou harwarder, vem sendo testado nos últimos anos. Algumas de suas vantagens referem-se ao trabalho menos monótono, a menor frequência de tráfego em solos “sensíveis” e a melhor performance dos sistemas de desbaste com harvesters.

O harwarder pode ter o espaço de carga montado em uma estrutura móvel, de maneira que as toras possam ser carregadas na máquina a partir de várias direções de corte das árvores. O harwarder pode competir com o sistema harvester + forwarder se o tempo gasto com transporte não for uma fração muito grande do tempo total, haja vista que o harwarder não deixa de ser um forwarder mais caro.


Outro tópico refere-se ao aproveitamento da biomassa florestal para a produção de energia. Estimulados por propostas como a do governo dos EUA de substituir, até o ano de 2030, 30% do consumo atual de petróleo por biocombustíveis, incluídos aí 368 milhões toneladas de biomassa florestal, e também por políticas de incentivos fiscais para a substituição de combustíveis fósseis por energia de biomassa, em países como a Finlândia, estudos vêm sendo desenvolvidos para a colheita de resíduos florestais ou a exploração de florestas ditas “energéticas”.

Novas máquinas, como o Valmet 801 Bioenergy, oferecem a possibilidade da colheita integrada de lenha e outros produtos em sistemas de toras curtas.
O trator combina um cabeçote processador com um picador móvel. Esse harvester especial pode cortar e processar toras e depois transformar o material em cavacos diretamente em uma caixa de carga, com capacidade de 27 m³, situada na parte de trás da máquina.

A coleta de resíduos da colheita de madeira pode ser feita por máquinas como a enfardadora John Deere 1490D, que produz fardos onde o volume dos resíduos é reduzido em cerca de 80%, ou protótipos como uma colhedora-picadora-enfardadora (“Bio-baler”), desenvolvida na Universidade Laval (Canadá), que, em uma única operação, corta, pica e enfarda a biomassa florestal, composta basicamente por arbustos e resíduos florestais.

Já quanto à colheita de plantações florestais energéticas, com menor ciclo de corte e menor espaçamento de plantio, ainda há um bom campo para o desenvolvimento de equipamentos especificamente desenvolvidos para o corte de espécies como o eucalipto, com as pesquisas sendo feitas com adaptações de colhedoras agrícolas trabalhando em, por exemplo, plantações de salgueiros (willow).


Por fim, se considerarmos que o pequeno produtor rural esteja entre os responsáveis por atender aproximadamente 30% da demanda de madeira das grandes empresas, ainda faltam estudos no sentido de aperfeiçoar os sistemas e máquinas de colheita em povoamentos florestais com menor área, o que implica um maior número de deslocamentos e mais tempo ocioso dos equipamentos. A montagem de equipes de colheita por parte de cooperativas de produtores florestais e a produção de máquinas florestais de menor porte e custo de aquisição mais baixo seriam possíveis alternativas.