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Fernando Palha Leite

Coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento da Cenibra

Op-CP-29

Gestão do processo e da qualidade

Processo pode ser definido como um grupo de atividades realizadas em uma sequência lógica com o objetivo de produzir um bem ou um serviço. O processo transforma, agrega valor a algo. Para realizar essa transformação, são necessários os meios ou as entradas (matérias-primas, equipamentos, informações, condições ambientais, procedimentos e pessoas) para a obtenção dos fins ou das saídas (bens ou serviços). Os processos podem ser classificados em:

1. macroprocessos (processos de maior abrangência da organização);
2. processos (subdivisão dos macroprocessos) e
3. subprocessos (subdivisão dos processos). Outro tipo de classificação define dois tipos de processos: os processos primários (relacionados diretamente à produção de bens ou serviços) e os secundários (processos de suporte).

Para a gestão eficiente de um processo, é necessário um conhecimento detalhado das suas características básicas e também ter conhecimento a respeito dos demais processos relacionados, principalmente das áreas de interface entre eles. A partir desse conhecimento, o gestor deve definir claramente os limites da sua autoridade (sobre os meios) e da responsabilidade (sobre os resultados).

As ferramentas da qualidade são um dos meios utilizados para garantir a eficiência dos processos. A partir da definição de indicadores prioritários (críticos), geralmente associados aos aspectos qualidade, custo, prazo, moral, saúde e segurança, são realizados monitoramentos periódicos da performance das principais atividades que compõem o processo (itens de verificação ou de tendência) e também da qualidade do produto gerado (item de controle).

Outras ferramentas, além daquelas relacionadas com qualidade, também são necessárias para uma boa gestão de processos; dentre elas, podemos citar a descrição do negócio, a definição de metas, a pesquisa de valores de Benchmark, a capacitação em métodos para solução de problemas (como o PDCA), o uso de instrumentos para relato e tratamento de anomalias e a padronização (com a definição de fluxogramas e de procedimentos operacionais).

Outra preocupação permanente do gestor de processos deve ser a busca constante de melhorias (como novas tecnologias) para o processo sob sua responsabilidade, que podem ser obtidas com a adoção de melhores práticas (copiada de outras áreas da empresa ou de outras empresas) e também a partir de projetos especiais (nesse caso, o objetivo é o de melhorar, por meio da inovação, certos processos que já são considerados bons).

No caso da adoção das melhores práticas, esse mecanismo é considerado mais adequado para organizações que têm um bom sistema de padronização e disciplina operacional, ou seja, para empresas que têm um bom gerenciamento da rotina do dia a dia.

A aplicação desses conceitos e das ferramentas de gestão em processos conduzidos no setor florestal brasileiro tem apresentado algumas características que devem ser mais bem trabalhadas, tais como:

1. Grande parte dos atuais gestores em atividade no setor não tiveram, durante a formação acadêmica, disciplinas específicas relacionada a métodos de gestão;
2. Na gestão de alguns processos, não é usual a definição de metas compartilhadas entre gestores de processos relacionados;
3. Há, em algumas situações, conflito entre as estratégias de gestão das empresas contratantes e das contratadas para prestação de serviços, dificultando, em alguns casos, a otimização de processos;
4. A gestão da qualidade, muitas vezes, é um simples monitoramento;
5. A estimativa de impacto nos custos do processo da realização de atividades fora dos padrões de qualidade esperados ainda não tem um bom nível de exatidão;
6. Os sistemas de suporte a gestão de processos e a gestão de qualidade ainda são muito fragmentados, implicando baixa agilidade na disponibilização de informações que demandam associação de dados.

No contexto atual do setor florestal, com aumento do número de empresas atuantes (maior concorrência); com os processos de aquisição e fusões; com as condições pouco favoráveis do mercado externo; com a dificuldade de algumas empresas em manter os níveis atuais de produtividade de seus plantios; com a necessidade de expansão dos plantios da base florestal para regiões de menor potencial produtivo, etc., a gestão eficiente de processos e da qualidade será um diferencial competitivo a ser buscado pelas empresas que pretendem ser as mais competitivas nesse novo cenário.