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Clayton Alcarde Álvares

Pesquisador do IPEF

Op-CP-23

Geotecnologia aplicada à silvicultura de precisão e aos modelos ecofisiológicos

O Brasil possui características edafoclimáticas que lhe confere uma natural vocação florestal, pois apresenta clima e solo adequados e abundância de terras para o reflorestamento. Além disso, é um país reconhecido internacionalmente pela tecnologia desenvolvida na formação de florestas de rápido crescimento, por ter se apoiado historicamente na silvicultura intensiva que visa atender à demanda das indústrias de base madeireira, aliviando a pressão sobre as florestas naturais.

O setor florestal vem, ano após ano, quebrando recordes de produtividade de madeira e de área plantada. O País fechou o ano de 2009 com média de 40 m3 ha-1 ano-1, num universo de 4,5 milhões de hectares de povoamentos florestais de Eucalyptus. Nos últimos cinco anos, foi registrado crescimento médio de 10% no incremento da produtividade e de 30% em relação à área plantada.

O elevado preço da terra nos estados brasileiros com tradição na silvicultura tem exigido do setor florestal maior aproveitamento dos recursos dos sítios disponíveis. Por exemplo, no estado de São Paulo, com mais de 1 milhão de hectares de plantações de Eucalyptus, o preço médio da terra subiu 350% nos últimos 10 anos.


Ao mesmo tempo, as florestas plantadas expandem-se nos estados sem tradição florestal, isto é, nas chamadas novas fronteiras da silvicultura, que incluem os estados do Mato Grosso, Tocantins, Goiás, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Pará, Piauí e Pernambuco, além do oeste da Bahia, centro do Mato Grosso do Sul e oeste de São Paulo.

As singularidades de cada local exigem conhecimentos específicos dos profissionais florestais para atender tanto à necessidade de aumento da produtividade nas áreas já manejadas, quanto da exploração de novas terras para os projetos de reflorestamento a serem implantados.

Dados os elevados níveis de produtividade atingidos, o seu aumento se torna cada vez mais difícil e requer grande conhecimento dos fatores que estão limitando a produtividade em cada situação.

Assim, ao invés de se manejar uma área pelas informações médias locais, de fertilidade e de clima, por exemplo, deve-se avaliar a sua variabilidade espacial. Dessa forma, é recomendada a adoção de sistemas de gestão baseados no macro e no microplanejamento das recomendações das práticas silviculturais, a chamada silvicultura de precisão.

Esse conhecimento, aplicado de forma organizada nos chamados modelos ecofisiológicos, possibilita avaliar a produtividade e as restrições ecológicas das plantações florestais, em diferentes escalas espaciais e temporais. Os principais usos desses modelos ecofisiológicos são:
1. avaliar os riscos da variação e mudanças climáticas na produção florestal;
2. identificar fatores ambientais limitantes ao crescimento;
3. criar programas de manejo florestal;
4. avaliar a produtividade florestal ao longo prazo;
5. elaborar cenários estratégicos, para planejamento em longo prazo do suprimento de madeira;
6. estimar a produtividade potencial, para a análise de áreas já plantadas, e a tomada de decisão na compra de novas terras.

No setor florestal brasileiro, o uso de modelos ecofisiológicos está em plena fase de expansão. Recentemente, foi concluído o zoneamento da produtividade do Eucalyptus na região de Capão Bonito, no sul do estado de São Paulo, onde se nota que a classificação dos sítios em produtividade de madeira é o resultado da interação entre as características climáticas e edáficas da região e do manejo e da genética utilizados na área. Esses resultados, quando bem interpretados, são poderosas ferramentas de gerenciamento das atividades de silvicultura e de manejo florestal, redundando em melhor adequação da planta ao ambiente e na diminuição da ocorrência e do grau de gravidade dos impactos ambientais negativos.