A sabedoria popular não está equivocada quando afirma que “tempo é dinheiro”. Na gestão de qualquer processo de produção florestal, há sempre a possibilidade de otimizar as operações ou atividades que devem ser executadas. Essas atividades incluem, por exemplo, os processos envolvidos na colheita de madeira: da operação de derrubada ao arraste, do processamento ao carregamento e transporte.
Paralelamente, temos os processos de silvicultura, da limpeza e do preparo do solo ao plantio e à manutenção, e assim por diante. Cada uma dessas operações pode ser desempenhada de formas diversas, seja manualmente, de forma mecanizada ou semimecanizada.
Para que uma atividade ocorra, é preciso percorrer todo o seu ciclo operacional, composto por todas as etapas que devem ser executadas para que se cumpra um ciclo de operação de produção. Ou seja, ao término de cada ciclo sucessivo, obtém-se uma unidade de produção.
O que se faz, de maneira geral, é descrever os procedimentos de como deve ser a execução das atividades e acompanhar os indicadores de produção. Contudo, se o objetivo é melhorar a produtividade (e não a produção), é preciso especializar o uso dos recursos, compreendendo a totalidade do ciclo de operação.
É necessário mapear esse ciclo e perceber o que está sendo feito de forma eficiente e onde há oportunidades para ganhar tempo e aprimorar os processos, ou seja, onde a operação não está tão eficiente como poderia. É justamente para fornecer essa compreensão que são realizados os estudos de tempos e movimentos, que consistem no mapeamento e na análise de uma determinada operação. Tomemos como exemplo uma operação de transporte de madeira, composta, de forma geral, por quatro grandes atividades: a viagem vazia, o carregamento, a viagem carregada e o descarregamento.
Além do tempo empreendido na realização desses pilares básicos, é necessário analisar o ciclo de maneira mais aprofundada, incluindo, por exemplo, o tempo para a obtenção da nota fiscal que acompanha a carga, a fila de espera para o carregamento, o reaperto da carga na viagem carregada, a fila de balança no pátio da indústria, o tempo de pesagem, a limpeza da carroceria, etc.
Em suma, os estudos de tempos e movimentos desmembram as etapas de um ciclo de produção de determinada operação e as analisam detalhadamente. Essa análise vai além dos tempos efetivos de uma operação, conforme listados acima. Compreende também os tempos não efetivos gastos nos processos, como abastecimento, lubrificação, alimentação, higiene pessoal, descanso, tempo perdido devido a intempéries ou outras circunstâncias não operacionais e muitas outras variáveis que precisam ser mensuradas para que se possa obter os reais indicadores de eficiência. Quando se faz a análise do ciclo operacional, pode-se enxergar exatamente em quais etapas do processo produtivo está ocorrendo desperdício de tempo – resultando, logicamente, na perda de dinheiro.
Para empresas do setor florestal, que lidam com grandes volumes em suas operações, a possibilidade de realizar um processo de forma mais rápida e eficiente, mesmo que o ganho seja de alguns minutos, pode representar milhares de reais ao término do ano fiscal.
Apesar disso, ainda são raras as companhias que realizam estudos de tempos e movimentos de suas operações, pois um estudo aprofundado e competente requer planejamento adequado e a disponibilidade de profissionais capacitados e comprometidos para empreender essa análise com um nível de dedicação e atenção adequados, visto que a coleta mal realizada das informações acarreta maus resultados.
Ademais, é preciso realizar um trabalho estatístico que seja realmente representativo daquilo que se pretende analisar, calcular o número mínimo de amostras necessárias para que se possa, de fato, compreender com segurança cada etapa. Os benefícios efetivos dos estudos de tempos e movimentos são diversos e facilmente reconhecíveis. Torna-se possível analisar referenciais de produção, respondendo, por exemplo, a questionamentos comuns, como por que um operador é melhor do que outro; por que a produção de um, ao término do dia de trabalho, é 20% maior que a de outro; o que esse operador faz de diferente.
Através da divisão do ciclo e do acompanhamento do trabalho desses profissionais, compreendem-se fatores como sincronia de movimento, ou número menor e mais eficiente de movimentos, ou se constata que a maior produtividade desgasta mais o equipamento, ou resulta em menor tempo de descanso para um operador sobrecarregado, etc. Estudar a variabilidade dos operadores e compreender o que os melhores dentre eles fazem em seus ciclos de produção é o referencial para que se possa fazer com que os outros consigam atingir o mesmo patamar.
Igualmente importante, quando se propõe uma análise de tempos e movimentos, é determinar, já na fase de planejamento, qual é o método mais adequado para atingir os resultados de otimização almejados. Basicamente, são três os principais métodos, categorizados de acordo com a forma de medição temporal de cada atividade do ciclo: há o método de tempo contínuo, caracterizado pela medição sequencial das atividades parciais; o método de tempo individual, que mede o tempo específico gasto na realização de cada atividade parcial; e o método de multimomento, no qual se estabelecem determinados intervalos em que o profissional responsável analisa o decorrer da atividade. Cada método tem suas vantagens e desvantagens e traz demandas específicas para a compilação e a análise dos dados coletados.
É necessário, portanto, definir previamente a metodologia ideal para o tipo de estudo a que se propõe fazer. A importância dessa análise pode ser resumida da seguinte forma: só se muda e se melhora aquilo que se controla. Se não há o controle ou a compreensão de um processo, não é possível obter referenciais, estabelecer metas ou alterar o que está acontecendo. Ainda: não se trata de um estudo que deve ser engavetado após finalizado. É preciso revisitá-lo e refazê-lo com certa periodicidade, para que se possa manter o grau de aprimoramento visado. É este o significado da especialização: fazer mais com aquilo que se tem, ou mesmo com ainda menos. É a verdadeira otimização do processo produtivo.