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Zaid Ahmad Nasser

Presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal - APRE, e Diretor do Grupo The Forest Company

OpCP73

Os desafios imediatos da colheita florestal
Ações urgentes são necessárias para restabelecer o equilíbrio climático. Iniciando o artigo com essa frase, quero trazer para o diálogo o quão importante são as florestas plantadas para a sociedade e o meio ambiente, já que oferecem uma matéria-prima renovável, com mínimo impacto ambiental, capaz de capturar e fixar carbono, entre outros benefícios. Hoje, a área aproximada de florestas plantadas no Brasil, segundo a IBÁ - Indústria Brasileira de Árvores, é de 10 milhões de hectares, e os gêneros mais plantados são pinus e eucalipto.

Nos últimos anos, apresentando grande competitividade mundial, nosso país, com um conjunto importante de empresas, mostrou que novos investimentos e ampliação de plantas industriais de diversos setores atrelados ao de floresta plantada, como serrarias e celulose, são possíveis.

Tais projetos de expansão industrial madeireira e florestal fizeram com que empresas aumentassem a distância em busca de matéria-prima e desenvolvessem novas metodologias de logística, agregando novas técnicas para o aprimoramento do manejo florestal, por exemplo.

Ao expandir essa distância, as empresas precisaram também evoluir e se adaptar, muitas vezes, a novos desafios. É importante destacar que o Brasil se destaca com uma das maiores produtividades do mundo  com potencial para crescer. Além disso, nossas florestas apresentam rotações de 15, 18, 21, até 28 anos, e as empresas florestais dirigem a cadeia produtiva de uma forma que ela seja bastante diversificada, atendendo a mercados de celulose, papel, painéis reconstituídos, compensados, madeira serrada, biomassa e de produtos de maior valor agregado, como piso de madeira sólida, portas e janelas, molduras, madeira engenheirada etc.

Percebe-se, também, que a demanda por produtos de base florestal vem crescendo ao redor do mundo, motivada por essa busca dos consumidores por sustentabilidade. E, justamente nesse momento, um dos grandes pontos debatidos no setor é: para onde crescer em área plantável?

Para analisar esse cenário, devemos relembrar o que aconteceu no passado com alguns setores que necessariamente utilizavam apenas diâmetros de toras exclusivos para sua atividade. Devido ao avanço de indústrias, como a de celulose, a disponibilidade de diâmetros maiores ficou, em algum momento, escassa. Porém, ao longo dos anos, o setor industrial madeireiro se mostrou dinâmico e, principalmente, capaz de reverter possíveis problemas de abastecimento.

Um exemplo clássico é o do setor de laminação: no passado, somente toras de diâmetros acima de 30 centímetros eram consumidas; atualmente, com a inovação tecnológica, já é possível produzir toras de diâmetros acima de 15 centímetros.

Parte da solução para o futuro do abastecimento florestal passa, consequentemente, pela colheita florestal e seus desafios. O desequilíbrio do regime hídrico, por exemplo, convida os produtores florestais e empresas a pensarem sobre as questões ligadas ao volume produzido por hectare, seguindo para a produtividade das máquinas de colheita, uma vez que o investimento para a aquisição delas tem como uma das variáveis o volume individual de árvore previsto, e a diminuição desse volume impacta a viabilidade e a continuidade do processo com as premissas utilizadas anteriormente.

Outro ponto que merece destaque é o dimensionamento das máquinas. Assim como aconteceu com os caminhões, acredito que veremos, num futuro próximo, o desenvolvimento de equipamentos com diferentes composições para termos opções mais leves. Como mencionei, o volume individual das árvores tem diminuído, mas as máquinas continuam pesadas. Esse tópico tende a seguir o mesmo caminho da área de transporte de madeira, que promoveu mudanças na matéria-prima para deixá-la mais leve e aumentar a capacidade de carga. Também será uma tendência um novo dimensionamento de pneus, para distribuir melhor o peso e, assim, proporcionar um impacto menor ao solo.

E, para finalizar a reflexão, cito novamente a primeira frase desse artigo: ações urgentes são necessárias para restabelecer o equilíbrio climático. Nosso prazo é curto, pois o Brasil tem uma importante agenda ESG a ser cumprida até 2030.

A mudança da matriz de abastecimento das máquinas tem se apresentado como uma realidade para o setor. Essa mudança para a base sustentável eletrificada é, sem dúvida, a agenda mais urgente para toda a cadeia produtiva, pois devemos demonstrar e aplicar a capacidade do nosso setor de ser sustentável não somente com o nobre trabalho de plantar árvores, mas também na preocupação com a evolução, a curto prazo, do uso das máquinas de colheita florestal, para reduzir ainda mais as emissões de CO? na nossa atividade – uma atividade que produz matéria-prima para o mercado industrial e que vai muito além, gerando bem-estar à sociedade, protegendo o meio ambiente e mantendo a capacidade de restaurar desequilíbrios ambientais.