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Jany Kelly Guizzardi Belitardo

Gerente Executiva de Negócios Florestais da Suzano

OpCP81

Mais do que contratos, o fomento constrói parcerias
O programa de fomento florestal consiste em incentivos e ações técnico-financeiras que estimulam o plantio, o manejo e a recuperação de florestas, muitas vezes articulando os setores público e privado e a sociedade civil. Essa modalidade de cultivo de florestas existe no Brasil há mais de um século, tendo seu início formal na década de 1970.
 
Seus principais objetivos são promover práticas sustentáveis – tanto ambientais quanto econômicas –, diversificar e gerar renda para os produtores, recuperar áreas degradadas, ampliar a cobertura florestal, além de fortalecer institucional e tecnicamente as empresas. 
 
O programa também possui efeitos sociais multiplicadores, contribuindo para a permanência do trabalhador rural no campo e promovendo a modernização das relações de trabalho.

Na Suzano, o programa teve início em 1990 e permanece ativo até hoje como uma importante alternativa para o abastecimento das fábricas, integrando a estratégia de negócio da empresa, principalmente nas regiões de Aracruz-ES e Mucuri-BA.
 
O fomento florestal dialoga diretamente com os principais direcionadores da empresa, evidenciando o compromisso de “Gerar e Compartilhar Valor”, por meio de mais de 1.000 produtores parceiros, distribuídos em 90 municípios, com o apoio de 77 empresas prestadoras de serviços de plantio, colheita e transporte.

Como modelo de negócio, a empresa atua de forma semelhante à gestão de suas áreas próprias, começando pela escolha criteriosa do material genético mais adequado ao solo e clima de cada região. 

Essa atenção se estende à adoção das melhores práticas de manejo florestal — como espaçamento, adubação e nutrição —, ao monitoramento por meio de indicadores de performance das florestas e à oferta de assistência técnica especializada aos produtores. 

Além disso, são fornecidas orientações estratégicas sobre alocação de recursos, planejamento e gestão, garantindo que cada etapa do processo reflita o compromisso com a produtividade sustentável e o desenvolvimento regional.

O fomento florestal apresenta grande potencial de crescimento, pois envolve variáveis favoráveis tanto para as empresas quanto para os produtores. Para que o programa seja bem-sucedido, deve ser estruturado como uma relação trilateral entre produtores, empresas e sociedade. 

Além dos benefícios tangíveis, esse modelo traz ganhos intangíveis de grande relevância, conforme aponta um estudo publicado na revista Forest Ecology and Management (v. 456, 2020, nº 117654). Entre eles estão a redução do êxodo rural, a estabilidade econômica da capacidade produtiva, a construção e manutenção de estradas rurais, a dinamização do desenvolvimento local e a transferência de tecnologia pelas empresas. 

Destacam-se também a regularização ambiental das propriedades, o uso produtivo de terras ociosas — inclusive de proprietários não agrícolas —, a qualificação da mão de obra familiar para atividades florestais e o fortalecimento de uma mentalidade florestal entre os produtores, que passam a cultivar espécies nativas e a adotar boas práticas de proteção de bacias hidrográficas, fauna e flora.

Essa mentalidade também contribui para a redução do uso do fogo como ferramenta agrícola, diminuindo os incêndios florestais em regiões produtoras de madeira. Esses programas têm favorecido o desenvolvimento econômico e social das comunidades vizinhas às indústrias, gerando uma fonte complementar de renda e reduzindo os conflitos que poderiam surgir da ocupação extensiva de áreas com plantações florestais.
 
Por fim, a integração dos produtores rurais à cadeia produtiva da silvicultura é um instrumento estratégico que proporciona vantagens econômicas, ambientais e sociais para empresas, produtores e sociedade. O fomento florestal no Brasil — e na Suzano — não é apenas uma estratégia de abastecimento industrial: é uma ponte entre o progresso econômico, a inclusão social e a regeneração ambiental, ao unir empresas e produtores rurais em uma aliança de longo prazo.

Mais do que contratos, o fomento constrói parcerias. Mais do que madeira, ele cultiva dignidade, renda e visão de futuro.