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José Ricardo Paraiso Ferraz

Diretor Florestal da Duratex

Op-CP-35

Controle de máquinas e equipamentos florestais

Grande parte dos ganhos de produtividade dos povoamentos florestais é atribuída à seleção de variedades adaptadas às características edafoclimáticas de cada região, à adoção de boas práticas de manejo silviculturais e ao nível de gerenciamento das operações.

A seleção e o melhoramento genético de variedades do gênero Eucalyptus para fins de obtenção de florestas de rápido crescimento, com características físico-químicas adequadas aos diferentes usos e que sejam resistentes ou tolerantes a determinadas pragas e doenças, é demasiadamente demorada, devido, principalmente, ao ciclo de formação, o que caracteriza altos investimentos em pesquisa e retornos em longo prazo.

Já os ganhos advindos com a adoção de boas práticas de manejo e o assertivo gerenciamento das operações geram um menor dispêndio econômico e retornos de curto a médio prazo. Nota-se, portanto, que o sucesso dos empreendimentos florestais está intimamente ligado ao nível de gerenciamento que é dado no planejamento, execução e controle de suas operações.

Nesse contexto, ao longo dos últimos anos, a Duratex Florestal vem investindo em ferramentas que auxiliem e embasem a tomada de decisão por parte dos gestores. Um sistema de produção amplamente difundido no meio agrícola, e que cada vez mais ganha força no meio florestal, é a Agricultura de Precisão.


Esse sistema utiliza as tecnologias de software e hardware existentes para garantir padrões e níveis elevados nas atividades de campo, além de gerar informações confiáveis. Com o advento da Agricultura de Precisão, novas ferramentas tornaram a mensuração do desempenho de máquinas a campo mais fácil e precisa, por exemplo, através da utilização de computadores de bordo conectados a receptores de GPS (Global Positioning System) e sensores que quantificam os tempos de efetivo trabalho, manobras, paradas para abastecimento ou manutenção, bem como a qualidade da operação, definindo, assim, todos os parâmetros de forma georreferenciada.

Nessa linha, a Duratex firmou parceria com uma empresa de tecnologia agrícola do interior de São Paulo para desenvolver um sistema de gestão baseado na utilização de computadores de bordo em máquinas de colheita de uma Unidade Florestal, visando aumentar a confiabilidade das informações de campo, além de qualificar os apontamentos e ampliar as ações com relação à melhoria da qualidade e identificar as reais ineficiências operacionais.

Durante o desenvolvimento do sistema computadorizado, que é baseado no uso de computadores de bordo e seus periféricos para o monitoramento das máquinas, foi realizado um teste comparativo em relação ao atual sistema manual de registro (anotações em fichas de campo). Os dados foram comparados em relação à confiabilidade da informação e à qualificação dos apontamentos.

As funcionalidades do sistema estão no sensoriamento das máquinas em campo, que permite a quantificação da produção, a parametrização dos apontamentos operacionais produtivos e de paradas (manutenção, abastecimento, refeição, etc.), a telemetria das informações e a visualização geográfica espacial através de um Sistema de Informações Geográficas.

O sistema computadorizado mostrou resultados mais confiáveis e apresentou nível de detalhamento muito superior quando comparado ao sistema convencional, possibilitando a observação de distorções e evidenciando restrições operacionais. Quando observado o tempo para validação dos dados no sistema manual, o tempo transcorrido do apontamento à sua validação é de até 7 dias. Já no sistema computadorizado, esse tempo passa a ser de até 2 dias.


Outras vantagens demonstradas pela telemetria das informações são possibilitar a mensuração de dados de interesse em tempo real nas áreas com cobertura GPRS e a rastreabilidade dos equipamentos. As etapas de instalação e configuração da ferramenta em campo foram concluídas, no entanto ajustes pontuais ainda são necessários. As próximas fases de desenvolvimento contemplarão a integração da nova ferramenta com o sistema de gestão integrada da empresa (SAP).

Todo o conceito atualmente existente de tecnologia embarcada para maquinários, que atuam em operações florestais, é derivado de equipamentos conhecidos de longa data, os quais são utilizados para monitorar o funcionamento de motores, principalmente de frotas que transportam cargas e pessoas.

Florestas plantadas para produção de madeira de uso industrial, apesar de possuírem conceitos técnicos similares aos de qualquer cultura agrícola (preparo de solo, pulverizações, adubações, etc.), possuem particularidades em seu manejo, que justificam a adoção de ferramentas que auxiliem no gerenciamento eficaz de sistemas mecanizados.

Com isso, é preciso identificar as ferramentas tecnológicas que podem ser utilizadas em ritmo operacional e que melhorem a assertividade das informações. A correta interpretação das informações geradas é um fator de diferenciação competitiva. Nota-se, portanto, a importância de capacitar os profissionais envolvidos com as operações de campo, pois eles serão os usuários das ferramentas e contribuirão de forma decisiva para seu desenvolvimento e operacionalização.

O layout básico de monitoramento que todos os fornecedores de tecnologia embarcada possuem é composto por computador de bordo e receptor de GPS. A partir dessa configuração, o restante do sistema pode ser configurado de diferentes maneiras e com diferentes ferramentas da tecnologia, a exemplo:
1. Sensores para medir a profundidade do preparo de solo;
2. Sensores para quantificar os tempos operacionais;
3. Sensores e atuadores para trabalhar a taxa fixa ou variável de insumos;
4. Transmissores (Wi-fi, GPRS, Rádio e Satelital) para telemetria.

Portanto esses recursos de tecnologia necessitam ser desenvolvidos para atender às necessidades do setor, já que os produtos básicos (monitor e dispositivos de rastreamento) que oferecem boa qualidade estão prontos. Somente assim o nível de desenvolvimento tecnológico será alcançado, atendendo às aspirações de excelência no gerenciamento de sistemas mecanizados do segmento florestal.