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Hernon José Ferreira

Gerente Florestal da Eucatex

Op-CP-22

Os caminhos do nosso futuro

“A sociedade humana, desde os primórdios de sua existência, sempre teve nos produtos das florestas importantes fontes de materiais para sua sobrevivência, crescimento e desenvolvimento. No início, esses produtos eram oferecidos pelas florestas naturais, abundantes no planeta.

Com a continuada exploração desses recursos florestais, tornou-se necessário plantar e manejar florestas para suprir os produtos exigidos pelo ser humano nas quantidades e nas qualidades requeridas. Com isso, surgiram novas ciências e novas tecnologias, desenvolvidas pela sabedoria do homem e pelas suas pesquisas. Dentre essas ciências, destacam-se a silvicultura, a ecologia e a hidrologia. Todas interagem de forma absolutamente íntima e intensa” (Foelkel).

Para atender a essa demanda, o setor florestal terá que modernizar e rever as técnicas de manejo florestal, visando a uma silvicultura que atenda às especificidades de cada site, passando pelas áreas ambiental, social e econômica, todas ligadas às culturas de cada região. Nesse contexto, temos que repensar a maneira como queremos encarar o futuro da silvicultura no País.

Muitas barreiras já foram superadas, mas a dinâmica do setor, as mudanças climáticas versus pressão da sociedade por produtos mais ecoeficientes irão requerer novos estudos de impactos ambientais e a introdução da silvicultura de precisão visando ao uso, na sua plenitude, dos recursos naturais e de forma racional. O sucesso ou o fracasso das atividades estão atrelados aos vários caminhos que podemos trilhar em busca de uma atividade rentável e sustentável.

Caminhos cada vez mais curtos para um objetivo final, recomendações e controles pontuais. Esses são apenas alguns pontos que poderiam sintetizar as técnicas silviculturais para a formação de florestas atualmente. A evolução da silvicultura e, consequentemente, do padrão florestal brasileiro é, ao mesmo tempo, essencial à competitividade e assustadora do ponto de vista científico.

Nós temos disponíveis ferramentas de mensuração florestal que possibilitam prever os volumes de produção de determinada área, com baixo índice de erro. O material genético, adaptado e dotado das características desejadas, o conhecimento do solo, o histórico de pragas, as doenças florestais e as modernas técnicas existentes de preparo do solo e monitoramentos estão disponíveis e facilitam a gestão florestal. E o homem?

Aquele que realmente faz acontecer estaria preparado para essa infinidade de opções ou para as cobranças que serão feitas face a um número alcançado diferente do planejado? A especificidade e a evolução da silvicultura estão diretamente ligadas à cobrança de melhores resultados. O segredo são as pessoas trabalhando em conjunto, pois trabalhar e viver não são atividades solitárias. Novos processos indicam mudanças, e a gestão dessas mudanças implica conhecer os passos necessários para gerir o processo de execução ao longo do tempo.

Nessa linha de raciocínio, não podemos deixar de fora do elo da cadeia produtiva os produtores rurais, que estão ávidos por alternativas que lhes permitam auferir maiores dividendos em suas atividades na lida pela gestão das propriedades. Temos que inseri-los em nossos programas de parceria, levando novas tecnologias e todo o know-how utilizado amplamente pelo setor para formação de florestas de alta produtividade.

O futuro da silvicultura brasileira passa por revisão de conceitos e quebra de paradigmas. Não temos tempo a perder. Outros países estão se preparando para a expansão de sua base florestal com amplos programas de incentivos e subsídios para a atividade.

Programas de melhoramento e pesquisas em fase avançadas para o uso em escala comercial de espécies transgênicas tolerantes ao frio, pragas, doenças e resistentes ao uso de herbicidas. Nós temos vantagens comparativas, porém não o bastante para nos manter na vanguarda e nos garantir competitividade na balança comercial com outros países exportadores de produtos de base florestal.

Se quisermos ser mais eficazes, não basta apenas aumentar o volume de áreas plantadas, precisamos ser inovadores nas atividades de gestão e manejo florestal que permitam altas produtividades atreladas aos quesitos de preservação e conservação da biodiversidade.

Os caminhos para o nosso futuro passam por uma ampla revisão de conceitos e atitudes, como converter um período de fortes mudanças tecnológicas em crescimento econômico, justiça social e bem-estar individual. Acreditamos, dessa forma, garantir o futuro sustentável da nossa atividade.