Gerente de Suporte ao Mercado da Ponsse Latin America
Op-CP-27
O setor florestal apresentou uma expressiva evolução na produtividade nos processos operacionais nos últimos 30 anos, como resultado das condições edafoclimáticas favoráveis e das inovações tecnológicas em diversas fases evolutivas, como a da biotecnologia e melhoramento genético, manejo florestal, mecanização da silvicultura e da colheita, gestão de pessoas, gestão ambiental e logística.
Somos reconhecidos mundialmente pela alta produtividade e pelo menor custo de madeira posto-fábrica para espécies cultivadas. Mesmo assim, temos novos desafios, impostos pela competição mundial e pela necessidade de evolução contínua dos processos exigidos pelo mercado.
Integração de atividades e setores: A integração entre atividades de silvicultura, colheita e logística possibilita ganhos de produtividade e de redução de custos. Um bom exemplo é o cultivo mínimo na silvicultura com o preparo de solo com perfil em “V”, fertilização balanceada, alinhamento e aplicação de herbicida (pré e pós) em uma única passada de máquina equipada com vários implementos, para simplificar as operações em novos reflorestamentos e reformas, permitindo plantações em grande escala com baixo custo e altas produtividades.
Talhões com alta produtividade florestal com volumes médios acima de 0,25 m3sc/árvore (IMA > de 40 m3cc/ha.ano x 7 anos) vão possibilitar menores custos de colheita com harvester (pelo menos, 25% inferiores) que talhões com volumes médios abaixo de 0,17 m3/árvore (< 27 m3/ha.ano). Os mesmos ganhos podem ser obtidos no baldeio, com um bom planejamento do serviço e layout dos talhões, menor distância e maior concentração da madeira no baldeio.
Na produção de celulose, o descasque do eucalyptus spp com o harvester possibilita uma maior velocidade de secagem da madeira no campo e um menor percentual de casca no processo produtivo quando comparado com o tamborão industrial, possibilitando ganhos no transporte e na produção industrial.
Na produção do carvão vegetal, o descasque no campo apresenta maiores resultados, pois a casca representa 10 a 13% do volume, auxilia na formação do mulching e na reposição de nutrientes essenciais do solo.
Pelo fato de apresentar uma densidade 60 a 70% do lenho, gera cinzas (perdas) na primeira fase da carbonização e dificulta a secagem, pelo seu efeito de filtro, onerando o baldeio e o frete, além da maior presença de fósforo e sílica, que são prejudiciais na fabricação de alguns produtos siderúrgicos. Uma análise holística ou integrada possibilita ganhos no ciclo total, mesmo com aumento de custos em operações parciais.
Silvicultura: A silvicultura é determinante para um bom resultado na colheita, no transporte e na produção industrial. Um reflorestamento de má qualidade terá reflexos não só no custo de produção da madeira, mas principalmente nas operações de colheita e na produção industrial. É fundamental a utilização de alta tecnologia para produção de clones coerentes com o produto final, adaptados ao site, um manejo adequado do solo, fertilização balanceada, cultivo mínimo com qualidade mantendo o mulching e o plantio uniforme, com poucas falhas, seja mecanizado ou manual.
Colheita e Logística: A mecanização teve uma boa evolução graças ao pioneirismo de algumas empresas que tiveram a iniciativa de importar máquinas e adaptá-las à nossa realidade, desenvolvendo toda uma estrutura própria de operação, manutenção mecânica e treinamento, bem como a reposição de peças, em conjunto com os fornecedores.
Foi o caso da Riocel (atual Klabin) com forwarder, da Aracruz (atual Fibria) com harvester e forwarder, da Olinkraft (atual Klabin) com feller buncher e skidder, da Berneck com guinchos e cabos aéreos para áreas acidentadas.
Também tivemos uma fase evolutiva através de programas cooperativos, como o PC MEC, desenvolvido em conjunto por empresas florestais, universidades, institutos de pesquisa e fornecedores, com o qual obtivemos o desenvolvimento do cultivo mínimo e vários equipamentos para silvicultura, colheita e logística.
No transporte, temos a tecnologia mais recente disponível no mercado mundial, com composições com alta capacidade de transporte, alto PBTC, baixo consumo energético, baixa relação peso/potência, know-how para locação, abertura e conservação de estradas florestais com boa sustentação, equipamentos mais efetivos para transferência de cargas e um bom planejamento do fluxo de veículos, evitando paradas ociosas.
Ganhos também podem ser obtidos com o transporte fluvial, marítimo ou ferroviário e com os fretes de retorno. As inovações tecnológicas na silvicultura, na colheita e na logística proporcionaram altos ganhos de produtividade e redução de custos para empresas florestais do Brasil. Para manter a continuidade desses ganhos, há necessidade de integrar ainda mais essas atividades entre si e com outros setores internos ou externos e também prosseguir com novas inovações tecnológicas.