Gerência de Alternativas Energéticas da CEMIG
Op-CP-26
A energia é um dos principais pilares do desenvolvimento humano, sendo essencial para o atendimento de nossas necessidades. O crescimento acelerado da população mundial, associado à elevação do nível de riqueza e qualidade de vida, impõe crescente necessidade desse insumo. No entanto, tanto sua exploração quanto seu uso trazem impactos negativos, como poluição local, conflitos entre povos, desmatamento e uso indevido.
Fato recente, o fenômeno do aquecimento global torna premente a redução drástica da emissão dos gases de efeito estufa na atmosfera. Dentre as medidas relevantes para se atingir tal meta, destaca-se o aproveitamento maciço de fontes primárias de energias renováveis, como eólica, solar, hidráulica e de biomassa.
Há de se considerar que, dos recursos renováveis disponíveis, muitos são limitados em potencial e/ou disponibilidade. É o caso da energia hidráulica e da geotérmica. Como exemplo, podemos citar o praticamente esgotado aproveitamento hidroelétrico norte-americano, cuja capacidade instalada, de 100 GW, supera a do Brasil. Ainda assim, a energia gerada corresponde a menos de 3% da demanda energética americana.
No caso da biomassa, embora exista um enorme potencial de aproveitamento energético, há de se considerar restrições relativas ao uso do solo, disponibilidade de água, o conflito energia versus alimentos, a produção de sementes, o uso de fertilizantes de origem fóssil, dentre outras.
De modo a ilustrar essa limitação, tomemos como exemplo o estado de Minas Gerais: de acordo com projeções oficiais, o estado demandará o correspondente a 15% de seu território em área cultivada de bioenergia, em 2030.
No contexto da maioria dos países desenvolvidos, estes possuem densidade populacional e consumo energético per capita muito superiores. Tais fatores, associados à menor produtividade agrícola, nos sugerem que a demanda por áreas plantadas seria maior do que a própria área cultivável existente. A solução para essa questão passa pela compreensão da cadeia desses energéticos, da exploração ao uso final. Tome-se como exemplo a cadeia do etanol de cana-de-açúcar: considerando as modalidades agrícolas e industriais vigentes e o uso em automóveis com motores a combustão, tem-se uma eficiência global inferior a 10%.
Uma ruptura nessa cadeia, com a viabilização do etanol de segunda geração, aproveitamento de palha e folhas da cana e a disseminação do veículo elétrico, podemos quadruplicar esse desempenho. Em outras palavras, reduzimos a 1/4 a área de cultivo para a mesma aplicação. Portanto, o desenvolvimento de tecnologias de ruptura é fundamental para que a bioenergia cumpra seu papel frente aos desafios impostos.
Dessa forma, deve-se investir em programas de pesquisa em bioenergia com foco na melhoria da produtividade agrícola e novos aproveitamentos; novos insumos e rotas; melhoria de produtividade industrial; eficiência energética. Especificamente para o biodiesel, o foco deve ser o desenvolvimento da cadeia das oleaginosas e dos resíduos, e, para o setor de combustíveis sólidos (lenha e carvão), há de se viabilizar o aproveitamento de gases, especialmente nas carvoarias e pequenas siderúrgicas.
Há de se considerar as oportunidades de aproveitamentos não energéticos da biomassa, em substituição aos derivados de petróleo, gerando produtos de maior valor agregado, por meio das biorrefinarias. Alinhada a essas premissas, a Cemig possui um programa estruturado de pesquisa na área de bioenergia, conforme ilustrado na figura a seguir, na qual cada número corresponde a um projeto no âmbito do programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico Cemig/Aneel. Atuando de forma decisiva para a viabilidade e implantação dessas tecnologias, a Cemig dá a sua contribuição para o futuro sustentável.