A Reflore-MS, Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas, completa 20 anos de existência. A entidade nasceu praticamente na segunda fase do setor de base florestal no estado, trazendo desenvolvimento e contribuindo de forma decisiva para que o cultivo de florestas plantadas se consolidasse em Mato Grosso do Sul.
Iniciamos nossas atividades com seis empresas associadas e, hoje, contamos com 21. Dos aproximadamente 2 milhões de hectares de eucalipto plantados no Estado, cerca de 85% pertencem às empresas ligadas à Reflore-MS.
Este avanço significativo só foi possível pela chegada e atuação das empresas de celulose que aqui se instalaram — como Eldorado,
Suzano, Arauco e, futuramente, Bracell —, além dos fundos de pensão e demais empresas associadas. Foram elas que impulsionaram o crescimento e continuam sendo protagonistas no desenvolvimento econômico, social e ambiental do Estado.
Grupos de Trabalho da Reflore-MS: nossa entidade atua por meio de três grupos de trabalho estratégicos, que fortalecem a cooperação entre empresas associadas e ampliam os benefícios para toda a região, quais sejam: o grupo de prevenção e combate a incêndios, o grupo de fitossanidade e o grupo de ESG.
O setor de base florestal exerce papel fundamental no desenvolvimento do Mato Grosso do Sul. Atualmente, o estado possui entre 1,7 a 1,9 milhão de hectares plantados com eucalipto, destinados principalmente ao abastecimento das fábricas de celulose. Esse movimento trouxe transformações profundas não apenas na economia, mas também no meio ambiente e no tecido social das comunidades locais.
Recuperação Ambiental: um dos impactos mais significativos foi a recuperação de áreas degradadas. Os aproximados dois milhões de hectares de eucalipto ocupam regiões que historicamente apresentavam limitações para outras culturas, devido às condições edafoclimáticas.
O cultivo florestal se revelou a verdadeira vocação dessas terras, permitindo ganhos ambientais expressivos. O solo, antes frágil e sujeito à erosão, passou a reter melhor a água, especialmente devido ao acúmulo de serrapilheira desenvolvido durante a condução de um ciclo florestal, melhorando a condição de matéria orgânica no solo e favorecendo a infiltração de água.
Além disso, a exigência por certificações ambientais impulsionou o aumento de APPs e RLs – áreas de preservação permanente e reservas legais. Enquanto a legislação determina 20% de área preservada, as empresas associadas da Reflore-MS mantêm em média o dobro dessa proporção, chegando a 44% de área preservada.
Esse compromisso é resultado da busca pela certificação, que vai além da obrigação legal e impõe práticas responsáveis de manejo florestal, conservação da fauna e flora, monitoramento hídrico e cuidado com as comunidades vizinhas.
Impactos Sociais: os efeitos sociais também são significativos. Para cada fábrica de celulose com capacidade de 2,5 milhões de toneladas/ano, são necessários aproximadamente 6 mil trabalhadores — cerca de 4 mil na área de silvicultura e 2 mil nas operações industriais.
Esse contingente gera impacto multiplicador, considerando o sustento das famílias envolvidas e a dinamização da economia local.
Outro aspecto relevante é a crescente inserção de mulheres em todos os níveis de atividades do setor de base florestal.
Elas têm conquistado espaço em diversas funções, desde os viveiros até a engenharia, a produção florestal, a operação industrial e a gestão, impulsionadas por empresas que oferecem condições adequadas e programas de incentivo à diversidade.
Além disso, o setor tem-se consolidado como um polo de oportunidades para jovens profissionais, que encontram nele uma porta de entrada para o mercado de trabalho qualificado e em expansão.
Desenvolvimento Econômico: o impacto econômico também é notável. O exemplo de Três Lagoas ilustra de forma clara esse fenômeno. Em 2010, o município tinha cerca de 65 mil habitantes. Hoje, a população já supera 140 mil. Esse crescimento trouxe nova estrutura urbana, como: shopping center, hospital regional, expansão de instituições de ensino superior e aumento expressivo da oferta de serviços e comércio.
A chegada da indústria florestal promoveu uma verdadeira transformação na cidade: mais escolas, farmácias, supermercados, serviços de saúde, profissionais especializados e obras de infraestrutura etc. O efeito multiplicador alcança também a construção civil, impulsionada pela demanda por novas moradias e equipamentos urbanos.
Outro benefício importante é a geração de energia elétrica que as fábricas de celulose proporcionam. São autossuficientes e colocam, nas linhas de transmissão, energia para iluminar centenas de milhares de residências.
É claro que o rápido crescimento também gera desafios, como aumento na demanda por segurança, saúde e serviços públicos. Contudo, o saldo é extremamente positivo, já que a arrecadação tributária cresce, permitindo aos municípios ampliarem a oferta de infraestrutura e qualidade de vida para seus munícipes.
O setor de base florestal em Mato Grosso do Sul consolidou-se como vetor de desenvolvimento sustentável. Ao mesmo tempo em que recupera áreas degradadas e promove práticas de preservação ambiental, o segmento impulsiona a geração de empregos, movimenta as economias local e estadual e fortalece as comunidades.
Com vocação natural para a silvicultura, principalmente da costa Leste, o estado se tornou referência nacional em manejo florestal e em integração equilibrada entre produção, meio ambiente e desenvolvimento social. O futuro aponta para uma expansão ainda mais consistente, beneficiando não apenas o setor produtivo, mas toda a sociedade sul-mato-grossense.