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Ricardo Eugênio Cassamassimo

Gerente Florestal Brasil da Bayer

OpCP64

A formação do homem florestal
Mas, afinal, quem faz a floresta? Os diferentes profissionais que passam pelo processo do manejo florestal (do plantio à colheita), ou, antes disso, do planejamento das fábricas que irão consumir essa madeira até as imensas áreas de conservação de florestas naturais, todos passaram por processos de formação: cursos técnicos, de graduação, pós-graduação, treinamentos internos e por aí vai... Encontramos uma série de formatos que colocam a informação na frente desses profissionais, que vou chamar aqui de “silvicultores” ou “homem florestal”.
 
Poderíamos dizer que o papel das faculdades e escolas técnicas pelo Brasil é o mais importante, pois forma profissionais para produzir e cuidar de florestas (plantadas ou naturais), porém sabemos que esse processo vai muito além das instituições de ensino. 
 
Eu acredito que a formação do homem florestal deve ser feita pelos diferentes players do setor, unidos para um processo de aprendizado contínuo, que atualiza os envolvidos na operação florestal, ajudando a formar e aprimorar, cada vez mais, silvicultores que estão preocupados com as suas ações e que possam entender quais consequências essas ações têm para com “o todo”.

Formação do homem florestal e o processo de inovação
A necessidade, então, passa a ser formar pessoas que estejam prontas para aprender de forma contínua, em razão de inúmeros processos de inovação, cocriação, intraempreendedorismo e startups, que aceleram ainda mais a forma como ideias são geradas, testadas e compartilhadas.
 
Esses processos de inovação estão muito acelerados e já mostram resultados fantásticos, levando a melhores práticas, novos produtos, diferentes serviços e chegam ao mercado a qualquer momento e em toda cadeia florestal. 

Entendemos que as melhores soluções são aquelas que partem das dores/problemas que o silvicultor sente/tenha no seu dia a dia; para entender e vivenciar isso, precisamos estar presentes, colocar recursos e energia no lugar certo, no campo, ao lado do silvicultor.
 
Para que essa fórmula tenha sucesso, é necessário que os players desse mercado tenham um propósito alinhado, que mova a todos para o sucesso do setor florestal brasileiro. Então, podemos dizer que uma solução desenvolvida e direcionada para resolver uma dor/problema do silvicultor poderá realmente ser chamada de inovação. 
 
Mas, então, como fazemos para que essa inovação vá a campo e traga o sucesso planejado? A resposta é simples, mas demanda muito cuidado, esforço e planejamento: a formação contínua do homem florestal. Precisamos treinar, ensinar e ter certeza de que o processo esteja ocorrendo de forma sistêmica e operacional. Depois disso, precisamos monitorar, corrigir, treinar mais e mais, para garantir que o processo esteja ocorrendo nos padrões esperados.

Todo esse esforço é muito compensatório quando vivenciamos a melhora na sanidade da floresta, a redução de custos responsável e, finalmente, o aumento da produtividade florestal. 
 
Formação do homem florestal e a sustentabilidade
A consciência dos silvicultores para a sustentabilidade talvez seja a maior entre as profissões. As florestas a serem manejadas, plantadas ou naturais, para que tenham ciclos sustentáveis, precisam respeitar aspectos ambientais, sociais e econômicos. E, para encontrar esse equilíbrio, a formação do homem florestal passou por muitas mudanças e algumas resistências até chegarmos aos processos atuais. 

As certificações trouxeram o caminho para o desenvolvimento econômico e socioambiental para as empresas e para as regiões em que atuam. Além das licenças ambientais, os empreendimentos florestais entenderam que também precisavam de licenças sociais: estas, diferentes das ambientais, que se conseguem seguindo as regras da legislação com os órgãos competentes, deveriam ser conquistadas com o comprometimento, respeito e comunicação aberta com as comunidades que poderiam ser impactadas pelo manejo das florestas. 

Para atender a esses requisitos sustentáveis, a formação do homem florestal precisou (e ainda precisa) ser adequada, muitas faculdades pelo Brasil incluíram disciplinas que preparam os alunos para o desafio de produzir de forma sustentável.

Formação do homem florestal: desafios desse setor
As empresas fornecedoras de insumo são grandes players do setor florestal e estão empenhadas em levar o que há de mais moderno e mais rentável para a silvicultura brasileira. Para isso, têm investido, anualmente, milhares de dólares em pesquisas, produtos e processos de inovação, e toda essa tecnologia vai ser, no final das contas, colocada em prática pelos times de campo (trabalhadores florestais, operadores de máquina, encarregados, etc.). 
 
A formação dessa força de trabalho no campo passa a ter uma importância ainda maior, e o trabalho conjunto entre o fornecedor de insumos e a empresa florestal tem mostrado excelentes resultados – como Programas de Excelência em Pulverização – PEP, que têm, na última década, elevado o nível das operações no campo, com treinamentos direcionados para cada operação e função.
 
Outro desafio desse setor é a saída de trabalhadores que já foram capacitados e a entrada de novos, que precisam ser (turnover); para nivelar os times de campo, uma série de treinamentos foram disponibilizados em plataformas on-line e processos de monitoramento da qualidade das operações foram aprimorados em aplicativos que permitem agilidade e gestão do processo.
 
A formação do homem florestal e a pandemia da Covid-19
O distanciamento necessário para conter a propagação do vírus da Covid-19 mudou radicalmente a forma como o conhecimento tem sido propagado no mundo e no setor florestal; os grandes treinamentos em campo e as salas de aulas abriram espaço para a “formação digital”, que já existia de forma mais contida e menos popular.

Hoje, o conteúdo disponível em diversas áreas do setor é acessível para muitos trabalhadores florestais através de plataformas que foram desenvolvidas com treinamentos completos sobre produtos, serviços e excelência em aplicação, que ganharam popularidade e muitos adeptos, possibilitando que a reciclagem periódica e as inovações sejam levadas com a velocidade necessária para a força de trabalho florestal. 
 
Esse parece ser um caminho sem volta!

Por fim, gostaria de destacar o importante trabalho que o IPEF realiza, em conjunto com empresas parceiras, como a Bayer, em seu Programa de Preparação de Gestores Florestais (PPGF), para engenheiros florestais recém-formados, com o objetivo de aprofundar conceitos administrativos e financeiros, desenvolvê-los para o trabalho em equipe e capacitá-los para a realidade das empresas do setor florestal. Em 2021, será realizada a 10ª edição do PPGF, e, até então, 181 engenheiros(as) florestais se capacitaram. Acredito que esse é um dos meios para ajudar na formação dos futuros “homens da floresta”.