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Virgínia Londe de Camargos

Gerente de Meio Ambiente e Gestão Integradada da Veracel Celulose

OpCP82

Floresta em pé desempenha papel crucial na captura de carbono
Ao longo dos meus anos na Veracel, tenho visto de perto a transformação profunda pela qual a empresa vem passando para reduzir a emissão de GEE (Gases de Efeito Estufa) e ampliar o seu impacto positivo no clima. A pauta climática deixou de ser um projeto para se tornar parte do nosso modelo de negócio, da nossa cultura e das nossas decisões diárias. Hoje, quando olho para o que construímos, tenho orgulho em afirmar que estamos entre as empresas brasileiras que tratam a sustentabilidade como um compromisso real, mensurável e contínuo.
 
Mesmo operando em um setor intensivo em energia e logística, conseguimos manter emissões controladas e, ao mesmo tempo, ampliar significativamente a nossa capacidade de remoção de carbono dos plantios de eucalipto e das florestas que conservamos e restauramos. A combinação entre áreas de produção de eucalipto manejadas de forma responsável e fragmentos de Mata Atlântica é um dos pilares que sustentam o nosso balanço positivo de carbono.
 
Essa jornada é composta por diversos marcos que viemos estabelecendo ao longo dos últimos anos. Intensificamos investimentos em energia renovável e hoje contamos com usinas solares instaladas em todas as nossas unidades, contribuindo para uma matriz energética mais limpa e eficiente. Também aprimoramos nossa mobilidade corporativa, substituindo o uso de gasolina por etanol na frota leve.

Toda energia consumida em nossa fábrica é gerada a partir da queima de combustíveis de fontes renováveis. Do montante de energia gerada na fábrica, consumimos uma parte e vendemos o excedente para o Sistema Interligado Nacional (SIN) e para a Planta Química, localizada na fábrica.

A partir do projeto Veracel Solar, iniciado em 2023, realizamos a instalação de duas mil placas fotovoltaicas espalhadas por todas as nossas instalações, que garantem uma capacidade de geração de energia de 1,8 GWh por ano – valor aproximado ao consumo mensal de mais de 11.800 residências médias brasileiras. 

No transporte da celulose, desde a adoção exclusiva do modal marítimo para o transporte da celulose, a Veracel eliminou aproximadamente 380 viagens de caminhões a cada 48 horas na BR-101, numa rota de 1.080 km. Considerando o consumo médio de combustível e o fator de emissão de carbono para caminhões pesados, essa operação evitou a emissão de mais de 103 mil toneladas de CO?, o equivalente ao que seria gerado em dez anos. 

Realizamos anualmente o inventário de GEE para monitorar a nossa atividade, e os resultados do último acompanhamento impressionam positivamente. Em 2024, removemos 1.615.785,40 toneladas de CO2 eq da atmosfera, enquanto emitimos 371.948 toneladas de CO2 eq, ou seja, foi emitido apenas 23% do total que capturamos, um saldo positivo de extrema relevância para o planeta. 
 
Outro marco importante para celebrarmos é a entrada da Veracel no mercado de carbono, com o lançamento do Projeto Muçununga, uma iniciativa que vai restaurar 1.200 hectares de Mata Atlântica em nossas áreas. A expectativa é de que este projeto gere aproximadamente 500 mil créditos de carbono em 40 anos.

O caráter inovador dessa iniciativa está no fato de que os créditos de carbono gerados serão consequência de um processo de restauração de alta integridade, com diversidade de espécies e benefícios ambientais robustos. Para nós, isso é essencial. 

O carbono não é o fim; é o meio que viabiliza a ampliação da conservação e cria oportunidades para as comunidades e para o território em que atuamos.

Essa visão também está conectada a um compromisso que nos acompanha desde a criação da empresa: conservar, no mínimo, um hectare de Mata Atlântica para cada hectare de eucalipto plantado. 

Trata-se de um compromisso raro para o setor e que reforça a centralidade da restauração ecológica como estratégia da Veracel. Anualmente, avançamos em novos projetos de recomposição florestal e pesquisa aplicada, buscando modelos produtivos que conciliem conservação, geração de renda e fortalecimento das comunidades locais.

A tecnologia tem sido uma grande aliada nessa jornada. Avançamos fortemente no uso de geolocalização para monitoramento florestal e em soluções digitais que ampliam a eficiência e reduzem desperdícios. Esses sistemas permitem respostas mais rápidas a eventos climáticos extremos, melhor planejamento territorial e maior precisão em nossas operações. Também estamos investindo em inteligência artificial aplicada à otimização de estoques, consumo energético e processos fabris (iniciativas que, somadas, ajudam a reduzir nossa pegada ambiental).

Este ano, a realização da COP30, em Belém (PA), reforçou ainda mais a urgência de acelerarmos as soluções climáticas baseadas na natureza e de fortalecermos parcerias entre empresas, governos, instituições científicas e comunidades. Para nós, participar desse encontro global foi uma oportunidade de reafirmar que desenvolvimento econômico e conservação ambiental não apenas são compatíveis, como precisam caminhar juntos.
 
Na COP30, apresentamos nossas iniciativas de restauração, nossos sistemas agroflorestais desenvolvidos com comunidades da região e nossa metodologia de monitoramento da biodiversidade, construída em parceria com instituições científicas. Para mim, um ponto central dessa participação foi destacar que a transição climática justa só será possível se valorizarmos o conhecimento, as necessidades e o protagonismo das populações locais. É assim que trabalhamos na Veracel: com diálogo, transparência e compromisso com o território.

A sociedade brasileira demonstrou, ao longo da COP30, que está mais mobilizada e informada sobre as urgências climáticas. Isso nos inspira e nos obriga a ir além. Empresas que atuam diretamente com a terra, como a Veracel, têm um papel determinante na construção de soluções escaláveis, mensuráveis e de efeito permanente.

Olhando para essa trajetória, sinto confiança no caminho que estamos construindo. Diretamente do sul da Bahia, mostramos para o mundo que é possível estimular o desenvolvimento da nossa região, reduzir emissões, capturar CO2 e auxiliar na mitigação das mudanças climáticas.