Gerente de Engenharia da ArcelorMittal Florestas
Op-CP-13
O biorredutor renovável é a nova demanda dos produtores de ferro-gusa e aço, uma das atividades produtivas de maior importância para a economia e a sociedade brasileiras, engajadas em novos conceitos de eficiência e sustentabilidade. O biorredutor renovável coloca o carvão vegetal dentro do contexto moderno de uma cadeia produtiva sustentável, e uma nova visão de um produto de valor agregado ao ambiente.
Quando falamos, por exemplo, em uma alternativa real de retenção de carbono e redução das emissões dos gases de efeito estufa para a sociedade, em relação à geração de riquezas ao indivíduo, à coletividade e ao investidor independente, propicia interessante retorno, quer no elo florestal, quer no produto final e, também, ao consumidor, que tem nele um excelente produto, do ponto de vista metalúrgico e de oferta competitiva.
Obviamente, não deixemos de lado volumes expressivos que são produzidos, não de biorredutor renovável, mas do velho carvão vegetal, com base em explorações ilegais, que ainda trazem em seu bojo conseqüências nefastas ao meio ambiente e à própria cadeia produtiva do ferro-gusa, arranhando a imagem de parte importante da nossa economia e da sociedade. Com certeza, haverá uma rápida reversão à medida que novos valores forem incorporados à sociedade. Essa transformação já começou.
Basicamente, existem duas modalidades de empreendimento florestal. Primeiramente, a partir das demandas dos consumidores tradicionais, verticalizados ou independentes, e mais recentemente, através da oferta de madeira reflorestada, oriunda dos projetos de fomento em diversas escalas. Isto leva a um balanço de oferta e consumo em que os novos atores começam a participar no composto do suprimento das usinas.
Este sistema de produção e oferta de matéria-prima desloca o desequilíbrio na demanda, que maximiza preços, para um novo ajuste na oferta, propiciando equilíbrio de preços, à medida que avança a área plantada. É importante estar atento, não só às estratégias de penetração da madeira reflorestada no agronegócio, mas também a todos os fatores envolvidos na cadeia produtiva que viabilizará sua continuidade.
É importante também que estejamos atentos a determinados fatores impeditivos internos e externos, haja vista a pujante competitividade que os produtos de base florestal vêm experimentando, de forma sustentada, nas últimas décadas no Brasil. No plano internacional, pode provocar certo “incômodo” aos participantes já tradicionais ou que almejam fatias crescentes de mercado.
A madeira reflorestada também está inserida na recente discussão entre a produção de biocombustíveis e a escassez de alimentos, como “forças” antagônicas que terão que ser equilibradas, em detrimento das necessidades do ser humano pelas duas riquezas. Nota-se um avanço extraordinário no desenvolvimento de tecnologias e “produtos” energéticos de base orgânica que, certamente, terão que conviver com a base alimentar da população humana.
No tocante ao valor da matéria-prima para a produção de biorredutor renovável, voltemos aos seus dois sistemas básicos de oferta: empresas verticalizadas, com estruturas modernas e definidas de produção e abastecimento às usinas e os novos parceiros que iniciam a formação de suas florestas e as primeiras colheitas para comercialização.
O mercado ditará os preços, portanto os custos deverão estar em patamares compatíveis com a realidade de oferta e consumo. Destaque-se aqui o “colchão” que a cultura do eucalipto permite ao propiciar um ciclo de corte relativamente flexível entre 5 e 8 anos, permitindo ao produtor florestal margem de manobra em seus estoques. Processos de formação, condução e suprimento final em diferentes sistemas, levarão a custos e a margens variáveis.
Portanto, há que se gerenciar estes custos de forma integrada, pois, apesar do efeito diferenciado de cada parcela na sua formação, o produto deverá ter sua competitividade garantida. Ou seja, a formação dos custos de produção é diferenciada conforme o sistema, porém, os resultados finais devem se mostrar sob certo equilíbrio. Exemplo disto está no grau de mecanização das atividades.
Nas florestas industriais, a utilização de modernos e potentes equipamentos ocupa espaços cada vez mais significativos nos modelos operativos. Foi dedicado um esforço tecnológico de anos para atingir altos níveis de eficiência na produção. Em contrapartida, pequenas propriedades com produção florestal variável trazem outras particularidades quanto ao grau de mecanização que poderá ser viável, tais como: tamanho das glebas e volumes no tempo, dispersão geográfica, topografia, e malha viária. Novas alternativas surgirão.
Finalmente, temos que estar alinhados aos nossos modelos de produção, quer sejam próprios, quer sejam dos nossos parceiros, pois, os desafios serão comuns, tanto por pressões que venham de fatores macroeconômicos, como de outras demandas que farão os dentes da engrenagem produtiva ajustarem-se. A produção de biorredutor renovável, em nível de fazenda ou em sistema cooperativo, também aparece como forma alternativa na agregação do valor ao novo negócio. Está em nossas mãos, estrategistas e gestores das indústrias de base florestal, a equalização dos modelos e o monitoramento da cadeira produtiva que, certamente, transformarão o amanhã do setor florestal brasileiro, contribuindo para uma sociedade mais justa, mais produtiva e mais harmoniosa.