A busca por espécies florestais com maior adaptabilidade a diferentes ambientes e alta produtividade é contínua, pois é um dos fatores que promovem a redução de custos inerentes ao manejo de florestas plantadas e as tornam mais eficientes e rentáveis. Contudo, deve-se ter em mente que o potencial produtivo das florestas também é dependente de um planejamento adequado, de técnicas de silvicultura e do manejo adotado, assim como do uso das ferramentas eficientes.
No Brasil, desde os estudos de Edmundo Navarro de Andrade, no início do século XX, para selecionar espécies fornecedoras de madeira para a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, o gênero que mais se destacou foi o Eucalyptus. A partir de então, outros estudos em entomologia e melhoramento genético foram realizados permitindo que a eucaliptocultura se desenvolvesse a ponto de, hoje, ser o gênero florestal mais plantado no Brasil, com cerca de 5,7 milhões de hectares, correspondentes a 70% de toda a área de florestas plantadas no País.
Essa evolução foi contínua, contudo, a partir da década de 1960, os plantios apresentavam produtividade média de 10 m³ha-1ano, enquanto nos dias atuais possuem valores superiores aos 40 m³ha-1ano. Todo esse progresso não ocorreu por acaso, mas devido a incentivos do governo para estímulos do cultivo das culturas florestais, concomitantemente ao início dos cursos de graduação em Engenharia Florestal no País, a fundação da Embrapa Florestas, além de outros institutos de pesquisa focados no setor.
Outro grande fator impulsionador foi o domínio de alguns métodos clonais, que, a partir da década de 1970, foram adotados pelas empresas reflorestadoras que passaram a ter suas próprias equipes e seus próprios programas de melhoramento, garantindo maior homogeneidade, produtividade e eficiência na produção, práticas que, até então, não eram constantes nos plantios seminais.
Grandes avanços foram possíveis devido aos contínuos estudos da silvicultura clonal, como o desenvolvimento da biotecnologia florestal, principalmente para o eucalipto, que permitiu a criação de eucaliptos transgênicos com maior adaptabilidade e aumento na produtividade.
Entretanto, de nada adiantaria se, após longos anos de estudos e desenvolvimento de novas tecnologias, todo esse conhecimento e ferramentas criadas não fossem colocados em prática nem utilizados da maneira correta. Sabendo que toda espécie possui seu potencial máximo de expressão genética, seja ele natural, ou que tenha sofrido algum tipo de melhoramento ou modificação genética, – mesmo assim, só poderia ser atingido quando todos os fatores que podem influenciar seu desenvolvimento estejam adequados –, é imprescindível que o planejamento de uma floresta plantada seja rigoroso e considere todos os parâmetros possíveis para garantir seu sucesso.
Dentre os diversos aspectos que devemos levar em consideração estão, no entendimento da área, a busca ou confecção de mapas planialtimétricos e tipos de solo, fertilidade, relevo e histórico de uso do solo. Também não se pode deixar de se levar em consideração outros atributos como: a situação socioeconômica da região, as condições da malha viária e as documentações da propriedade.
Após o diagnóstico finalizado, deve-se buscar o melhor material genético para que o plantio seja adequado às condições, seja ela uma espécie, um híbrido ou mesmo um clone. Mesmo com todos esses parâmetros, se o manejo silvicultural e o preparo de solo não forem feitos de forma adequada, a floresta ficará ainda muito distante de expressar seu potencial máximo.
Os estudos em manejo silvicultural foram essenciais para garantir o potencial produtivo esperado desde os diversos tipos de manejo e preparo de solo intensivo, de acordo com técnicas agrícolas, passando por todos os aprendizados e adaptações do cultivo mínimo.
Isso tornou os sítios mais resilientes, possibilitando a redução da necessidade de fertilização e controle da matocompetição em razão da barreira física causada pelos resíduos deixados no campo, que trouxe maior conservação dos atributos edáficos e conservacionistas. Atualmente, a silvicultura pode contar com as tecnologias digitais que permitiram a chamada silvicultura de precisão, aumentando ainda mais a qualidade do que foi planejado, garantindo maior eficiência no manejo e agregando na produtividade.
Apesar da pouca variedade de produtos no mercado, em relação às culturas agrícolas, o uso de herbicidas permitiu aumento na eficiência operacional, e que, quando utilizados de maneira segura e correta, permitiram melhor desenvolvimento da cultura e deixaram de sofrer a competição por recursos em sua fase de maior sensibilidade no campo.
Entretanto, devem-se escolher os herbicidas, bem como as suas doses de forma correta, seguindo as bulas e o receituário agronômico, considerando ainda o tipo de solo com seus atributos físicos, químicos e biológicos, além da época de aplicação, as modalidades e os modos de aplicação. Tudo isso para garantir que o manejo das plantas daninhas seja executado da melhor forma, que a eficácia dos produtos não seja comprometida e que não ocorra perda de produtividade do plantio, seja ele causado pela matocompetição ou fitotoxicidade da cultura.
O lado negativo dos avanços tecnológicos é que os plantios clonais podem trazer maior vulnerabilidade quanto a pragas e doenças, já que a redução da variabilidade genética aumenta o risco de ataques e infestações, podendo trazer grandes riscos à produtividade, além de prejuízos econômicos. A manutenção das florestas nativas em Áreas de Preservação Permanente (APP) e o plantio em mosaico ajudam a reduzir esses riscos e garantir a produtividade florestal.
Ainda assim é necessário o monitoramento e uso de ferramentas, metodologias e amostragens adequadas, para que sejam identificados em tempo hábil, e que de forma segura e eficaz se realize o controle, seja por meio de inimigos naturais, produtos biológicos ou químicos, ou – ainda melhor – por meio do manejo integrado, evitando, assim, redução do incremento florestal de forma mais sustentável.
Além de todas as condições naturais do País, a dedicação ao desenvolvimento da silvicultura fez com que, hoje, o Brasil se tornasse o país com maior produtividade no mundo em volume por unidade de área ao ano (metros cúbicos por hectare ao ano), não só para o eucalipto, mas também para as espécies de pinheiro, assim como o menor ciclo de rotação média.