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Fernando Campos e Petri Nousiainen

Diretor e Gerente de Treinamentos da Ponsse no Brasil, respectivamente

OpCP64

Treinar se tornou imprescindível
Seja para formação, atualização, treinamento de habilidades ou para conhecimento técnico, a capacitação acompanha o profissional florestal. Ao mesmo tempo, a evolução tecnológica traz também a necessidade de se manter atualizado aos novos comandos e às novas funcionalidades das máquinas florestais, que exigem cada vez mais conhecimentos “em tecnologia".

Ao unir as duas premissas – capacitação e evolução tecnológica –, surgem os modelos de treinamentos fornecidos pelos próprios fabricantes de máquinas, envolvendo do nível operacional ao gerencial, desenvolvendo não só as habilidades técnicas, mas também análises, tomada de decisão e gestão. 
 
Instrutores, operadores, mecânicos, equipe de vendas ou de peças, aqueles que prestam suporte ao campo, todos eles devem estar em constante treinamento e atualização, na mesma velocidade em que as máquinas também recebem novos componentes e novas funcionalidades. Capacitar é importante não só para se ter sempre uma equipe capaz de desenvolver suas atividades, mas também para extrair o potencial máximo que uma máquina, ferramenta, ou software têm a oferecer.

Contudo essa evolução tecnológica acelerada traz consigo um grande desafio: a capacidade de acompanhar esses avanços quando se fala da mesma pessoa. Nossa realidade nos mostra que muitos operadores, por exemplo, realizam esses serviços nos últimos 20 ou 30 anos. Durante esse período, a transformação dos equipamentos exigiu que o profissional desenvolvesse, além da habilidade de operar, a capacidade de aprender coisas novas a todo momento. 
 
Com o advento da tão falada floresta 4.0, entendemos que a habilidade de aprender de forma contínua (life long learning) será o diferencial de cada profissional, por isso a importância e a relevância de soluções voltadas à capacitação de mão de obra. 
 
Os 3 pilares para uma colheita florestal de excelência
Para uma colheita florestal de excelência, todas as áreas devem estar integradas e com um certo nivelamento de conhecimento. Acreditamos haver três pilares fundamentais a serem capacitados para o sucesso dessa operação: operacional, técnico e gerencial. O primeiro se destina a treinamentos para os operadores de máquinas. Não só se ensina como colher, ou como manusear a máquina, mas também a tomada de decisão, a gestão do equipamento e a visão em resultados. 
 

O treinamento técnico, desenvolvido para os mecânicos, é aplicado para intervenções mecânicas corretivas e preventivas necessárias e também para aprimorar a capacidade de análise e diagnóstico de falha, visando, principalmente, ao menor tempo de manutenção e, consequentemente, à maior disponibilidade mecânica (DM).

Com operação e manutenção “afiadas”, é a vez da equipe gerencial. Líderes de campo, supervisores e gestores também devem estar atualizados a cada nova tecnologia correlacionada, pois, atualmente, muito além de cortar e processar as árvores, as máquinas geram dados e informações valiosas para planejamento, gestão e análise da operação, auxiliando na tomada de decisão. Essa equipe está focada no desenvolvimento operacional contínuo, portanto a constante atualização sobre novas ferramentas de gestão, técnicas de planejamento operacional e desenvolvimento operacional é essencial.

Formatando um treinamento
Um plano de treinamento sempre tem como foco a pessoa e a ampliação de seu conhecimento. Contudo, antes de se entrar em sala de aula com o conteúdo já definido, precisamos ter o conhecimento do ponto de partida, isto é, a real necessidade dos tópicos a serem abordados no treinamento. Com base nas avaliações, informações prévias e observações, é possível, então, identificar qual o nível de conhecimento de cada um sobre determinada ação e, assim, traçar um panorama para formatar o treinamento. Somente após a preparação do conteúdo é que o treinamento é efetivamente realizado e, logo ao final, é aplicada uma avaliação para identificação da evolução do aluno.
  

A metodologia e as ferramentas para o treinamento são elementos-chave na execução dos planos de aula. Tendo estabelecida a necessidade, o ponto de partida do treinamento, o instrutor pode, então, definir a melhor metodologia e aliar as melhores práticas e ferramentas para obter o máximo de aproveitamento e aprendizado.

Ao mesmo tempo em que as máquinas agregam cada vez mais tecnologia embarcada, os treinamentos seguem a mesma direção.  Podemos citar como exemplo os simuladores de operação e manutenção, que se utilizam de tecnologias como realidade virtual para criar uma atmosfera de aprendizado significativo. Esses elementos estão cada vez mais próximos daquilo que o operador, ou mecânico, vai encontrar no campo. E isso permite que ele consiga estabelecer mais rapidamente o raciocínio e a tomada de decisão, reduzindo a curva de aprendizagem. 

Outro ponto importante é o treinamento a ser realizado in loco, ou seja, no site de colheita, quando possível, nessa situação, faz-se necessária a solução de uma estrutura de treinamento móvel.

A cultura florestal, o principal desafio brasileiro
Com uma cultura florestal que ainda é um desafio no Brasil, as empresas do setor enfrentam uma lacuna na formação de mão de obra. Devido à ausência de colégios técnicos dedicados ao universo das árvores plantadas, as empresas tomaram para si o papel de ensinar desde o básico aos seus operadores, mecânicos e gestores. Desafio esse que deve se intensificar face ao alto nível de investimento previsto pelo setor nos próximos anos.

Mesmo nos cursos de graduação, a importância dos dados operacionais, seu tratamento e posterior análise são, muitas vezes, neglicenciados, e, para suprir a necessidade desse conhecimento, clientes e fornecedores se unem no esforço de capacitar os diferentes níveis de profissionais dedicados à operação florestal.

Se compararmos com os países do norte da Europa, onde há uma cultura forte de trabalho na floresta, o Brasil ainda precisa desenvolver alternativas de capacitação de mão de obra para a floresta plantada, sejam operadores, mecânicos, gestores, analistas... Por lá, as escolas para profissionais do setor são públicas e dão todo o embasamento para o aluno, enquanto as empresas os abastecem com os dados e as novas tecnologias.

Talvez essa seja a maior demanda no Brasil hoje. No Brasil, por carência dessa cultura florestal, as indústrias de base florestal e os fabricantes de máquinas dominam a área de treinamento profissional para a floresta. Até mesmo a primeira escola pública de operação foi criada por uma companhia que demanda por profissionais voltados ao trabalho florestal. Os serviços sociais da indústria também aderiram ao movimento e oferecem cada vez mais soluções de treinamentos para a força de trabalho. 

No cenário brasileiro, a educação corporativa se faz cada vez mais necessária e estratégica. A formação interna do profissional é o principal diferencial. Com esse hiato de formação técnica, cabe ao próprio mercado capacitar seus profissionais, e, para isso, muito mais do que habilidades de colheita, se busca a capacidade de aprender e se manter em constante aprendizagem, de acordo com a velocidade e as demandas pujantes do mercado florestal.
 
O advento dos novos investimentos na indústria de base florestal, previstos em 35,5 bilhões até 2023, segundo a Ibá – Indústria Brasileira de Árvores, mostra um futuro próximo com maior demanda por árvores plantadas. Mais uma vez, o foco será em quem está nas máquinas, nas oficinas, no campo ou no escritório: o homem e a mulher florestal. E, com isso, a oportunidade de reconhecimento e de entrar em um mercado que cresce cada vez mais.