Os desafios atuais à competitividade envolvem o uso de tecnologias e sistemas voltados ao ganho de eficiência e eficácia nos diversos segmentos do setor florestal. Sua aplicação nas operações florestais, derivada principalmente da experiência na agricultura, tem se tornado cada vez mais difundida. Na última década, a área com florestas plantadas no Brasil experimentou crescimento anual de 4,5%, passando, em 2005, de 5,2 milhões para 7,7 milhões de hectares, em 2014.
Embora significativo, esse incremento da área plantada é necessário à adoção de sistemas e de novas tecnologias para manter a sua sustentabilidade, até mesmo como forma de ampliar a produtividade florestal com redução dos custos e maior responsabilidade socioambiental. Assim, a Silvicultura de Precisão (SP), derivada da Agricultura de Precisão (AP), da qual se diferencia quanto às operações e aos objetivos, fornece importantes contribuições.
A SP é um modelo diferenciado de gestão das atividades operacionais, baseado na coleta e na análise de dados georreferenciados e no conhecimento dos múltiplos aspectos que influem na produção e na produtividade florestal. Para tanto, modifica o enfoque tradicional da silvicultura ao tratar, de forma geográfica, as distintas unidades de manejo florestal. Isso permite realizar intervenções adequadas em cada local, melhorando a eficiência do uso de recursos, os quais se traduzem em ganhos operacionais, redução de custos de produção e de impactos ambientais, além de ganhos em produtividade da floresta.
Atualmente, esse diferencial está sendo trabalhado por grandes empresas do setor, na busca por maior eficiência e eficácia operacional. As mais diferentes máquinas e equipamentos florestais já dispõem de tecnologias embarcadas ou acopladas que podem ser empregadas em diferentes etapas das atividades florestais. A SP utiliza softwares e hardwares customizados, além de novas e modernas ferramentas de tecnologia da informação (TI), considerando a variabilidade edafoclimática, aliada à vantagem da homogeneidade dos povoamentos florestais.
Algumas plataformas integradas oferecem suporte ao gerenciamento, à sistematização e ao planejamento da SP de atividades, como a de preparo do solo, plantio, manejo, colheita e integração com informações dos sistemas de gestão florestal. Essa integração permite gerenciar custos operacionais, assim como a rastreabilidade dos dados das diferentes unidades geográficas com as de uso de recursos (mudas e clones, máquinas, equipamentos e insumos), conciliando, ainda, com a qualidade ambiental.
Em se tratando de SP, o microplanejamento é a etapa fundamental para garantir o sucesso de sua utilização. Dentre as tecnologias atuais que despontam como aliadas no levantamento/coleta de dados para ganho de eficiência nas operações florestais, se destaca o uso de Veículo Aéreo Não Tripulado (Vants) como ferramenta de monitoramento e gestão. A demanda por imagens terrestres, até pouco tempo, estava condicionada à compra de serviços realizados por aviões (aerolevantamento), a qual envolvia custo elevado.
Exemplos de uso de vants incluem o controle de atividades silviculturais, aferição de operações realizadas em campo, averiguação de falhas em plantios, monitoramento de plantas invasoras e o acompanhamento multitemporal e espacial das propriedades rurais com modelagem 3D, entre outras aplicações. Ainda se destaca o caso de inventários de biomassa através do uso de ferramentas do sensoriamento remoto e a laser, Light Detection and Ranging (Lidar), que permite obter o modelo digital do terreno e grande quantidade de dados sobre a estrutura florestal nos espaços horizontal e vertical.
Em conjunto, essas imagens fornecem informações volumétricas com maior rapidez, precisão e com baixo custo. Outra tecnologia de ganho de eficiência no setor florestal é a aplicação dos Sistemas de Gestão Integrados (SGI), os quais atuam como suporte aos gestores no planejamento e no controle de atividades para proporcionar uma gestão otimizada, eficiente, rentável e competitiva.
No setor florestal, existem diversas opções de sistemas, desde os mais simples, com prescrição para desbastes e prognose de volume, até os mais complexos, para controle integrado de todas as operações florestais. Na busca por maior eficiência administrativa, as ferramentas específicas de otimização florestal podem ser associadas com o Enterprise Resource Planning (ERP), com integração entre os diversos departamentos/setores da empresa, auxiliando na automação e no gerenciamento de processos e informações únicos, contínuos e consistentes.
Em geral, os sistemas de ERP atualmente disponíveis no mercado possuem uma estrutura básica própria de cada desenvolvedor, que pode ser customizada em função das particularidades do negócio e do sistema produtivo de cada empresa. O setor florestal no Brasil se destaca no cenário mundial, assumindo o protagonismo e se mantendo como um importante player. Sua alta competitividade tem se fundamentado, sobretudo, nas condições dos sites, na tecnologia e nos procedimentos operacionais e nos ganhos com melhoramento genético alcançados nas últimas décadas.
Embora o País ocupe um papel de destaque globalmente no setor florestal, existe espaço para o aumento da eficiência e da eficácia operacional através da adoção, cada vez mais, de sistemas e tecnologias inteligentes aplicadas às operações. A coleta e o processamento de dados são atividades presentes no controle e no monitoramento nas mais diferentes etapas e operações florestais.
Tais atividades não são novas e já estão consolidadas, mas o desafio é transformar essas informações em conhecimento e inteligência aplicada ao ganho de eficiência. É fundamental que o setor florestal se desenvolva de maneira integrada, acompanhando e promovendo os avanços tecnológicos, e consiga se beneficiar a partir de suas aplicações nos vários segmentos da cadeia produtiva.