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Edmilson Bitti Loureiro

Coordenador de Proteção Florestal Corporativa da Fibria

Op-CP-46

Sistema integrado de monitoramento e proteção florestal
O clima mais quente e seco que atingiu o País nos últimos anos tem intensificado os registros de incêndios florestais e exigido das empresas ajustes na estratégia de monitoramento florestal para garantir a integridade e a produtividade dos plantios. Nesse contexto, duas estratégias podem ser adotadas. A primeira consiste na integração do sistema de monitoramento de pragas, doenças e de plantas daninhas com ações de primeiro combate aos incêndios florestais.

Por outro lado, uma segunda opção é realizar a integração de determinadas equipes dedicadas às atividades de silvicultura para atuar no combate aos incêndios florestais de grandes proporções. Esse modelo permite a substituição de equipes dedicadas a uma única atividade, por equipes especialistas e multifuncionais capazes de realizar os monitoramentos e as principais atividades da silvicultura, de forma a racionalizar o uso dos recursos.
 
Integração dos monitoramentos com o primeiro combate a incêndio: Com o desenvolvimento de equipamentos de combate aos incêndios florestais embarcados em veículos leves, tornou possível realizar o primeiro combate aos focos de incêndio, de forma mais rápida, eficiente e integrada.

O modelo de integração das atividades possibilita que equipes de monitoramento realizem os levantamentos especializados, como é o caso das formigas-cortadeiras, plantas daninhas e vistorias periódicas, com o primeiro combate aos incêndios florestais, sempre que acionada pela Central de Monitoramento de Incêndios. 
 
Assim como nos incêndios, o sucesso da estratégia da proteção no manejo de pragas ocasionais é a detecção precoce dos agentes nocivos ao desenvolvimento dos plantios. 
 
Para isso, as equipes devem estar treinadas e aptas para realizarem adequadamente os registros dos eventos, como a quantificação da intensidade e severidade dos mesmos, facilitando a tomada de decisão. Para garantir o sucesso dessa estratégia, além do conhecimento, é fundamental o comprometimento das equipes, ou seja, todos precisam estar "de olho na floresta".
 
Integração das equipes da silvicultura no combate aos incêndios florestais: O emprego de caminhões-pipa dedicados somente às atividades de prevenção aos incêndios florestais não permite a otimização dos recursos empregados na proteção, pois a ocorrência de incêndios é esporádica ou mais concentrada em determinadas regiões e épocas do ano.

Com o desenvolvimento e operacionalização de novos equipamentos de combate embarcados em veículos capazes de transportar equipes menores, é possível a integração com outras necessidades operacionais. Sendo assim, a integração desses recursos e a utilização de equipes multifuncionais capazes de atuarem não somente na prevenção e no combate aos incêndios, mas também na realização das atividades da silvicultura, vêm se destacando como uma boa opção na estratégia da proteção florestal para garantir a integridade dos plantios e de redução de custos.

Para a integração das atividades da silvicultura com o combate aos incêndios, os caminhões devem ser equipados com alta tecnologia de combate e também adaptados para transportar, com segurança, as equipes multifuncionais. As novas equipes devem ser distribuídas de forma regionalizada, com o objetivo de melhorar o tempo de resposta para o início do combate, garantindo, assim, uma maior eficiência nas ações de controle ao fogo.
 
Uso de novas tecnologias no combate e na detecção de incêndios florestais: Atualmente, a maioria das empresas utiliza-se de modelos de caminhões-pipa convencionais, os quais são direcionados exclusivamente ao combate de incêndios. Os novos modelos de caminhões, além de adaptados para transportar a equipe multifuncional, no caso da integração com as atividades silviculturais, devem ser embarcados com alta tecnologia de combate ao fogo. 
 
Por exemplo, os caminhões podem ser equipados com sistema de formação de espuma, capazes de aumentar em até 20 vezes o volume disponível para combate. Por esses sistemas, ocorre a injeção e a mistura de água e LGE (líquido gerador de espuma, retardante e supressante de chama), além de ar comprimido.

A capacidade de cada veículo com a nova tecnologia corresponde ao equivalente a cerca de 90 mil litros, ou seja, a nove caminhões-pipa por combate, garantindo a disponibilidade do recurso em cada foco, por mais tempo, sem a necessidade de novos deslocamentos para reabastecimento com água. 
 
Em determinadas regiões, por exemplo, com o uso da estratégia de integração dos monitoramentos florestais, associada à utilização de equipes multifuncionais embarcadas em veículos adaptados com a tecnologia desenvolvida, acredita-se que a redução da área queimada por foco possa ser superior a 40%.

Essa alternativa também proporciona a otimização dos recursos empregados na proteção florestal; uma vez que se tenha menos ocorrências de incêndios, essas equipes poderão atuar nas atividades de rotina da silvicultura e nos demais monitoramentos.

Na detecção dos alvos, até pouco tempo, o modelo mais utilizado pelas empresas florestais consistia no emprego das torres de observação para identificação dos focos de incêndios. Apesar dos bons resultados obtidos, esse modelo vem se modificando, e, algumas empresas passaram a avaliar, de forma piloto-operacional, o uso de câmeras de vídeo na detecção desses eventos. 
 
Essa tecnologia, empregada em larga escala no monitoramento dos centros urbanos e na vigilância patrimonial dos parques industriais, por exemplo, passou a ser uma realidade no setor florestal. As câmeras transmitem informações em tempo real para uma central de monitoramento, o que permite detectar mais rapidamente os focos de incêndio e de forma integral, ou seja, durante as 24 horas do dia.

Essa tecnologia permite ainda a manutenção de um banco de imagens com histórico das ocorrências, o que facilita a análise de toda evolução e ações durante o combate aos incêndios e/ou, posterior a esses eventos sempre que necessário.
 
 Parcerias com instituições de pesquisa e empresas especializadas:  Para que as empresas estejam sempre atualizadas em relação às estratégias de monitoramento e controle dos incêndios, é fundamental manter parcerias com instituições de pesquisa.

Nessa parceria, podem ser desenvolvidas pesquisas contemplando o aperfeiçoamento das estratégias de monitoramento e combate, além da preparação de módulos de treinamentos específicos para os brigadistas florestais. Além disso, novas tecnologias, como uso de retardantes de fogo e apoio no desenvolvimento de maquinários e equipamentos de prevenção e combate aos incêndios são ações que devem ser constantemente incentivadas.