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José Luiz da Silva Maia

Coordenador da Divisão de Meio Ambiente da Duratex

Op-CP-25

As plantações florestais, soluções para o dilema

A partir da Conferência das Nações Unidas de Estocolmo, em 1972, passou-se à compreensão de que a sobrevivência da civilização depende do equilíbrio entre desenvolvimento econômico, criação tecnológica e proteção ao meio ambiente. Na indução e articulação desse equilíbrio, estaria o respeito às pessoas.

As soluções para a sustentabilidade não estariam no radicalismo em que se opunham os fundamentalistas ecológicos e os adeptos do desenvolvimentismo soberbo. Pesquisa científica e estudos econômicos e sociais criteriosos, cujos autores alinham-se politicamente tanto na direita quanto na esquerda, conduziram a esse entendimento reiterado e amplificado na “Eco 92”.

A motivação para avaliar o avanço alcançado na proteção ambiental desde a Conferência de Estocolmo levou as Nações Unidas à realização da conferência do Rio de Janeiro, denominada “Encontro da Terra”, em junho de 1992, encerrada com cinco protocolos a cumprir: Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento; Agenda 21; Princípios para a Administração Sustentável das Florestas; Convenção da Biodiversidade e Convenção sobre Mudanças Climáticas.

Encaminham-se os preparativos da “Rio+20”, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, agendada para junho de 2012. A temática da sustentabilidade permanece atual, por prudência e responsabilidade da geração que está decidindo o seu destino e o das gerações futuras, embora correntes argumentem que não existem provas irrefutáveis dos impactos adversos das mudanças climáticas, esgotamento de recursos naturais e redução da biodiversidade.

Consolida-se a percepção de que a espécie humana será a maior prejudicada se houver um colapso ambiental. Estudos indicam que a vida no planeta pode prosseguir sua evolução sem a existência humana. Poderá haver vida na Terra sem a presença da espécie que teria sido capaz de condenar-se à extinção. Certamente não é isso o que desejamos.

Os desafios para se conseguir o desenvolvimento e a preservação do meio ambiente não são poucos. Frente ao dilema colocado, a silvicultura brasileira ganha destaque por soluções que vem implementando, encontrando alternativas para o uso racional dos recursos florestais no Brasil.

O uso dos recursos florestais, sujeito ao arbítrio da espécie humana, é questão antiga, e sua complexidade à reflexão já está na Bíblia, que, no Gênesis, revela que Deus criou um Jardim no Éden e lá colocou Adão e Eva para que vivessem a felicidade plena, em um solo de onde brotariam árvores agradáveis à vista e saborosas ao paladar.

Mas Adão e Eva não poderiam comer do fruto da árvore do bem e do mal, deveriam respeitar o que seria a primeira lei florestal da humanidade. Em caso de desobediência: a morte. A lei de crimes ambientais era drástica, mesmo assim foi descumprida.

A pena mudou, mais branda, foi a expulsão do paraíso. Um anjo teria conduzido Adão e Eva para fora do Éden; seria ele o primeiro guarda florestal, em cena conhecida em tempos recentes quando pessoas são expulsas de áreas declaradas unidades de conservação? Com o devido respeito às religiões, a liberdade neste devaneio é para mostrar como as questões sobre o uso das florestas fazem parte da história há muito tempo.

O manejo das plantações florestais no Brasil avançou, destacadamente, no sentido de alcançar a sustentabilidade, o que é reconhecido por organismos internacionais de certificação.

Para o futuro, as discussões devem partir do reconhecimento da significância de medidas como: a extensão de áreas de conservação da vegetação nativa mantidas ou em recuperação; o cultivo mínimo; a supressão do fogo como técnica de preparo do solo; as pesquisas em biodiversidade, cujos resultados vêm surpreendendo os especialistas da academia; os ganhos de produtividade alicerçados no melhoramento genético, na conservação do solo e na proteção florestal; a eficiente mecanização do corte e transporte da madeira; o zelo com a segurança no trabalho e a seguridade dos trabalhadores florestais; além de investimentos expressivos em pesquisa e formação de profissionais qualificados.

Dando exemplo, empresas florestais participam do diálogo franco com a comunidade e as organizações não governamentais. Muito está por realizar, mas as empresas que se conduzem com ética e responsabilidade sociambiental estão fazendo a lição de casa com bons resultados econômicos.