Diretor Presidente da Votorantim
Op-CP-01
A Votorantim Celulose e Papel, VCP, desenvolve um programa de parceria no plantio de florestas inédito no país, que está alicerçado em dois pilares: desenvolvimento sustentável e responsabilidade social. Lançado em novembro de 2004, o Poupança Florestal VCP, envolve cerca de 25 municípios do Extremo Sul do Rio Grande do Sul, e já criou 800 empregos diretos e cerca de 1.000 indiretos. Com 5.500 produtores cadastrados, geramos negócios da ordem de US$ 1 milhão para a indústria de máquinas e equipamentos.
A VCP quer crescer, mas de maneira sustentável. Para atingir a meta de quadruplicar a receita líquida até 2020, e ser um importante competidor mundial de celulose de eucalipto, decidimos instalar uma nova base florestal no RS. Como o cenário sócio-econômico da região exige, nosso planejamento incluiu ações para o desenvolvimento social, econômico e ambiental.
O Extremo Sul é favorecido pela existência de boas estradas e ferrovias, clima, disponibilidade de água e terras, topografia adequada e mão-de-obra qualificada. A proximidade do porto de Rio Grande, um dos maiores e mais modernos do país, é outro fator muito importante. O Poupança Florestal VCP consiste no financiamento do plantio de florestas de eucalipto em terras de produtores rurais, baseado em princípios da responsabilidade corporativa e da sustentabilidade.
O financiamento, em condições especiais, é concedido pelo Banco Real. Nós não almejamos ter auto-suficiência em madeira. Pelo contrário, desejamos ter uma dependência na produção de terceiros da ordem de 30%. Quando um produtor cadastra-se no Poupança Florestal VCP e é aprovado, ele recebe financiamento para todas as etapas da produção: material genético de última geração, assistência técnica e garantia da compra futura da madeira, a preço predeterminado e corrigido pelo mesmo índice aplicado no financiamento.
O programa fixa o homem no campo, ao viabilizar economicamente pequenas propriedades e assentamentos, e incrementa a oferta de empregos. Também educa o produtor rural para a preservação ambiental. Considero que o programa representa uma solução para os assentados do programa federal de reforma agrária que, ao tomarem posse de seus lotes, depararam-se com falta de assistência técnica e recursos.
O Sul do RS abriga mais de 200 assentamentos vinculados ao MST. São cerca de 10 mil famílias, com renda mensal média de R$ 200, em lotes de 20 hectares cada. Para a nossa empresa, os assentados são legítimos proprietários de terra e são tratados como stakeholders e potenciais associados do Poupança Florestal. Do total de produtores cadastrados, mais de 1.000 são assentados.
Em função do seu ineditismo, o case do Poupança Florestal VCP concorre ao Prêmio ECO 2005, uma realização da Câmara Americana de Comércio, Amcham, que há 22 anos incentiva e premia estratégias de cidadania e responsabilidade social nas empresas. Inscrito na categoria Participação Comunitária, o programa evita a dependência exclusiva de sua atuação, a formação de latifúndios e de maciços contínuos de eucaliptos.
Por isso, a instalação no maior número possível de municípios, formando a base florestal num raio de 200 km ao redor de Pelotas, próximo de Capão do Leão, cidade sede do viveiro de mudas que estamos construindo, que será o maior do Brasil. O contrato entre produtores rurais e a VCP tem um prazo mínimo de dois ciclos de produção do eucalipto (14 anos).
Ao contrário de outros programas rurais, não é necessário colocar a terra como garantia do negócio: nos primeiros anos, basta o aval do proprietário rural. A seguir, a madeira é a própria garantia. Também ao contrário de outras iniciativas de fomento florestal, o Poupança Florestal VCP paga adiantamentos anuais para financiar o plantio do eucalipto, cuja colheita ocorre após sete anos.
A VCP garante, em contrato, ao produtor o preço de compra da madeira. Se na época da colheita o valor de mercado estiver abaixo do acertado, valerá o preço pré-estabelecido com a mesma correção anual do financiamento. O programa gera valor para todas as partes envolvidas. No RS, a VCP mantém a sua média de 35% de área de preservação nativas – o Código Florestal exige 20%.
Para garantir que o produtor não dependa somente do eucalipto, o plantio deve ser feito em área inferior à metade da propriedade. Assim, a madeira é uma alternativa de renda para o produtor, que não precisa abandonar as culturas tradicionais e de ciclo anual, como grãos. Alguns números explicam melhor a dimensão do nosso trabalho na região. O programa de plantio abrange 15 mil ha. Plantio de mudas nativas: 500 mil/ano. Mudas de eucalipto: 25 milhões/ano.
A empresa investiu R$ 170 milhões em 2004 e deve aplicar mais R$ 160 milhões este ano e nos exercícios seguintes, para chegar a produzir 3 milhões de m3 de madeira, em 2011, e 4,2 milhões de m3, em 2012. A magnitude do projeto implicou no estabelecimento de parcerias com agentes públicos, como governos estadual e municipais, secretarias da Agricultura, Emater/RS e universidades, entre outros. A VCP chegou de vez ao Rio Grande do Sul!