Diretora Executiva da Embrapa
Op-CP-05
Desde o final da década de setenta, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa, coordena e apóia, no âmbito do Ministério da Agricultura, a pesquisa florestal nacional, mas a questão florestal nunca esteve tão integrada à agenda de pesquisa da empresa quanto atualmente, em função de circunstâncias diversas, dentre outras:
1. As demandas associadas ao cumprimento da legislação florestal (recomposição de áreas de RLs e de APPs em empreendimentos agrícolas);
2. A criação de instrumentos de fomento a atividades florestais em áreas estratégicas, como é o caso dos Distritos Florestais Sustentáveis e no Plano de Revitalização da Bacia do Rio São Francisco;
3. As oportunidades de fomento a atividades florestais para pequenos e médios produtores, inclusive em programas no âmbito da reforma agrária, multiplicando e diversificando a demanda de informações, em nível nacional;
4. As oportunidades de atividades florestais, associadas ao Plano Nacional de Agroenergia;
5. A possibilidade da criação de arranjos multi-atores, associados à atividade florestal (Arranjos Produtivos Locais, clusters, parcerias público-privadas);
6. O reconhecimento científico do papel de florestas na manutenção de processos e mecanismos ecológicos;
7. As oportunidades associadas à valoração, certificação e remuneração dos serviços ambientais, inerentes à atividade florestal;
8. A disponibilização de Zoneamentos Ecológicos-Econômicos de estados e de áreas estratégicas, em especial na Amazônia, delineando áreas passíveis de serem usadas para manejo de florestas nativas e para plantações florestais e sistemas agroflorestais, e
9. O reconhecimento do potencial de contribuição da rede de centros da Embrapa para o avanço sustentável das atividades florestais, nos diversos biomas brasileiros.
Para enfrentar o desafio das florestas plantadas na dimensão, diversidade e complexidade que o Brasil exige, e acompanhando os avanços científicos e as novas demandas com a velocidade vigente, a Embrapa não conta apenas com o Centro de Florestas localizado em Colombo, PR, que vem desempenhando, desde sua criação, em 1984, relevante papel, em especial quanto a florestas plantadas, mas também com um conjunto de centros temáticos e de centros ecorregionais, que podem contribuir com o avanço em conhecimentos, tecnologias e produtos para ampliar o desempenho das florestas plantadas e das cadeias a ela associadas, em diferentes ecossistemas e para usuários de diferentes perfis.
Dentre os centros temáticos, por exemplo, a Embrapa Solos pode contribuir em estudos de potencialidade edáfica e de zoneamentos, para atividades silviculturais; a Embrapa Informática na Agricultura, na aplicação de técnicas de modelagem e na simulação e organização de bases de dados; a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia com ações em bioinformática, biotecnologia, conservação de recurso genéticos, e controle biológico; a Embrapa Monitoramento por Satélite oferece oportunidades de desenvolvimento de sistemas de gestão territorial para atividades silviculturais; A Embrapa Meio Ambiente oferece suporte ao monitoramento e à valoração dos serviços ambientais, associados à atividade florestal; e a Embrapa Agrobiologia pode contribuir com a melhoria da ciclagem de nutrientes em plantios florestais, particularmente em estratégias de recuperação de áreas em processo de degradação.
A compatibilização do tema de florestas plantadas com a realidade múltipla encontrada no país pode ser viabilizada na Embrapa pela agenda de atuação de seus treze centros ecorregionais, seis dos quais localizados na Amazônia e os demais com mandatos voltados às regiões: Meio Norte, Semi-árido, Tabuleiros Costeiros, Pantanal, Cerrados, Clima Temperado e Oeste.
Neste âmbito, devem ser ampliados os estudos do comportamento de espécies nativas e exóticas e do desenvolvimento e validação de sistemas florestais e agroflorestais e de sua compatibilização com a demanda diversificada de segmentos interessados. Para atender ao grande desafio da Agroenergia como uma das facetas do que Ignacy Sachs chama de Civilização Moderna da Biomassa, as ações da Embrapa serão orquestradas pela recém criada Embrapa Agroenergia que, no caso de florestas plantadas, deverá atuar de forma integrada com a Embrapa Florestas e os diversos centros ecorregionais e instituições parceiras.
Os Laboratórios Remotos da Embrapa no exterior (Labex), ora instalados nos Estados Unidos e na Europa (França), também deverão ter papel relevante na interação com instituições de pesquisa de temas correlatos, como por exemplo, o Labex Estados Unidos, que tende a ampliar sua atuação em temas florestais, interagindo com o Serviço Florestal Norte Americano.
A interação das ações da Embrapa com os demais segmentos nacionais afetos à pesquisa, desenvolvimento e inovação em plantações florestais, deverá ser intensificada, via fortalecimento do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, SNPA. Esse sistema, coordenado pela Embrapa, foi constituído para que instituições públicas federais, estaduais, universidades, empresas privadas e fundações, atuem de forma cooperada na execução de pesquisas em diferentes áreas geográficas, em diversos campos do conhecimento científico associados.
Neste momento, está em processo de avaliação, visando sua revitalização, sendo um momento propício para que o segmento de plantações florestais seja dimensionado adequadamente neste arranjo institucional, incluindo a necessidade de protagonismo de instituições regionais e estaduais, considerando as oportunidades diferenciadas, que ocorrem nestas dimensões.