Professores da UF-Tocantins e Coordenador e Professor de CeMAF-Centro de Melhoramento Ambiental e Manejo do Fogo,respectivamente
Empreender no ramo de reflorestamento ou plantio de florestas requer, antes de tudo, o planejamento. Para tanto, a informação sempre será a pedra angular, e o monitoramento das áreas é o fator-chave para se alcançarem os melhores resultados. Na última década, a tecnologia tem se destacado com inovações, a fim de suprir as lacunas de informações confiáveis e rápidas, de modo que o monitoramento das florestas plantadas tem ganhado importantes aliados, permitindo que sejam definidas as melhores práticas no manejo, que abarcam desde a adoção de ações preventivas até a escolha do momento de corte.
No que tange à prevenção, a silvicultura há que sempre se suprir de ferramentas adequadas para as condições locais, cujo propósito é evitar a ocorrência de incêndios florestais, ou, caso ocorra, de informações que permitam a adoção da técnica de combate elaborada para a situação in loco.
Nesse contexto, o sensoriamento remoto, aliado aos sistemas de informações geográficas e de geoprocessamento, cuja aplicação é crescente em áreas florestais, foi a vanguarda tecnológica das mudanças estruturais quanto ao monitoramento de florestas naturais e um forte aliado no manejo de florestas plantadas. As imagens de satélite, das mais variadas características e, consequentemente, para múltiplos usos, permite, por exemplo, estimar as características dendrométricas dos povoamentos em tempo reduzido e com menor custo.
Em se tratando de prevenção a incêndios florestais, a base de informações oriunda de dados remotos, obtidos por imagens de satélites, fotografias aéreas, imagens de radar e/ou laser, facilita a obtenção de dados, dentre outros, de acúmulo de material combustível e modelagem de risco de incêndios florestais, bem como informações das propriedades físicas da área dos respectivos plantios.
Apesar dos avanços, as imagens de satélite ainda possuem certas limitações que estão sendo contornadas com o desenvolvimento de sensores, como câmeras RGB, termais, radar e laser, cada vez mais acessíveis aos diversos usuários e de forma que possam ser embarcados em aeronaves não tripuladas, tipo drones e/ou VANTs, permitindo a obtenção de informações mais confiáveis, no tempo que se necessita, repetidas vezes, e, principalmente, cada vez com menores custos.
Nesse cenário, exemplificamos o uso da tecnologia a laser, Light Detection and Ranging (LiDAR), no setor florestal, que tem sido aplicada desde meados de 1985. Até recentemente, esse sensor era grande e pesado e só podia ser embarcado em avião ou helicóptero, gerando altos custos para sua utilização. Entretanto, devido à eficiência de seu sistema, seus desenvolvedores o aprimoraram e, hoje, há versões compactas e bem mais leves, permitindo que sejam acoplados aos VANTs/drones de maneira segura, barateando custos e facilitando sua utilização.
O LiDAR pode fazer o levantamento na presença de nuvens e à noite; sua principal aplicabilidade está na possibilidade da detecção de cada árvore, bem como a obtenção da altura dela (e outros parâmetros), além de conseguir dados do estrato subarbóreo (serapilheira) da área de interesse. Sua aplicação também permite estimar parâmetros das copas das árvores e do combustível de cobertura (biomassa), que podem ser usados na criação de um modelo de previsão do comportamento do fogo.
O aparato tecnológico atualmente existente e em constante atualização tem modificado a forma de manejar os plantios florestais. A evolução dos softwares, algoritmos, computadores dotados com alta capacidade de processamento de dados, bem como a atual fase da inteligência artificial, tem facilitado a obtenção de dados, com maior rapidez, acurácia e menor custo.
Da mesma forma como se desenvolveu o LiDAR, os sensores multiespectrais, que só existiam a bordo de satélites, e hiperespectrais (a mais recente inovação da espectroscopia) também já podem ser acoplados em RPA e permitem que o usuário identifique características espectrais que não são visíveis para câmeras comuns ou para o olho humano. Além disso, eles ajudam a visualizar a distribuição espacial dos parâmetros de vegetação de uma floresta plantada, por exemplo, identificando pontos relevantes para a tomada de decisão.
Um dos propósitos mais comuns dos dados de imagem multi ou hiperespectrais é fornecer informações sobre a vegetação em um contexto agrícola, silvicultural ou natural. Essas informações, como estado de saúde, teor de clorofila e demanda de nitrogênio, teor de água, informações estruturais, etc., ficam ocultas nos dados de refletância.
Ao analisar as propriedades da vegetação, esses índices permitem a recuperação de informações específicas, como status de vitalidade, teor de clorofila, que está diretamente relacionado à demanda de nitrogênio, teor de água, matéria seca ou índice de área foliar, para agricultura e silvicultura. Essas informações são úteis para se saber os níveis de risco que podem acorrer nos plantios, desde acúmulo de material combustível (risco de incêndio), saúde das plantas, necessidade de fertilizantes ou defensivos e estresse hídrico.
Ultimamente, as empresas de base florestal vêm concentrando seus esforços na implantação de sensores em Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPAS – drones ou VANTs). De forma mais prática, a utilização de sensores RGB de alta resolução, aerotransportado por RPA, para obtenção de estimativa da vegetação, torna o sensoriamento remoto um instrumento benéfico em levantamentos de campo e com resultados precisos e acurados, demonstrando a potencialidade da fotogrametria.
Como os incêndios florestais estão sempre no topo das preocupações, a comunidade científica, o setor empresarial e a gestão pública têm se unido para conjugarem esforços a fim de promoverem tecnologias para suprir as lacunas de cada necessidade. A aplicabilidade de sensores tem inovado as estratégias de tomadas de decisão na adoção de meios preventivos, corretivos, ou ambos. Sensores, conjugados com a tecnologia de drones, podem detectar incêndios florestais em seus estágios iniciais e monitorá-los em tempo real, com alta precisão, permitindo ações de combate.
As inovações são constantes. À medida que aumentamos ou melhoramos nossa capacidade e forma de vermos e compreendermos o que está à nossa volta, também evoluem os sistemas, equipamentos, softwares, automatização de rotinas e outras infindáveis técnicas. Todo esse aparato tecnológico estará, num futuro bem próximo, alinhado e alicerçado pela inteligência artificial. Portanto prevenção, produção, desenvolvimento e planejamento continuarão de “mãos dadas”.