Gerente Geral Florestal da International Paper do Brasil
Op-CP-22
Com a chegada do novo ano, tanto nos preparamos para festejar aquilo que consolidamos de melhoria, como para estabelecer os novos desafios e as inovações necessárias ao crescimento, competitividade e sustentabilidade dos nossos negócios. E é justamente esse ambiente de transição entre festividade e passagem que nos propicia ousar em direção ao futuro, sem a temeridade de incertezas, pois vivemos um Brasil que está dando certo e que aponta para um horizonte de oportunidades àqueles que plantam as florestas e delas colhem seus produtos e serviços.
Para que as florestas plantadas continuem a ser um vetor importante do desenvolvimento nacional, é preciso que o estímulo ao empreendedorismo no setor, como as políticas de financiamento a juros competitivos, sejam mantidos e, se possível, aperfeiçoados, independente do porte do empreendimento, pois o avançar da silvicultura em municípios brasileiros reduz as taxas de desemprego, fortalece o comércio e o empreendedorismo e melhora o IDH.
Atualmente, o gargalo logístico é um dos fatores que limitam a expansão das florestas plantadas e que, consequentemente, impedem que esse modelo de progresso chegue a mais municípios no Centro-Oeste, Norte e Nordeste do País. Torna-se, portanto, necessária a continuidade e a ampliação dos investimentos nacionais em melhoria da infraestrutura rodoviária, ferroviária e portuária, a fim de que as benesses associadas ao crescimento econômico do setor possam gerar o desenvolvimento regional que almejamos.
A taxa de crescimento no setor de florestas plantadas demonstra que a economia nacional ajuda a impulsionar o setor. No entanto a formação de novas florestas e a instalação de unidades processadoras da madeira para os mais diversos fins requerem um alto aporte de capital.
A combinação do financiamento nacional e estrangeiro foi e vem sendo a chave do sucesso que experimentamos hoje em termos do desenvolvimento do setor. No Brasil, algumas empresas multinacionais sempre tiveram um papel de destaque no cultivo de florestas, e já há mais de cinquenta anos contribuem significativamente para o desenvolvimento do País.
Sendo assim, os recentes anúncios sobre restrição da compra de terras por empresas estrangeiras podem impactar diretamente os rumos de crescimento sustentado do setor, o qual, historicamente, possui um convívio harmônico, de competitividade saudável, entre empresas nacionais e multinacionais na cadeia de produtos florestais.
Apesar de as florestas plantadas ocuparem menos de 1% do território nacional, sua expansão é limitada pelo “excesso de zelo burocrático”. As exigências que são feitas à atividade de silvicultura representam um processo longo, complexo e custoso de licenciamento, na maioria dos estados, e a colheita e o transporte da madeira ainda exigem licenciamento específico.
Seria de suma importância que as florestas plantadas não fossem discriminadas pela legislação ambiental, como são hoje em relação a outras culturas agrícolas. Ainda sobre questões de ordem ambiental, há que ser dito que, de modo geral, as empresas do setor de florestas plantadas excedem os percentuais de conservação da natureza definidos pelo Código Florestal e nem por isso tornam-se menos competitivas. No entanto o cumprimento na íntegra do atual Código Florestal leva a um aproveitamento de plantio por vezes menor que 50% em propriedades de muitas regiões do País.
Sendo assim, urge a necessidade de reformulação do Código, e que este consiga equilibrar mecanismos de comando e controle com incentivos para a conservação e a restauração dos ecossistemas, assim como permita que as Áreas de Preservação Permanente – APPs, sejam consideradas no cômputo da Reserva Legal, para propriedades de qualquer tamanho, desde que não implique supressão de vegetação nativa.
Por fim, quero ressaltar a vocação deste país como produtor de florestas, mencionando que nenhum país do mundo alcança os níveis de produtividade que as florestas plantadas brasileiras possuem. Tudo isso fruto de incentivos governamentais e décadas de pesquisa e desenvolvimento, por parte de empresas, universidades e institutos de pesquisa. Podemos nos orgulhar e dizer, como brasileiros, que parte do verde de nossa bandeira não resplandece somente por natureza, mas também por muito trabalho e cooperação institucional.