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André Luis Scarin do Amaral

Gerente de Logística Florestal da Bracell-SP

OpCP76

A interface entre as florestas plantadas e a indústria de celulose
Produtos renováveis são a tendência dos próximos anos. Conhecida como economia verde, esses produtos são originados no setor de florestas plantadas e estão ganhando espaço na indústria e no dia a dia das pessoas. A madeira do eucalipto, por exemplo, é matéria-prima para produção de celulose, sendo usada na produção de diversos produtos como papéis, embalagens e outras infinidades de aplicações tais como indústria têxtil (viscose), alimentícia, farmacêutica e cosméticos.

De acordo com dados do Relatório Anual 2023 da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), em 2022, o setor de florestas plantadas no Brasil beneficiou cerca de 25 mil pessoas direta e indiretamente. Com constantes investimentos em inovação, ciência e tecnologia, a indústria de base florestal segue desenvolvendo diversas soluções sustentáveis. 

Mas para fazer isto tudo acontecer, não teria como deixar de lado a palavra “integrada”. Afinal, um dos grandes desafios deste setor é operar de forma totalmente integrada.

Em empresas onde a relação entre florestas e indústria encontra apoio da alta liderança, o resultado é o fortalecimento de ambos. Do contrário, premissas importantes acabam sendo deixadas de lado criando efeitos cíclicos negativos no negócio. 

A relação Fábrica e Floresta é uma relação de cliente e fornecedor, por isso, considero fundamental a existência de claros SLA’s (Service Level Agreement – contrato que estabelece os direitos e as obrigações entre contratado e contratante), rotina e governança na divulgação de resultados, reuniões de acompanhamento, planos de ação e correções de rota feitas de forma compartilhada e consensual. O rito, neste caso, reforça a credibilidade do trabalho.

Como toda relação cliente e fornecedor, existem momentos de alinhamento onde ambos precisam entender os limites e as necessidades entre as áreas para fazer boas escolhas para o negócio. Na Bracell, usamos muito o valor “olhar de dono” nas nossas decisões, em que assumimos a visão do negócio e, por vezes, saímos da discussão apenas do que é melhor para uma área ou outra. 

Na parte operacional, como se trata de um ambiente técnico, considero fundamentais a interface e o diálogo entre as áreas da floresta e indústria, protagonizando as discussões e acordos. Áreas como Logística, Colheita, Planejamento e Controle de Qualidade precisam estar alinhadas com áreas da indústria, como Produção de Celulose, P&D, Qualidade e Controladoria.

Trazendo um pouco da experiência que tenho vivido no setor florestal, estamos sempre buscando o melhor mix, encontrando o equilíbrio entre florestas, abastecimento, produção com a madeira que está disponível e que, apesar de manejada pelo homem, é um elemento da natureza e tem suas próprias particularidades.

Para finalizar, convido todos a pensar nesta interface entre os dois grandes negócios que são interdependentes – floresta e indústria – e com isso o grande desafio é equilibrar as necessidades do curto prazo, em produzir com alta qualidade, máxima produtividade e melhor custo, com a visão de longo prazo, pois a floresta é um ativo com esta característica.

Muitas empresas, assim como a Bracell, têm investido no conceito da floresta 4.0, caracterizada pela integração da tecnologia à rotina operacional florestal, e, desta maneira, surgem, na prática, novas formas de gerenciar, manusear e transformar o setor florestal. O propósito da economia verde está sendo aplicado cada vez mais, e essas ações ampliam a visão de sustentabilidade, gerando uma mudança de comportamento e conscientização sobre a harmonia entre floresta e indústria.

Um exemplo é o Bracell 2030, em que a companhia definiu suas metas e compromissos ambiciosos e alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Por meio das ações concretas do programa, acreditamos que estamos contribuindo com um futuro melhor para a indústria de papel e celulose no Brasil, posicionando a Bracell como uma das vozes líderes em sustentabilidade no setor.

A agenda estratégica de ESG (Environmental, Social and Governance – Ambiental, Social e Governança, em português) para 2030 inclui 14 compromissos e metas, divididos nos pilares de ações pelo clima, paisagens sustentáveis e biodiversidade, crescimento sustentável e de empoderamento das pessoas, ligado à área social. 

À medida que as ações se vão concretizando, mudam-se as estratégias, facilitando, desse modo, o caminho para o crescimento econômico em simultâneo à questão ambiental.