Presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos - PR
Op-CP-35
Plantar bem, cuidar bem, colher bem. Esse é o círculo virtuoso do bom plantio. Contudo a arte implícita nesse processo pede muito mais das organizações e das pessoas do que a competência de plantar propriamente dita. O ato de plantar impacta diretamente em todo o ciclo da vida, dada a sua dimensão. Interferir na terra boa e na floresta nativa, sem causar danos a ela, requer responsabilidade, sensibilidade e muita inteligência.
Acima de tudo, requer consciência. Somente nessa consciência é possível – antes de preparar a terra para o plantio – compreender que existe um propósito maior, que é a perenidade da natureza, do mundo e da vida.
Nessa perspectiva, é possível que todos os stakeholders da arte de plantar, replantar e colher criem as melhores condições para o florescimento sustentável, capaz de gerar riqueza, satisfação humana, beleza, prosperidade para muitos, sempre no respeito à natureza e a todo o meio ambiente.
Essa aprendizagem com um plantio e uma colheita sustentável é fundamental para a compreensão de que o mundo, urgentemente, precisa ter em relação ao cuidado das pessoas, que, essencialmente, se constituem como boa terra. Nesse entendimento, é preciso abrir mão da ilusão que separa o homem de todo aparato tecnológico, processual e de gestão que criamos até aqui.
Os grandes problemas e as grandes engenhosidades humanas não brotam da terra espontaneamente. É só pararmos para contemplar as diversas criações tecnológicas, das ciências, da arte e da filosofia, ao longo da história, e constataremos a potência que é o ser humano.
Convictos e confiantes de que todos os caminhos e as respostas estão nas pessoas – talentosas e criativas por natureza –, precisamos, então – assim como no plantio e na colheita –, criar as melhores condições para que o ser humano possa atuar em sua plenitude.
Se, para o bom plantio, contamos com diversos stakeholders – pesquisadores, empresas de máquinas agrícolas e colheitas florestais, profissionais especializados e lideranças – no desafio de deixar florescer o melhor das pessoas, também precisamos de muitas e competentes mãos.
Assim, as escolas, as universidades, as empresas, as entidades de classe, as esferas governamentais precisam abraçar juntas essa causa, não só pensando na qualificação técnica que neutralizará o grande vilão desse segmento e das organizações de modo geral, que é o apagão da mão de obra qualificada. Essa é a parte do iceberg que está mais visível. O problema é muito maior.
Essas partes interessadas e influentes precisam abraçar o desafio de preparar as pessoas para a vida, para produzir resultados responsáveis que se manifestem no médio e no longo prazo. Essa é a verdadeira educação, que as pessoas reduzem muitas vezes à formação ou à informação. E, quando as pessoas estão preparadas a contribuir com o seu melhor para transformar uma realidade, com benefício para muitos, elas se doam verdadeiramente e encontram, aqui, o seu propósito de felicidade e realização.