Me chame no WhatsApp Agora!

Adriano Thiele

Diretor Executivo de Operações e Serviços da JSL

Op-CP-27

Tecnologia a favor da sustentabilidade

O conceito de sustentabilidade vem se transformando num elemento-chave do movimento global. As indústrias precisam ser sustentáveis em toda sua cadeia de produção. A sociedade passará a exigir cada vez mais o equilíbrio entre o economicamente viável, o socialmente justo e o ecologicamente correto.

O setor de transportes, presente na cadeia de produção da maioria das indústrias, é um grande emissor de gases do efeito estufa, e as emissões desse setor continuarão a crescer. Em janeiro de 2011, o Ministério do Meio Ambiente divulgou o 1º Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários.

De acordo com esse inventário, as emissões do dióxido de carbono pelo setor de transportes poderão atingir 270 milhões de toneladas em 2020, crescimento de 60% em relação aos 170 milhões de toneladas de 2009. Enquanto em 2009 os caminhões pesados representaram 30% dessas emissões, os dados da pesquisa estimam que, em 2020, essa frota passe a representar em torno de 33%.

A renovação da frota, a gestão da manutenção e a correta condução, também conhecida como ecodireção, são fatores fundamentais para melhorar a eficiência energética do caminhão e, consequentemente, minimizar essas emissões.

Nota-se, no segmento de transporte, uma lacuna no processo de monitoramento para os gases do efeito estufa. Há medição dos gases poluentes, mas pouco gerenciamento para a redução das emissões. Mesmo em países desenvolvidos, que precisam elaborar metas para redução, isso ainda é incipiente.

O envolvimento e a atuação do poder público com o planejamento, a implantação e o acompanhamento de políticas e diretrizes voltadas à melhoria da qualidade ambiental que ajudem a atenuar as mudanças climáticas são quase inexistentes. A tecnologia vem para ajudar a melhorar esse cenário.

Desde janeiro de 2012, os caminhões fabricados no Brasil passam a atender a norma de emissões do Proconve, chamada de P7 ou Euro V, que vai resultar numa redução significativa de emissões. Esses novos motores emitem 60% menos óxido de nitrogênio (NOx) e 80% menos partículas em relação aos veículos antigos.

O ponto negativo é que essa nova tecnologia deverá resultar num aumento médio próximo de 10% no valor dos caminhões. As tecnologias vêm evoluindo há vários anos, mas poucas se tornam viáveis no sentido prático em função dos custos. Algumas, porém, podem ter sucesso se aplicadas em nichos específicos, como no setor sucroalcooleiro ou florestal.

A obrigatoriedade da tecnologia menos poluente é só um primeiro passo. A idade média da frota de caminhões no Brasil ultrapassa os 17 anos. Desses, 24% tem mais de 30 anos. Os caminhões mais antigos são muito menos eficientes e poluem muito mais. Para maximizar o efeito da tecnologia Euro V, é necessário um programa de renovação de frota de caminhões com sucateamento dos mais antigos, que são menos eficientes, menos seguros e muito mais poluentes.

Programas de renovação de frota já são realidade em outros países, como Alemanha, EUA e México. Nesses programas, a renovação é incentivada através de um subsídio para o sucateamento. Quem sucateia um caminhão antigo recebe um bônus para adquirir um novo.

Se não incentivarmos a renovação, o impacto na tecnologia Euro V será muito lento.  A frota residual pesa muito sobre as emissões. Apesar do grande avanço tecnológico mundial das últimas décadas, a eficiência energética no setor de transporte continua muito baixa.

A falta de informação sobre o desempenho, o custo e a disponibilidade de tecnologias que melhorem a eficiência energética e a falta de confiança nelas fazem com que as empresas do setor pouco as utilizem. Uma das tecnologias já difundidas é a telemetria.

É consenso que a correta operacionalização do equipamento, além de evitar o desgaste prematuro dos componentes, reduz significativamente o consumo de combustível. Computadores de bordo custam entre 1 e 2% do valor do caminhão e permitem monitorar em tempo integral todos os parâmetros pré-definidos para cada operação, como velocidade, RPM, marcha, pressão, temperatura, entre outros.

A partir desse monitoramento, é possível identificar os operadores que precisam de treinamentos específicos. Como ilustração, na JSL, o uso de telemetria em operações específicas reduziu o consumo de combustível em torno de 15% nos primeiros 90 dias de acompanhamento.  A tecnologia pode ser um grande aliado para nos ajudar a procurar o equilíbrio entre a viabilidade econômica e o ecologicamente correto.