Professores da FCA/UNESP
Op-CP-26
Uma das fontes de energia renovável mais conhecida e utilizada no mundo, desde a Antiguidade, é a madeira – biomassa de origem vegetal. Essa fonte de energia foi largamente empregada, dada a facilidade de acesso, baixo custo de aquisição, a não necessidade de beneficiamento e a não dependência de combustíveis fósseis.
Com o surgimento dos derivados de petróleo e do carvão mineral, a procura pela madeira, como suprimento energético, teve sua demanda reduzida, mas as questões ambientais, políticas e econômicas, além de fenômenos climáticos inesperados atuais, fizeram com que o uso da madeira voltasse ao cenário mundial graças a sua potencialidade de produção energética com reduzido impacto ambiental.
Em função da crescente demanda energética, surge no cenário mundial e nacional, um novo conceito, que é o Sistema Florestal de Curta Rotação para geração de energia. Esse novo sistema de produção apresenta uma relação direta com a produção de matéria-prima em quantidade e qualidade superior, obtido num intervalo de tempo reduzido e a custos inferiores, quando comparado aos sistemas silviculturais convencionais.
No Brasil, esse sistema deve ser, inicialmente, particularizado ao plantio de eucalipto, com o intuito de desenvolver o crescimento natural da planta de forma mais eficiente, sendo que a renovação do plantio e da matéria-prima se tornará fator de produção com alta produtividade por unidade de tempo.
Com isso, os fatores de inovação tecnológica, pesquisa e desenvolvimento são fundamentais para que os sistemas florestais de curta rotação produzam energia abundante, renovável e, ainda, que permitam o transporte a longas distâncias de forma sustentável, econômica e socialmente favorável.
No Brasil, os mais recentes plantios baseados no sistema florestal de curta rotação vêm apresentando produtividades elevadas, atingindo números da ordem de 120 m3/hectare (45 t/ha) em ciclos de apenas um ano. Os países líderes na utilização dessa tecnologia, com mais de 10 anos de desenvolvimento e aprimoramento, até conseguem atingir esses índices de produtividade nacional; porém, com o dobro de tempo.
Dessa forma, para produzir mais madeira, com menos recursos e menores perdas, diversas investigações científicas e práticas precisam ser conduzidas para determinar a rotação da cultura ideal de cada localidade (12, 18, 20, 24 ou 36 meses), em função do material genético desenvolvido para ciclos de curta rotação e com alta capacidade de rebrota.
Além da silvicultura, sistemas mecanizados de colheita e transporte, com colhedoras específicas para a função, são fundamentais e determinantes para garantir a viabilidade econômica dos novos sistemas florestais de curta rotação.
Existem dois sistemas de colheita bem distintos, sendo que um fornece a biomassa cortada, agrupada e picada em uma operação contínua, impedindo a separação dessas três fases, ou seja, a colheita das árvores acontece sem a colhedora parar – como na colheita de cana-de-açúcar.
Em geral, toda a operação é realizada por uma única máquina, e o material é transferido para as margens da estrada, ou para um veículo transbordo, já na forma de cavacos. O outro sistema depende da separação das fases de corte, agrupamento e trituração, que poderão ser realizados com máquinas e momentos diferentes.
O primeiro sistema, normalmente, é mais produtivo e mais simples em termos de organização; porém, tem pouca flexibilidade e pode exigir equipamentos de grande porte. O segundo sistema é mais flexível, permite uma utilização parcial de equipamentos convencionais e permite que seja planejada a trituração, aguardando que a umidade dos fustes chegue a níveis ótimos.
Há a possibilidade de deixar as plantas secarem por algumas semanas, o que passa a ser a vantagem mais interessante desse sistema, especialmente em climas úmidos. Quanto à forma organizacional, é possível individualizar quatro esquemas típicos, com níveis crescentes de complexidade.
O primeiro sistema baseia-se em uma única máquina que corta, tritura e extrai a madeira, em forma de cavaco, na linha lateral ou traseira do plantio. O segundo sistema utiliza duas máquinas: uma que corta os fustes, reúne e extrai para a linha lateral, enquanto a outra faz a trituração, podendo ser, talvez, depois de algumas semanas.
O terceiro sistema também é baseado em duas máquinas: a primeira corta os fustes e coloca em leiras, enquanto a segunda recolhe os fustes das leiras, pica e carrega o cavaco de madeira para fora talhão. Finalmente, o quarto sistema é baseado em três máquinas: uma para cortar e agrupar os fustes, a segunda para recolher os feixes e carregá-los fora do campo, e a terceira para picar.
As máquinas que realizam o corte e a trituração (sistema um) são muito potentes, com motores entre 450 a 1100 cv e, muitas vezes, são baseadas em uma máquina de colheita de forragens ou de cana-de-açúcar, autopropelidas, adaptadas ao processamento de madeira, transformando uma árvore em cavacos ou lascas, de forma contínua.
Portanto, produzir uma matéria-prima de alta qualidade, buscando o limite produtivo máximo das florestas, com retornos financeiros significativos para as empresas envolvidas no sistema, está diretamente relacionado com as novas técnicas silviculturais e com a eficiência das máquinas no campo.