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Marcelo Santos Ambrogi

Diretor de Operações Florestais da Weyerhaeuser Solutions do Brasil

Op-CP-33

Projetos de investimento florestal
A busca de alternativas de suprimento de madeira para a grande cadeia das indústrias de papel e celulose, chapas de fibras e carvão já vem ocorrendo no Brasil desde os anos de 1980. Iniciativas como projetos de extensão e de fomento florestal foram alternativas de desenvolver a cultura de plantios de árvores no meio rural, desenvolver um pulmão extra para momentos de crises ou expansões, criar uma alternativa de suprimento de madeira que fosse eficiente financeiramente e reduzir o aumento do ativo em terras.
 
Essas iniciativas serviram como uma estratégia de se criar um mercado de produtores individuais de madeira. Até então, todas as formas de desenvolvimento estavam lastreadas pela transferência de tecnologia das grandes cadeias de produção industrial. Num certo momento, as empresas abertas começaram a ser questionadas pelos analistas financeiros pelo aumento do custo caixa da madeira, em função do aumento da compra da madeira de terceiros e fomentados.
 
Houve uma interrogação em razão da visão contábil versus a visão estratégica e financeira. Muitas instituições colocaram em dúvida a eficiência do modelo de ter programas de fomento no formato que era desenvolvido e até mesmo da  eficácia da criação do mercado de madeira nas suas regiões de atuação.
 
A partir do meio da primeira década deste século, começaram a discutir e a ser criadas empresas investidoras e gestoras de ativos florestais, trazendo para o Brasil o que já era comum em países do hemisfério norte, como Estados Unidos, por exemplo.
 
Nas grandes corporações, existia a dúvida de se usar essa nova alternativa dentro de sua cadeia de abastecimento, em função da preocupação estratégica de garantia de suprimento; da pressão do mercado financeiro em função do aumento do custo caixa; da dificuldade de se criar contratos de compra e venda de madeira no longo prazo, dentre outras dúvidas.
 
Mesmo assim, alguns investidores com capital internacional se lançaram à compra de ativos e à criação de novos gestores florestais, que não são os fazendeiros e empresários florestais criados pelos programas de fomento florestal. Criava-se uma nova classe de empresas florestais.
 
No paralelo, a crise financeira ocorrida no período de 2008 a 2011 incorreu em problemas de credibilidade na relação empresas e fomentados, com uma nova revisão estratégica nas empresas e um retrocesso no ânimo do produtor florestal em relação a essa alternativa de diversificação da produção rural.
 
Houve, nos últimos anos, realmente, um grande número de empresas criadas e desenvolvidas para a realização de investimentos e para o gerenciamento florestal, e, com certeza, pela lei do mercado e da eficiência, ainda haverá uma seleção nas existentes, e haverá novos entrantes, mais preparados para o momento atual.
 
Existe também um momento da macroeconomia nacional que proíbe o investimento de capital externo em aquisição de terras de forma majoritária, o que afasta parte do capital disponível para esse tipo de investimento no Brasil e, ao mesmo tempo, uma redução das taxas básicas de remuneração no Brasil, o que força entidades gestoras de fundos de investimento a ser criativas e buscar alternativas de investimentos para os diferentes públicos que representam. Umas das alternativas são investimentos florestais.
 
Ao mesmo tempo, grandes grupos industriais do setor possuem situação de dificuldades para a realização de novos investimentos que permitam manter ou que façam crescer suas participações nos mercados em que atuam. Com isso, a necessidade de priorização na escolha do investimento pode criar uma oportunidade para que outros investidores participem do crescimento dessa indústria através de investimentos florestais.
 
Além das cadeias de produção já estruturadas, outras poderão ser criadas ou revigoradas para que o País tenha, no mercado internacional, a participação que o seu potencial florestal permite.
 
O Brasil já demonstrou sua capacidade de disputar mercados internacionais com o setor de celulose de mercado. Precisa, agora, construir a capacidade de brigar em outros grandes mercados existentes. Neste momento, existe um ambiente favorável ao desenvolvimento de projetos de investimentos florestais no País.
 
A questão é a qualidade dos projetos de investimento que são desenvolvidos e, principalmente, a capacidade técnica e gerencial alocada para eles. Bons projetos devem apresentar retornos compatíveis com a necessidade do investidor e, fundamentalmente, apresentar uma governança adequada ao tamanho que investimentos florestais possuem.  

Investimentos florestais concorrem com outros investimentos, e esses investidores, na maioria das vezes, não terão nenhuma relação com a indústria, ou seja, estão procurando retorno e não viabilizar uma nova fábrica. Projetos que visarem a multiprodutos florestais são alternativas importantes a serem desenvolvidas, principalmente em função da evolução dos custos operacionais, da possibilidade de diversificação do mercado e do aumento da rentabilidade.

O aumento dos custos operacionais no Brasil e a ocupação de novas fronteiras exigem eficiência operacional e eficácia na obtenção da produção esperada. Para isso, é fundamental experiência, tecnologia e organização. O acesso à tecnologia e à capacidade de desenvolvimento é uma alteração importante que estará ocorrendo com o aumento desse novo modelo de negócio florestal.
 
Não existirá mais a transferência integral de tecnologia, como nos programas de fomento, e/ou contratos de fornecimento de madeira. Os fazendeiros florestais, criados graças aos programas de fomento, muitos ainda existentes, naturalmente serão inseridos nas oportunidades que virão nos diversos negócios que serão criados a partir dos investimentos florestais desatrelados aos complexos industriais já existentes.
 
Gerenciamento, governança sustentável, tecnologia e eficiência operacional formarão as ferramentas necessárias para o desenvolvimento de projetos vencedores, que têm grande potencial de participar das cadeias atuais e de alavancar novas cadeias de produção de base florestal a lugares de destaque no mercado internacional.