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Luis Calvo Ramires Júnior

Presidente da Reflore - MS

Op-CP-10

Perspectivas do setor florestal sul-mato-grossense

O Mato Grosso do Sul tem buscado, através dos anos, em um grande esforço, diversificar sua base econômica. Nesse contexto, as florestas plantadas surgem como excelente opção para a economia do estado, fomentando a recuperação de áreas degradadas, garantindo a preservação do meio ambiente e de ecossistemas, como o Pantanal, além de incrementar os ganhos do pequeno e médio produtor rural – como é o caso, principalmente, dos consórcios agro-silvipastoris

Mato Grosso do Sul, sem dúvida nenhuma, consolida-se como novo pólo produtor do país. São mais de 200 mil hectares de florestas plantadas de espécies, como pínus e eucalipto. Outras, como acácia e erva-mate, também estão ganhando espaço. A área plantada cresce a um ritmo de 80 mil hectares por ano e tende a aumentar ainda mais com os projetos em estudo pelo governo do estado, como o da criação de um cinturão verde de reflorestamento na região de fronteira com o Paraguai e a Bolívia.

O cenário é absolutamente favorável para o estado e para o país. Possuímos alto conhecimento tecnológico, imensas áreas disponíveis para reflorestamento (no Mato Grosso do Sul, estimadas em 9 milhões de hectares), ocupadas por solos em algum estágio de degradação e uma cadeia produtiva cada vez mais completa. Nas décadas de 70 e 80, vivemos um grande “eldorado” florestal, alcançando a incrível marca de 500 mil hectares de florestas plantadas.

Hoje, vivemos uma nova etapa dessa história. Não só os plantios estabelecem-se, mas a indústria de base florestal promove um dos mais importantes ciclos de desenvolvimento no estado. A formação dessa cadeia produtiva começa nos fornecedores de insumos e equipamentos, passa pelos viveiros das empresas florestais, alcançando a transformação do ferro-gusa em aço e da madeira em energia térmica, nos frigoríficos e beneficiadoras de grãos.

Das toras de pínus destinadas às serrarias, aproveita-se também a resina. Florestas de eucalipto serão transformadas em celulose e papel nas fábricas, que devem começar a operar, em breve, no Mato Grosso do Sul – mais precisamente em Três Lagoas, caracterizando um dos maiores investimentos privados deste setor no mundo.

O cluster florestal consolida-se com o surgimento de entidades de classe, como a Reflore/MS, Associação Sul-mato-grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas, e, até mesmo, de novos meios de comunicação, como é o caso, por exemplo, do portal Painel Florestal (www.painelflorestal.com.br), o primeiro canal de vídeos sobre o setor do país, sediado em Campo Grande.

Atenta ao seu papel, a Reflore/MS contabiliza inúmeras conquistas em apenas dois anos de existência. A Resolução nº 017/2007, anunciada no dia 20 de setembro, pelo Governo do Estado, que dispensa a necessidade de licença ambiental para o plantio de florestas, é uma delas. O apoio à criação do Arranjo Produtivo Local da Madeira, Silvicultura e Móveis, coordenado pelo Sebrae/MS, é outra. Agora, a prioridade é a elaboração do Plano Florestal de Mato Grosso do Sul.

Sem dúvida nenhuma, o estado reúne condições extraordinárias - e únicas - para estabelecer uma política envolvendo agricultura empresarial e familiar, em um processo dinâmico de parceria sustentável, socioambiental e economicamente viável, para atender ao mercado de hoje e do futuro. O governador André Puccinelli tem mostrado comprometimento com o setor, ciente do papel que este representa para a economia.

A silvicultura é citada constantemente por ele como um dos tripés definidos como prioridade para a diversificação da matriz econômica do MS, ao lado do turismo e da indústria sucroalcooleira. Não obstante, alguns desafios precisam ser superados. Há a necessidade de importantes investimentos em infra-estrutura – principalmente na manutenção de estradas rurais; em logística, com a implementação de ferrovias, hidrovias e rodovias; bem como em qualificação da mão-de-obra, para atuar nas diversas etapas da cadeia produtiva florestal.

É necessário criar um ambiente ainda mais adequado para atrair novos investimentos e, principalmente, para consolidar os que já existem. Penso que o Mato Grosso do Sul é a bola da vez do setor florestal. Mas, é preciso estar atento para não incorrer nos erros do passado, senão essa bola da vez, mesmo na marca do pênalti, pode não alcançar o gol.