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Rogério Rangel

Diretor da Biotrop

Op-CP-77

Para uma agricultura cada vez mais sustentável
Os insumos biológicos representam a nova realidade da agricultura e vieram para ficar. O Brasil já desponta como líder nessa modalidade de manejo com milhões de hectares utilizando bioinsumos nos mais diversos cultivos e regiões. O crescimento desse mercado reforça a conscientização sobre os desafios da agricultura moderna e dos caminhos que temos para superá-los. Estes envolvem o equilíbrio entre natureza, agricultura e sociedade.
 
O desenvolvimento do mercado de bioinsumos está alicerçado em três pilares: apoio do Estado, indústria inovadora e disponibilidade dos agricultores em adotar soluções modernas e eficientes que proporcionam maior sustentabilidade na produção agrícola.
 
O apoio do poder público se comprova através da pesquisa oficial e do entendimento por parte dos órgãos que avaliam os novos insumos agrícolas de que os biológicos são seguros e eficientes, consolidando-se como uma importante ferramenta para o desenvolvimento da agricultura nacional.

1. Entomologista analisando os efeitos dos bioinseticidas
2. Ovos de percevejo observados no microscópio

A produção de biológicos no Brasil conta com a participação de empresas sérias que investem continuadamente em pesquisa e desenvolvimento e têm ofertado produtos cada vez mais completos, eficazes e que atendem à necessidade de associação com os insumos agrícolas tradicionais. 

O terceiro pilar pode ser descrito pela adoção da tecnologia de biológicos pelos produtores rurais. É impressionante a abertura que os agricultores brasileiros têm em adotar novas soluções mesmo que para isso seja necessário alterar o complexo manejo que envolve a produção agrícola. O reconhecimento de que os biológicos são soluções eficientes, sustentáveis e com preços competitivos é o motor que impulsiona o crescimento dos insumos biológicos no país. Desta forma, os biológicos se adaptaram rapidamente ao manejo nas fazendas e venceram definitivamente as dificuldades iniciais de utilização.

Insumos biológicos são usados há décadas pelos produtores de soja e feijão na forma de inoculantes, bactérias que intensificam o processo natural da fixação biológica de nitrogênio (FBN) e, associadas às plantas, captam o nitrogênio do ar e o disponibilizam para os cultivos. Essa aplicação tradicional vem crescendo com combinações de microrganismos que aumentam ainda mais a eficiência – a chamada co-inoculação – e, mais recentemente, com a utilização de inoculantes também em milho, cana, trigo, arroz e pastagem. 

A ciência que envolve os biológicos é avançada e caminha para o desenvolvimento de diferentes soluções para atender, de forma ampla, aos desafios no campo. Além dos inoculantes, o mercado já dispõe de produtos biológicos que são classificados como bioestimulantes – insumos que favorecem o desenvolvimento de raízes e estimulam o crescimento das plantas –, os biofertilizantes que proporcionam a disponibilização de nutrientes como fósforo e potássio presentes no solo, porém, em grande parte, na forma indisponível às plantas, e, por fim, os produtos biológicos para controle de insetos e doenças. 

Como exemplos da consolidação dos bioinsumos, citamos a adoção de nematicidas biológicos, que, na cultura de soja, já representam mais de 90% dos produtos utilizados no controle destes vermes de solo, e os bioinseticidas, que são responsáveis por grande parte do controle de lagartas e insetos sugadores nos principais cultivos comerciais em todo o país.

Os insumos biológicos se comprovam também sustentáveis quando avaliamos os distintos aspectos: econômico, social e ambiental.
Os bioinsumos são produzidos no Brasil e, ao contrário dos insumos químicos, os quais apresentam grande dependência de importação, não estão sujeitos à variação cambial e aos custos logísticos atrelados ao comércio internacional. A tecnologia biológica é nacional e apresenta grande potencial de ser um importante item exportador nos próximos anos. 

A evolução desse mercado vem acompanhada – porque não basta ter a tecnologia, é preciso capacitar pessoas para que entendam o manejo de biológicos. 

São cada vez mais comuns ações de reeducação voltadas aos profissionais do agronegócio, que na última década vêm se adaptando à nova forma de manejo, após muitos anos de uso de insumos químicos. Com as novas ferramentas, multiplica-se o número de propriedades rurais que trazem para a sua rotina produtos que contribuem com a natureza e saúde ocupacional de seus funcionários, diminuindo a exposição a produtos tóxicos.

1. Técnicos avaliando a eficiência de produtos biológicos 
2. Os bioinsumos favorece a presença de insetos benéficos

Do ponto de vista da sustentabilidade ambiental, pesquisas mostram que solos com maior diversidade de micro-organismos são menos suscetíveis à ação de patógenos. Logo, são mais saudáveis e, por consequência, mais produtivos. A ação de produtos biológicos tem potencial de contribuir para o aumento dos níveis de matéria orgânica com o passar do tempo, fixando carbono e favorecendo o equilíbrio do solo. Estamos falando de uma nova forma de enxergar a produção agrícola, na qual os biológicos entram para solucionar problemas que os produtos químicos já não podem controlar de forma eficiente. E com mais vantagens: menor uso dos recursos naturais, manutenção sustentável do solo e segurança para quem planta e para quem consome.
 
Quando combinados, esses efeitos se desdobram para que a agricultura atinja novos patamares de produtividade e, o mais importante, aumentam a saúde do solo, o ativo de maior valor do produtor rural. O uso de biológicos na agricultura ainda contribui para o equilíbrio de sistemas agrícolas e promove a preservação de insetos importantes para a atividade – por exemplo, os inimigos naturais das pragas e as abelhas, responsáveis pela polinização.

Todos esses benefícios chegam com bom custo-benefício ao bolso do agricultor, pois são produtos brasileiros que contribuem diretamente para a nossa economia, no campo e no mercado. O Brasil é um país de destaque na produção e utilização de bioinsumos, mercado que cresceu de forma acelerada nos últimos anos e atingiu R$ 7 bilhões em 2023. Algumas empresas desse segmento têm-se destacado pela expansão para outros países, com o compromisso de exportar os produtos nacionais e fixar a imagem do país como modelo no desenvolvimento e na adoção de bioinsumos.
    
No mercado florestal, existem iniciativas em andamento com a utilização de bioinsumos aplicados no solo durante a instalação de novas florestas e avaliações para controle de diversas pragas e doenças. A utilização é ainda baixa, mas tem potencial de rápido desenvolvimento nos próximos anos.

Os bioinsumos vieram para ficar, porque seus benefícios se estendem para além do campo e trazem impacto positivo e duradouro. A crescente busca por uma atividade agrícola mais sustentável e livre de substâncias químicas ganha força em todo o mundo, impulsionando os diversos elos da cadeia da produção. Contribui, portanto, para o contínuo crescimento do setor e atrai novos usuários a cada dia. 

Essa nova tecnologia ainda tem muito potencial a ser explorado e promete seguir revolucionando o agronegócio numa busca constante por uma agricultura cada vez mais sustentável e regenerativa.