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Danilo Simões

Professor de Economia Florestal da Unesp-Itapeva

Op-CP-47

Os detalhes de uma colheita
Nos últimos 30 anos, a colheita florestal no Brasil passou por considerável transformação, sobretudo a colheita mecanizada, a qual culminou na substituição de maquinário agrícola por máquinas e equipamentos fabricados especificamente para o setor florestal, o que assegurou maiores capacidades produtivas, empregados principalmente por empresas de grande porte. 
 
Destarte, com a consolidação da mecanização e, por conseguinte, com a inovação tecnológica, tornou-se imprescindível às empresas do setor florestal, propiciar qualificação profissional aos seus colaboradores, para capacitá-los a maximizar os resultados organizacionais. Para alcançar tal objetivo, houve a necessidade da adoção de instrumentos que permitiram a efetividade organizacional que, ao serem aplicados, contribuíram para o equilíbrio emocional dos colaboradores e para o aumento da potencialidade desses recursos humanos, determinantes para o planejamento operacional e estratégico das empresas florestais. 
 
Assim, a aplicação de conceitos como eficiência e produtividade das operações é de suma importância para a avaliação do grau de excelência das operações de colheita florestal. A eficiência indica como os fatores produtivos estão sendo empregados; analogamente, a produtividade operacional constitui a essência da eficiência, portanto, como premissa, faz-se necessário o estabelecimento do macroplanejamento e do microplanejamento florestal. 
 
O macroplanejamento florestal elaborado pelo gerente de operações florestais contemplará informações acerca de áreas a serem cortadas, rotas de transporte, investimentos financeiros a serem realizados, entre outros, enquanto o microplanejamento florestal preparado de forma paulatina pelo supervisor florestal visa obter, com acurácia, informações pontuais sobre os reflorestamentos comerciais a serem cortados e principalmente sobre o modal de colheita a ser empregado. 
 
O modal de colheita demanda da estruturação de algumas vertentes, dentre as quais se destacam produtividade das máquinas e implementos florestais, custos e ergonomia. Essa abordagem vem sendo desenvolvida junto às empresas florestais com o objetivo de incorporar um planejamento orientado a maximizar a produtividade operacional, minimizar o custo horário do maquinário florestal e, consequentemente, do custo da colheita florestal, o qual impacta fortemente o custo final do produto e, por último, mas não menos importante, a ergonomia no posto de trabalho, a qual vem alcançando uma visão de primordial importância por parte das empresas e das universidades, por consentir o entendimento das interações entre os seres humanos e os fatores produtivos.
 
Desse modo, tornaram-se indispensáveis modais com sistema de posicionamento global, com vistas a disponibilizarem aos gestores informações em tempo real sobre localização, frequência do uso, consumo de combustível, monitoramento da fadiga dos operadores, dentre outros fatores, que possam subsidiar o processo de tomada de decisão gerencial. 
 
O gerenciamento dessas informações são conquistas potencializadas na última década que vêm sendo adotadas frequentemente pelas empresas de base florestal, por propiciar o aumento da eficiência, com base em informações mais fidedignas, como a compreensão dos movimentos realizados durante as operações de colheita. Esses movimentos, se realizados de forma demasiada e desnecessária, influenciam, respectivamente, a qualidade do trabalho dos operadores e, principalmente, a produtividade das operações. 
 
Nesse sentido, outra contribuição tecnológica para as operações de colheita florestal são os simuladores de realidade virtual, que permitem capacitar os operadores em diferentes situações de trabalho, de forma a minimizar os tempos com os movimentos que compõem as operações. Esses movimentos, normalmente, ocorrem de forma planejada para cada modal de colheita, o qual diferencia-se em função da especificidade do produto final, como celulose, painel particulado ou biomassa florestal.  

Ademais, forneceu subsídios para a eliminação de um atraso tecnológico por parte dos operadores, ou seja, possibilitou a atualização e a formação de novos operadores, afora permitir a redução de danos mecânicos das máquinas e fisiológicos às árvores causados por operações inadequadas, a redução de impactos causados ao meio ambiente, a verificação de particularidades do maquinário, dentre demais benefícios.

Outro aspecto relevante que vem sendo incorporado é a atribuição de risco às operações de colheita florestal, pois tanto o macroplanejamento quanto o microplanejamento florestal são submetidos a eventos, cujos tempos e dimensões não podem ser previstos. Essas operações estão sujeitas a contratempos relacionados à declividade do terreno, clima, arranjo produtivo, finalidade da madeira, nível de treinamento dos operadores, entre outros, e, portanto, possuem incertezas intrínsecas.

Essas incertezas exercem um impacto importante sobre os ativos de uma empresa florestal, sobretudo aos modais de colheita, em decorrência da representatividade dos investimentos financeiros realizados, que são determinantes na operacionalização da empresa como um todo. Nesse contexto, a aplicação do conceito de risco permite, a partir de dados determinísticos ou históricos, a realização de simulações estocásticas, ou seja, procedimentos que geram números pseudoaleatórios que proporcionam condições para mensurar e identificar os riscos técnicos e econômico-financeiros envolvidos nas operações florestais.

Com a adoção desse procedimento, torna-se possível a obtenção de distribuições probabilísticas, isto é, possibilita descrever o comportamento das variáveis de interesse, como os tempos dos movimentos envolvidos nas operações, cronogramas da colheita, produtividade operacional, custo horário do maquinário e de colheita florestal, dos métodos quantitativos de análise de investimentos financeiros, dentre outros. Logo, é uma condição de caráter essencial e determinante para a escolha das melhores opções disponíveis para a aquisição da matéria-prima, a madeira.