Gerente de Recursos Naturais da Suzano
Op-CP-01
O desenvolvimento do setor florestal brasileiro, como um segmento da economia, teve um início bastante curioso. No começo do século passado, um agrônomo, chamado Navarro de Andrade, trouxe as primeiras espécies de eucalipto para o Brasil. O objetivo principal deste pesquisador era formar plantios comerciais de florestas, destinados à produção de madeira, que seria utilizada como combustível (lenha) e dormentes em ferrovias.
Uma conseqüência importante dessa iniciativa foi a preservação das matas nativas e a utilização das madeiras de lei para fins mais nobres, como mobiliário, acabamentos na construção civil, entre outros. Um dos segmentos que mais se beneficiou com a introdução do eucalipto no Brasil foi o de papel e celulose. Após vários anos de pesquisa e desenvolvimento, o Brasil tornou-se o 7° maior produtor mundial de polpa, com uma produção em torno de oito milhões de toneladas por ano, e o 11° maior produtor mundial de papel, com cerca de sete milhões de toneladas por ano.
O setor florestal brasileiro é reconhecido internacionalmente pela “expertise” que desenvolveu no cultivo de florestas plantadas e no manejo de florestas nativas. Atualmente, as maiores empresas brasileiras do setor de papel e celulose realizam investimentos diretos em pesquisa superiores a US$ 10 milhões por ano. Uma outra forma de investimento são os programas de desenvolvimento de tecnologia, realizados conjuntamente com Centros de Pesquisa e Universidades no Brasil e no exterior.
Além de incentivar e fomentar a especialização do próprio corpo técnico de pesquisa. O alto grau de desenvolvimento tecnológico das florestas plantadas no Brasil é traduzido em vantagem competitiva no mercado internacional. Nas últimas três décadas, foram registrados expressivos ganhos em produtividade, melhoria na qualidade da madeira produzida, e incrementos na quantidade de tonelada de celulose produzida por hectare.
Entre as técnicas utilizadas para obter ganhos de produtividade estão práticas silviculturais adequadas e específicas para cada tipo de solo e condições climáticas, monitoramento nutricional do solo e dos plantios, manutenção da base genética, desenvolvimento de material genético adaptado às condições regionais, através das modernas técnicas de melhoramento genético e controle de pragas e doenças.
A tecnologia também está presente no cotidiano das atividades florestais. Modernas técnicas e equipamentos de geoproces-samento são utilizados na elaboração de mapas, no monitoramento de incêndios e no armazenamento e tratamento do cadastro florestal, que contém informações referentes ao status da floresta. Além de outros softwares que auxiliam no planejamento do estoque florestal, no abastecimento de unidades fabris e na tomada de decisões.
Todos esses avanços, conquistados durante os 100 anos de experiência na condução e manejo de florestas, são utilizados com muita eficiência na gestão florestal. O desenvolvimento do setor florestal brasileiro também é responsável por expandir fronteiras, gerar renda e divisas. Atualmente, de norte a sul do Brasil podem ser encontrados grandes, médios e pequenos produtores florestais, com vários destinos para o produto MADEIRA.
O programa fomento florestal, estimulado e patrocinado por empresas do setor de papel e celulose, é um dos grandes instrumentos para a formação de plantios florestais comerciais, fixação do homem no campo, além de alternativa de geração de renda para pequenos produtores rurais. A parceria com as empresas garante a compra da produção, estimula a formação de mercados regionais de madeira e garante parte do abastecimento das unidades fabris.
Uma das grandes preocupações dos produtores de madeira é o compromisso com a preservação das riquezas e reservas naturais. As certificações florestais são instrumentos criados para garantir que as práticas adotadas na formação e exploração de plantios comerciais não agridem, poluem ou destroem o meio ambiente. Os requisitos para obtenção das certificações florestais são o compromisso com o meio ambiente, a igualdade social e a viabilidade econômica dos procedimentos.
Entre as práticas de manejo, que devem ser adotadas para a obtenção das certificações, estão a garantia de produtividade em longo prazo, a proteção da qualidade das nascentes, a contribuição para a biodiversidade da fauna e da flora e a promoção da utilização da madeira e da adoção de práticas de manejo sustentáveis.
Além de proteger o meio ambiente, selos e certificações ambientais funcionam como passaporte em alguns mercados internacionais. A tendência do comércio internacional de produtos à base de madeira é priorizar e valorizar produtos recomendadospor selos e certificações. O desenvolvimento econômico e a perspectiva de aumento de consumo de alguns mercados mundiais, como a China, abrem boas perspectivas para exportação de produtos florestais brasileiros. O Brasil tem capacidade e tecnologia para expandir sua atuação e ser um grande player internacional no setor de papel e celulose.