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Caio Antonio Carbonari

Professor de Plantas Daninhas da Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP-Botucatu

Op-CP-46

Métodos de controle de plantas daninhas em eucalipto
O manejo de plantas daninhas na cultura do eucalipto assume um papel de destaque dentre os tratos culturais, sendo uma das atividades mais caras e com grande impacto na produtividade florestal. Essa análise do custo do manejo de plantas daninhas é bastante complexa e envolve planejamento de curto, médio e longo prazo, e a ausência desse planejamento certamente implica maiores dificuldades e, consequentemente, o aumento do custo para evitar a interferência das plantas daninhas. A competitividade da cultura do eucalipto é baixa, devido ao seu desenvolvimento inicial ser bastante lento quando comparado ao desenvolvimento das plantas daninhas, o que aumenta a suscetibilidade da cultura à interferência das mesmas.
 
A complexidade do sistema de produção do eucalipto torna o manejo de plantas daninhas também bastante complexo, com necessidades específicas para cada fase da cultura. Existem várias possibilidades quanto ao emprego de diferentes métodos de controle e às modalidades de aplicação de herbicidas para o eucalipto nas fases de dessecação da área para plantio, implantação e manutenção da cultura. Devido à grande dificuldade e aos custos envolvidos, o manejo integrado de plantas daninhas, visando combinar diferentes técnicas de controle, ganha ainda mais relevância.
 
Manejo Integrado de plantas daninhas:
Para que um programa de controle de plantas daninhas seja eficiente e economicamente viável, devem ser considerados todos os requisitos do manejo integrado, a começar por um bom planejamento das ações, com antecedência, e levando em consideração o histórico de ocorrência de plantas daninhas da área.

Deve fazer uso de todos os métodos de controle que podem ser integrados, o que traz benefícios do ponto de vista de eficácia de controle (maior espectro) e reduz a dependência de apenas um deles e o risco de adaptação das plantas daninhas. Além de um bom planejamento, é fundamental também a avaliação e o relato dos resultados obtidos, o que permite que as tomadas de decisões para os novos ciclos de plantio sejam sempre fundamentadas em informações e conhecimento.
 
O manejo integrado consiste em adotar e integrar os vários métodos de controle, de maneira segura para a cultura e para o ambiente, com o objetivo de manter as populações-alvo abaixo do nível de dano econômico. No caso de plantas daninhas, o nível de dano econômico normalmente está associado à quantidade de biomassa acumulada por unidade de área e não ao número de indivíduos.
 
Primeiramente, deve ser pensada a combinação de diferentes práticas de controle, com níveis de eficácia individual-ente maximizados, reduzindo a dependência em relação a cada uma delas e evitando (ou retardando), inclusive, a seleção de biótipos resistentes. Vale destacar que, dentre as principais características das plantas daninhas, uma das mais marcantes é a capacidade de se adaptar e de se resistir aos métodos de controle, não apenas aos herbicidas, mas a qualquer prática de controle que seja desenvolvida e utilizada, o que acaba sendo dificultado com a alternância de práticas no manejo dessas plantas. 
 
Práticas preventivas:
Eliminar completamente a ocorrência das plantas daninhas é praticamente impossível, no entanto existem medidas que permitem minimizar a ocorrência das mesmas. Dessa forma, dentro do plano de manejo das plantas daninhas em áreas florestais, é imprescindível a adoção de práticas preventivas, as quais consistem em métodos que impedem ou minimizam a introdução, o estabelecimento e a disseminação das diferentes plantas daninhas, principalmente das espécies mais difíceis de serem controladas, como aquelas com propagação vegetativa (rizomas, estolões ou tubérculos) e/ou biótipos resistentes a herbicidas. 
 
Práticas como a limpeza de máquinas e implementos, manejo de plantas daninhas em carreadores e entrelinhas e durante o período entre o corte das árvores e o novo plantio, a fim de evitar a produção e a disseminação dos propágulos, são relativamente simples, tem baixo custo e apresentam grande eficácia em minimizar o banco de sementes no solo e, consequentemente, reduzir a ocorrência das plantas daninhas e, assim, reduzir o custo de manejo a médio e a longo prazo em uma determinada área.
 
Controle cultural e cobertura morta:
Outro fator que não pode ser negligenciado é que o principal método de controle em áreas agrícolas ou florestais é sempre a própria cultura e, dessa forma, todas as medidas que favoreçam o crescimento e desenvolvimento da floresta, como a escolha adequada do material genético em função das características edafoclimáticas do local de plantio, qualidade das mudas, preparo de solo, disponibilidade hídrica, adubação, controle de pragas, entre outros, irá favorecer também o controle das plantas daninhas, permitindo um sombreamento mais rápido e efetivo do solo e reduzindo drasticamente a ocorrência de quase todas as espécies de plantas daninhas. 
 
A cobertura morta também assume papel de destaque no controle de plantas daninhas em áreas de eucalipto pela grande quantidade desse recurso disponível, principalmente em áreas de reforma. A cobertura morta tem grande eficácia de controle de determinadas espécies de plantas daninhas, no entanto, para ser efetiva, é fundamental ela ter uniformidade de distribuição na área.
 
Controle químico:
Os herbicidas apresentam elevada importância dentro do plano de manejo de plantas daninhas, sendo estes indispensáveis na grande maioria das áreas (principalmente em grandes extensões de áreas plantadas). A escolha do herbicida e a sua correta recomendação devem ser realizadas levando em consideração as plantas daninhas presentes na área, o nível de seletividade para a espécie florestal plantada e a dinâmica do herbicida no ambiente. 
 
Como as culturas florestais apresentam longo período de interferência das plantas daninhas, é desejável que os herbicidas apresentem também um longo período de residual no solo, o que minimiza o número de aplicações e, em geral, o custo de controle.

Especialmente para herbicidas aplicados em pré-emergência, a dinâmica deles no solo e a compreensão de todos os processos que determinam a sua movimentação (principalmente sorção e lixiviação) e degradação são fundamentais para a correta recomendação, nas doses e época mais apropriadas para cada um. 
 
São poucos os herbicidas com efeito residual registrados para a cultura do eucalipto, e eles apresentam características bastante diversificadas quanto ao espectro de controle de plantas daninhas, à seletividade e ao comportamento no solo e na serrapilheira.

A correta escolha do herbicida e da dose deve ser realizada levando-se em consideração as características de cada herbicida, o tipo de solo (e teor de matéria orgânica), a época de aplicação (disponibilidade hídrica e risco de lixiviação), a modalidade de aplicação (pré-plantio, pós-plantio, manutenção de entrelinha, aplicação conjunta com glyphosate, dentre outras). Todos os herbicidas têm características favoráveis e desfavoráveis, sendo, assim, fundamental explorarmos as melhores condições de uso de cada um deles. 
 
A seletividade de um herbicida para o eucalipto também é um fator muito importante a ser considerado no controle químico de plantas daninhas. Eliminar as plantas daninhas sem oferecer risco à cultura é sempre um desafio. Vários fatores têm impacto sobre a seletividade de herbicidas, como a dose aplicada, a dinâmica na serrapilheira e no solo, a sensibilidade dos diferentes clones de eucalipto a cada um dos herbicidas, dentre outros. 
 
O próprio manejo integrado das plantas daninhas é indispensável para minimizar a dependência e dar maior sustentabilidade ao controle químico das plantas daninhas em áreas florestais, principalmente pela baixa diversidade de herbicidas e pelos mecanismos de ação de herbicidas em eucalipto.

O conhecimento mais aprofundado da dinâmica de herbicidas na planta e no solo, espectro de controle e aspectos relacionados à seletividade de herbicidas, contribui para uma recomendação mais correta, acertada e segura do ponto de vista silvicultural e ambiental. 
 
O conhecimento e os avanços nas técnicas de aplicação de herbicidas em áreas florestais também devem ser perfeitamente ajustado para o sucesso do controle químico das plantas daninhas.