Professor de Manejo Florestal da UF de Santa Maria
Op-CP-03
Um grande avanço no manejo de florestas foi dado com a implementação da idéia da sustentabilidade formulada no início do século XVI, pelo florestal Hans Carl Von Carlowitz, na qual afirmava que: As florestas deveriam fornecer produtos madeireiros e não-madeireiros às gerações atuais e às futuras, em igual quantidade e qualidade às hoje disponíveis.
Esta idéia, incorporado o uso múltiplo, é utilizada na Engenharia Florestal como um princípio norteador da ética no manejo de florestas naturais e artificiais. No setor florestal, quer seja na utilização de florestas homogêneas com Acacia, Pinus, Eucalyptus ou outra, a sustentabilidade, como princípio de perpetuidade, deve considerar os aspectos básicos fundamentados: da oferta regular de madeira; da manutenção contínua dos efeitos de proteção ambiental (água, ar, solo, etc.) e do bem-estar da população; da estabilidade dos empregos e dos benefícios sociais; dos rendimentos regulares e da liquidez; do aumento da segurança; da estabilidade da organização a longo prazo.
Por isto, o setor florestal necessita de políticas públicas eficazes, consistentes e permanentes, quer sejam de natureza econômica ou social, mas, principalmente, a concernente à legislação ambiental. Isto se tornou uma questão imperiosa na área florestal, porque a manutenção de um empreendimento de forma sustentada exige a continuidade do domínio sobre capital terra, pois este se constitui no espaço físico necessário para a produção da matéria-prima a ser destinada para transformação industrial ou abastecimento do mercado.
É inconcebível, nos dias atuais, se admitir que determinados setores da sociedade possam exercer pressão, gerando instabilidade, animosidade e inibição de novos investimentos no setor de base florestal, que indiscutivelmente necessita de políticas públicas claras e estáveis, quanto à inibição de invasões e desapropriações de áreas florestais, devido à natureza do investimento, cuja maturação econômica ocorre a longo prazo.
Por isto que a atividade do manejo sustentado deve ser encarada como um princípio básico em todo investimento florestal e, fundamentalmente, entendido pelos governantes como sendo a única forma de manutenção da sociedade. Isto porque, o manejo de uma floresta em regime sustentado depende, não somente de condições naturais, mas também econômicas, porque a sustentabilidade natural e a econômica são condições complementares para a continuidade do empreendimento florestal.
Sem sustentabilidade natural, como a manutenção da qualidade ambiental, não existe continuidade econômica, e, por outro lado, sem a condição econômica, não podem ser ofertados, continuamente, produtos madeiráveis e não-madeiráveis. A produção de matéria-prima para abastecimento das indústrias produtoras de celulose e chapas, a partir de espécies exóticas, constitui-se numa atividade de fácil concepção técnica, pois o manejo consiste em conduzir os povoamentos em densidade completa, até atingirem a idade de corte final.
Porém, quando se deseja produzir sortimentos de madeira com maiores dimensões, com maior valor agregado, deve-se conduzir os povoamentos com intervenções silviculturais, que vão sendo aplicadas ao longo do tempo, o que exige técnicas específicas, que visam a maximização da produção física e econômica da floresta. Esta estratégia de produção requer a aplicação de desbaste e desrama em intensidades e épocas variadas, segundo a capacidade do sítio, vigor e estágio de desenvolvimento da floresta, objetivando a produção de árvores de dimensões e qualidade apropriadas.
Deve-se, entretanto, planejar e executar o desbaste e a desrama de forma criteriosa, observando a capacidade do sítio e o estágio de desenvolvimento da floresta. Desbaste realizado tendo unicamente a idade como diretriz e com intensidade inadequada, conduz, invariavelmente, à redução da produção volumétrica, podendo diminuir a rentabilidade e até comprometer a estabilidade econômica do empreendimento.
Invariavelmente, nos últimos anos, houve um aumento de produtividade dos povoamentos florestais, promovido pelo melhoramento genético dos gêneros Eucalytpus e Pinus, direcio-nados à produção de matéria-prima com características tecnológicas específicas para celulose, deixando ainda uma lacuna muito grande quando se pensa em madeira para serraria, laminação ou faqueamento, produtos que possuem no mercado maior valor agregado.
Estes ganhos de produção, advindos do melhoramento genético, não têm sido acompanhados pela execução de manejo correto, voltado à maximização da produção física ou econômica, o que tem trazido aos povoamentos perdas de volume superiores aos obtidos no melhoramento. Isso tem sido comprovado pelas pesquisas em povoamentos monoclonais de Eucalyptus, com ganhos de produção superiores a 15%, em comparação ao povoamento que deu origem ao clone, quando manejados em sistema de talhadia simples.
Porém, este mesmo material, quando manejado em sistema de alto fuste, com desbastes aplicados em épocas e pesos inadequados, levam a perdas de produção superiores a 30%. Devido a isto, o manejo florestal deverá ser implementado, principalmente na adoção de tecnologias de gerenciamento da produção, com o objetivo de maximização física e econômica da produção.
Por fim, acredita-se que o sucesso de investimentos florestais passa pela escolha adequada de uma espécie com elevado potencial genético, adequado à propriedade e ao objetivo de produção, boa tecnologia de implantação e adoção de técnica de manejo específica para obtenção de matéria-prima de qualidade, que seja competitiva e de elevada liquidez no mercado consumidor.