Diretor Florestal da Satipel
Op-CP-13
As florestas plantadas, notadamente pinus e eucalipto, que representam um dos mais importantes setores da agricultura brasileira, já somam cerca de 5,5 milhões de hectares no país. A madeira oriunda desses plantios destina-se à produção de celulose e papel, painéis de madeira, carvão vegetal, energia industrial, produtos sólidos de madeira, móveis, entre outros.
A cadeia produtiva, que tem por base as florestas plantadas, gera cerca de 4,1 milhões de empregos e é responsável por, aproximadamente, 4,5% do PIB. Apesar desses números expressivos, a participação brasileira no mercado mundial ainda é modesta e o setor, já em franca expansão, carece de crescimento superior àquele que se verifica atualmente.
Em um momento em que a sociedade experimenta um considerável espanto com a velocidade com a qual tudo está mudando, desde a vida familiar, até os meios de trabalho, os negócios hoje têm que lidar com uma economia global e o desaparecimento de fronteiras, revolução tecnológica, ativo intercâmbio de informações e conseqüente exposição global, sinais de crescentes danos ecológicos e profunda demanda pela mitigação de impactos sociais.
É impossível expandir a participação nacional no mercado mundial de produtos florestais sem garantir o tripé da sustentabilidade: viabilidade econômica, desenvolvimento social e conservação ambiental. Neste cenário, é essencial que o conceito de novas tecnologias para colheita e transporte florestal seja implementado, considerando bases de pesquisa e planejamento florestal, integração entre silvicultura e colheita, bem como identificação e criação de diferenciais competitivos, relacionados à profissionalização da mão-de-obra, disponibilidade operacional dos equipamentos, aspectos sociais intrínsecos e mitigação de impactos ambientais.
Nos últimos 40 anos, os projetos de pesquisa e planejamento florestal têm promovido ganhos recorrentes em produtividade de nossas florestas plantadas. As bases de sustentação dos programas de pesquisa têm deixado de se balizar em resultados volumétricos, incorporando uma abordagem muito mais complexa e processual, embasada em forte conceituação ecológica, contendo a verdadeira noção de sustentabilidade.
Porém, ainda é incipiente a análise de delineamentos de plantio, que além de maximizar a produção de madeira, ofereça oportunidades de potencialização da produtividade dos equipamentos de colheita. O objetivo é oferecer alternativas que favoreçam mobilidade, agilidade, menor consumo de combustível, menor desgaste de componentes, pneus e material rodante, entre outros. Temos floresta de alta produção que colocam o setor florestal brasileiro como benchmarking mundial em produtividade de colheita de madeira.
Os principais fornecedores mundiais de equipamentos florestais estão presentes no país e têm contribuído, sobremaneira, com a evolução e especialização dos equipamentos de colheita florestal. Entretanto, há uma clara constatação de que é necessário iniciar o desenvolvimento de processos de customização dos equipamentos, não somente ao padrão de nossas florestas plantadas, mas, principalmente, às condições de clima, solo, topografia e perfil profissional da mão-de-obra.
Tem se verificado grandes oportunidades de alavancagem da produtividade dos sistemas de colheita, redução de custos, melhoria das condições de segurança e saúde ocupacional, além da mitigação de impactos ambientais a partir de adequações dos equipamentos às condições edafoclimáticas e topográficas reinantes nas florestas plantadas.
Neste processo de inovação tecnológica aplicada à colheita de madeira, devem-se destacar os processos inerentes à manutenção mecânica e aos sistemas de informação aplicados ao acompanhamento e controle da disponibilidade operacional dos equipamentos. Neste contexto, é premente que os equipamentos ofereçam diferenciais que favoreçam ações de manutenção preditiva e preventiva, bem como sistemas que facilitem a criação de bancos de dados e agilizem a análise das informações, transformando-as em conhecimento para tomada de decisão.
Talvez, o maior desafio para a efetivação de novas tecnologias para a colheita e transporte de madeira no Brasil esteja na carência de profissionais qualificados e no processo de profissionalização da mão-de-obra. Comparativamente a países como Finlândia e Suécia, nossos programas de capacitação ainda não são reconhecidos como fundamentais e, como conseqüência, ainda não oferecem a qualificação requerida para o máximo aproveitamento do status tecnológico dos equipamentos de colheita florestal e sua relação com aspectos de produtividade e custos.
A profissionalização dos operadores é parte básica dos processos de desenvolvimento de novas tecnologias. Os operadores constituem-se na principal fonte identificadora de melhorias e inovações. O processo de desenvolvimento de tecnologias para a colheita e transporte de madeira não pode se concentrar no equipamento. É fundamental que o pacote de desenvolvimento tecnológico contemple todas as interfaces aplicadas ao manejo e à silvicultura, formação de base de dados e gestão da informação, processos de manutenção mecânica e profissionalização, principalmente de mecânicos e operadores.