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Marcelo Santos Ambrogi

Diretor da IMA Gestão e Análise Florestal

OpCP45

Gestão estratégica de custos e investimentos florestais
As mais importantes decisões do negócio florestal devem ser feitas antes de iniciar o projeto: de qual mercado vou participar, o que vou produzir, como vou produzir, onde devo me localizar para ser eficiente, investimentos, custos (incluindo o do capital) e retorno esperado. O preço do produto a ser vendido é quase sempre uma definição dada pelo mercado.

Na experiência de alguns anos gerenciando, realizando consultoria, prestando serviços, treinamentos e avalições de negócios florestais, identifiquei que muitas empresas, investidores e produtores rurais não têm um processo em que os controles dos custos e do investimento possui o que chamo de um direcionamento estratégico.
 
O investidor florestal, seja lá qual o tamanho que tenha, está em um negócio em que o preço de venda é a variável na qual se tem menor possibilidade de afetar na gestão diária do seu negócio e por isso, a gestão estratégica de três variáveis é fundamental para obter resultados superiores em seus negócios. São eles: os controles dos custos, dos investimentos e da produção florestal.
 
É muito comum alguns investidores florestais considerarem o inventário florestal como uma despesa de pouca agregação de valor.  Muito pelo contrário. O inventário florestal de boa qualidade e sequencial é a informação mais importante para o gerenciamento florestal. Ele simplesmente informa o estoque do que está sendo produzido e define o valor que está sendo agregado ao negócio por todos os investimentos, despesas, tecnologia e decisões realizadas.
 
A produção de madeira divide todos custos e investimentos. Divide todos os erros e acertos realizados em operações, decisões e também possibilita avaliar os impactos de itens de pouco gerenciamento, como alterações climáticas de grande intensidade. 
 
O inventário também possibilita saber o que irá multiplicar a receita esperada para o negócio, ou seja, o resultado do investimento.
Estrategicamente, o inventário é informação fundamental para definir a idade econômica de colheita. Muitos investidores imaginam que o uso de ferramentas baseadas em pesquisa operacional, como otimização de planos de suprimento, é coisa para empresa grande e, sem ela, definem as áreas a serem colhidas em função da idade. É um erro. O plantio florestal deve ser colhido quando estará gerando o melhor retorno sobre o investimento.
 
A experiência que tive em implantação de ferramentas de otimização em empresas gerenciadas ou recém-adquiridas revela que elas afetaram positivamente entre 8 e 15% o resultado do fluxo de caixa de 20 anos, quando comparado pelo modelo de gestão que estava em funcionamento.
 
Decisões de reforma e rebrota são, em muitos locais, feitas em função do índice falha e orçamento simplesmente. Reforma e rebrota são uma análise alternativa de investimento e devem utilizar conceitos de análise de projetos. Essa mesma análise deveria ser feita, para danos por vento, incêndio e outras formas de perdas. Todas essas situações têm mais de uma alternativa de decisão e, portanto, trata-se de uma análise de projeto de investimento. 
 
Sempre haverá restrição orçamentária, mas decidir a melhor forma de usar o dinheiro disponível é ainda mais fundamental. A gestão mensal de custos geralmente é realizada comparando o previsto e o realizado e identificando fatores impactantes do local, clima e equipamentos e pessoas. Parte do olhar do retrovisor e tentar buscar explicações. 
 
Gerenciar custos e investimentos estrategicamente é focar no resultado do negócio, é buscar melhoria e correções no processo de planejamento, de programação, de execução e de controle. Trata-se de aplicar ferramentas de análise e de solução de problemas, de análise de projetos e de análise de investimentos, de forma operacional e não nos períodos de orçamento ou quando um problema ocorre. 
 
Um bom resultado pode esconder problemas e oportunidades que podem ser replicadas. O mal resultado também. O uso de ferramentas de controles apenas para controlar é perder 70% do investimento em ferramentas e do tempo das pessoas envolvidas. Controles são fundamentais também para aprender e para melhorar. E o melhor, as informações estão disponíveis sem custo adicional. Gerenciar custos e investimentos de forma estratégica não é ter sistemas de informações, bons controles, relatórios detalhados e reuniões. Não é ter silvicultura de precisão, uso de drones ou equipamentos autônomos. Todos esses itens fazem parte da tecnologia aplicada, mas todos sempre irão apresentar problemas e oportunidades. 
 
Gerenciar custos e investimentos é:
• Planejar bem de forma estratégica, tática e operacional;
• Entender os desvios e redirecioná-los;
• Entender e monitorar os fatores geradores de custos;
• Aplicar conceitos e ferramentas de pesquisa operacional, análise e solução de problemas, análise de projetos e investimento, dentro do modelo gerencial;
• Conhecer as relações cliente e fornecedor internos;
• Antecipar e impedir problemas;
• Alterar, substituir ou eliminar o que não agrega resultado;
• Analisar estrategicamente todos os dias;
• Criar a cultura da análise, da proposição e da implantação de mudanças;
• Manter a equipe bem treinada e focada nos objetivos estratégicos da empresa.
 
As pessoas envolvidas devem ser treinadas para entender, de forma operacional e estratégica, os custos e os impactos de suas decisões e dos processos rotineiros. Identificar e desenvolver oportunidades de melhoria são ações que devem ser incentivadas, e processos devem ser coordenados por líderes da empresa ou por terceiros, de forma a desenvolver uma rotina e, na sua repetição, transformar em uma cultura da empresa.

Gerenciar estrategicamente os custos e os investimentos é a forma de maior impacto na obtenção de resultados superiores no negócio florestal e deve ser levado a sério. Quanto mais estreitas as margens do negócio, mais se faz necessário ser eficiente em custos e em investimentos e eficaz na produção florestal. 
 
Quem acha que a atividade florestal pode apresentar resultado com baixo nível de gerenciamento está no negócio errado. Vai sempre depender de ótimos preços, que, na maioria das vezes, não existirão.
 
A construção de uma cultura na qual o processo de decisão, adequado ao tamanho do negócio, mas baseado em dados e em análise e que esteja lastreado pelo conceito de altos índices de eficiência e eficácia e na redução de decisões sem fundamentação técnica, econômica e estratégica, define o que chamo de gestão estratégica de custos e de investimentos e que traz resultados superiores para o negócio florestal.
 
Olhar para o mercado antes de entrar no negócio é fundamental. Gerenciar de forma adequada o negócio implantado é básico e crítico para o sucesso.