Diretor Executivo Florestal da Suzano
Op-CP-25
O dilema entre desenvolvimento e preservação não é novo em nossa sociedade. Ele se intensificou a partir dos anos 60 e 70, quando os possíveis impactos do consumo desenfreado dos recursos naturais e suas consequências para as futuras gerações ficaram mais evidentes.
Surgiram, então, os defensores do modelo em vigor, cuja principal bandeira é a de que países desenvolvidos, principalmente na Europa, já passaram por ciclos de crescimento que comprometeram de forma substancial seus recursos naturais, como as florestas, portanto não podem cobrar o contrário dos países em desenvolvimento.
Em contrapartida, alguns setores da sociedade, principalmente os ambientalistas, chamam a atenção para a necessidade de se preservarem nossos recursos naturais e os biomas do planeta, caso contrário poderíamos afetar de forma irreversível o equilíbrio da Terra.
A novidade nesse cenário, e que vem ganhando força da década de 90 para cá, é o surgimento de uma terceira via, que acredita na coexistência de desenvolvimento “e” preservação. Os defensores do chamado desenvolvimento sustentável, também conhecido como sustentabilidade, acreditam que é possível promover o desenvolvimento respeitando o meio ambiente e ampliando a qualidade de vida das pessoas.
Desenvolvimento sustentável pode ser definido como “aquele que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. Essa máxima faz parte do documento “Nosso Futuro Comum” (Our Common Future), também conhecido como Relatório Brundtland, publicado em 1987, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Quando olhamos para a realidade brasileira à luz do conceito do desenvolvimento sustentável, percebemos que temos um importante desafio pela frente: manter nossa taxa de crescimento e nossa competitividade, aliando inovação, tecnologia, preservação ambiental e inclusão social.
As empresas de celulose e papel têm buscado incorporar esse desafio ao seu negócio, aliando desenvolvimento e preservação. Segundo a Bracelpa - Associação Brasileira de Celulose e Papel, o setor contribui para a proteção de 2,9 milhões de hectares, o que equivale a 2,9 milhões de campos de futebol de vegetação nativa (florestas, campos naturais, banhados ou várzeas), com destaque para a Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do Brasil.
Ao mesmo tempo, gera desenvolvimento e inclusão empregando 115 mil pessoas diretamente e outras 575 mil indiretas. No caso específico da Suzano Papel e Celulose, a preocupação de conciliar preservação e desenvolvimento está presente em nossa visão, que é “estar entre as maiores e mais rentáveis empresas de base florestal do mundo e ser reconhecida pelas práticas de respeito às pessoas e ao meio ambiente”.
Internamente, é o que chamamos de ser “Forte e Gentil”, ou seja, focar em nossos resultados e atingir nossas metas, mas aliando tudo isso às práticas de sustentabilidade, outra forma de traduzir o desafio de aliar desenvolvimento e preservação.
Os exemplos na Suzano, nesse sentido, são muitos, abrangendo pequenas e grandes ações. Entre as menores, mas não menos importantes, podemos citar o programa Formas da Natureza, executado em parceria com o Diálogo Florestal do Extremo Sul da Bahia, que reúne empresas de base florestal e ONGs.
Nele, capacitamos grupos de artesãos da região, tornando-os autossuficientes na gestão de seus negócios e consolidando o uso do eucalipto em substituição à madeira nativa na confecção do artesanato. Assim, promovemos a inclusão social e também o respeito ao meio ambiente, oferecendo uma alternativa aos artesãos e valorizando a cultura local.
Em um nível mais macro, que envolve nossas operações, temos o Programa de Parceria Florestal, em que produtores rurais das regiões onde atuamos são convidados a cultivar eucalipto em suas terras para ajudar a abastecer nossas fábricas, em conjunto com seus cultivos já tradicionais.
Aqui, além de assistência técnica para o plantio, também disseminamos entre os produtores a preocupação ambiental, ajudando-os a se adequar aos requisitos da legislação. Na Bahia, temos, inclusive, trabalhado junto a eles para implantar certificações internacionais de manejo responsável. A preocupação com o desenvolvimento sustentável abrange também outras etapas de nossas operações, tanto florestais como industriais.
Nesse percurso, muitas vezes pontuado por desafios, aprendemos que a sustentabilidade não é um estado de ser, mas sim um caminho a ser seguido, e, especialmente, saber e praticar a arte de ouvir todos os atores e comunidades de convivência em nossas áreas de atuação florestal e industrial. Uma forma de fazer negócios que concilia o desenvolvimento e a preservação, ser forte e gentil.