Me chame no WhatsApp Agora!

Sebastião Galanti

Gerente de Fomento da Companhia Suzano

Op-CP-04

Fomento florestal: uma parceria de sucesso

São muitas as modalidades de fomento praticadas no Brasil, com particularidades específicas, mas que muito têm contribuído para expansão da eucaliptocultura, além dos limites dos grandes maciços florestais privados. É uma forma inteligente de parceria, principalmente para as empresas de base florestal, que sofrem severas críticas por demandarem grandes extensões de terra para produção de madeira.

O fomento traz benefícios para ambas as partes, inclui o produtor na cadeia produtiva da empresa, e esta não mobiliza capital financeiro com compra de terra, reduz demanda direta de funcionário e proporciona a manutenção do homem no campo, ou pelo menos, vivendo com a receita do campo. A empresa desenvolve pesquisa, define tecnologia e as disseminam aos produtores, por meio de sua equipe técnica.  

O fomento de madeira tem evoluído muito nos últimos anos. A maioria das empresas, além de doação de mudas e assistência técnica, passou a financiar os serviços e insumos para formação do plantio, o que proporcionou ao produtor implantar ou reformar sua floresta, sem nenhum investimento inicial, pois os valores financiados são convertidos em madeira e pagos somente na colheita.

A parceria, atrelada ao contrato, garante os direitos e deveres das partes envolvidas. Trata-se de excelente opção de negócio, desde que mantidos os princípios de parceria, ou seja, deve ser bom para ambos os lados. A Suzano Papel e Celulose está entre as pioneiras na formação de floresta de eucalipto, em parceria com produtores rurais. O Programa de Fomento de Madeira - Profmad, começou de forma tímida, há 33 anos, na região do Alto Tietê-SP.

Até 2002, contemplava apenas doações de mudas e assistência técnica, modalidade que contribuiu para formação e manutenção de 14.400 ha de florestas. O alvo deste programa era aumentar a disponibilidade de madeira no mercado, tanto para empresa, como para outros segmentos como: construção civil, energético, serraria e movelaria, reduzindo, a partir de seus programas de preservação e monitoramento de avifauna, a pressão sobre as matas nativas.

Da madeira fomentada, em torno de 60% retorna à empresa, contribuindo, atualmente, com  aproximadamente 15% do volume consumido pela unidade industrial de Suzano, SP e 18% pela de Mucuri, BA. A meta é que o fomento atenda até 25% da demanda de cada unidade. Em julho de 2004, aconteceu a integração entre Companhia Suzano e a Bahia Sul, dando origem a Suzano Bahia Sul.

Assim, o fomento com vínculo contratual, que já era praticado na Bahia, desde 1992, estendeu-se, em 2003, para a unidade de Suzano. Em São Paulo, esta nova modalidade foi um marco para o produtor, pois além de ampliar os recursos incentivados, passou a financiar os serviços e insumos para formação da floresta. Até o final de 2005, as duas modalidades de fomento na região totalizaram 23.750 ha plantados, em 908 propriedades.  

Somente na região do Alto Tietê estima-se que atividades florestais provenientes dos programas de fomento respondam pela geração de 4 mil empregos diretos e indiretos, em 32 municípios. O eucalipto está tão inserido na cultura local que, em Salesópolis, SP, foi criada a Festa do Eucalipto, que de 14 a 17 de Setembro/2006, chegará a sua 10ª edição. Esse evento dissemina conhecimentos sobre negócios florestais, produtos, equipamentos, além de diversas opções de entretenimento, como a Olimpíada dos Lenhadores.

No sul da Bahia e norte do Espírito Santo, a área de fomento florestal corresponde a 42 mil hectares, distribuídos em 250 propriedades. A atividade gera cerca 5 mil empregos diretos e indiretos e abrange 13 municípios na região. Para atingir a meta de atender 25% da demanda da unidade de Mucuri após a expansão, o fomento na região deve ultrapassar os 50 mil hectares.  

Para a equipe do fomento, além da preocupação em manter os produtores conquistados, existe a necessidade da busca constante de novos integrantes. Lidamos com pessoas de todos os níveis sociais, econômicos e culturais, por isso, cada produtor requer tratamento individualizado. Temos que conquistar sua confiança e ajudá-lo a colocar em prática o que juntos julgamos ser melhor para sua propriedade. Ensinamos bastante, mas aprendemos muito também.

A equipe de fomento é o elo entre a empresa e o produtor, por isso o profissional desta área precisa ter muitas habilidades, não só técnicas, mas também administrativas, empresariais e, principalmente, de relacionamento humano. Participar do programa de fomento requer a quebra de alguns preconceitos existentes contra o eucalipto. O produtor deve estar ciente de que se trata de uma cultura de longo prazo e que o negócio será conduzido dentro dos princípios de parceria.

Geralmente orientamos os novos integrantes a plantarem apenas uma parte da propriedade, até melhor conhecer o negócio florestal. Na Bahia, temos diversos casos de sucesso com plantios de eucalipto, consorciados com agricultura ou pecuária. Em São Paulo, a maioria das florestas fomentadas está em topografia acidentada, por isso o consórcio é pouco praticado, mas há casos de sucesso, onde o produtor pratica, paralelo ao eucalipto, outra atividade na mesma propriedade, como: produção de hortaliças orgânicas, apicultura, fruticultura, piscicultura, turismo, pecuária, agricultura, granja e silvicultura com outras espécies.  

Produzir madeira de eucalipto, com os recursos incentivados e financiados pelos programas de fomento, é, atualmente, um excelente negócio. Estou há onze anos neste setor e nunca encontrei produtor insatisfeito por ter entrado no ramo florestal. E é entre os produtores mais simples que observamos os resultados mais expressivos do programa, tais como orgulho resgatado, esperança renovada, renda ampliada e inserção social.