Gerente de Fomento da Companhia Suzano
Op-CP-04
São muitas as modalidades de fomento praticadas no Brasil, com particularidades específicas, mas que muito têm contribuído para expansão da eucaliptocultura, além dos limites dos grandes maciços florestais privados. É uma forma inteligente de parceria, principalmente para as empresas de base florestal, que sofrem severas críticas por demandarem grandes extensões de terra para produção de madeira.
O fomento traz benefícios para ambas as partes, inclui o produtor na cadeia produtiva da empresa, e esta não mobiliza capital financeiro com compra de terra, reduz demanda direta de funcionário e proporciona a manutenção do homem no campo, ou pelo menos, vivendo com a receita do campo. A empresa desenvolve pesquisa, define tecnologia e as disseminam aos produtores, por meio de sua equipe técnica.
O fomento de madeira tem evoluído muito nos últimos anos. A maioria das empresas, além de doação de mudas e assistência técnica, passou a financiar os serviços e insumos para formação do plantio, o que proporcionou ao produtor implantar ou reformar sua floresta, sem nenhum investimento inicial, pois os valores financiados são convertidos em madeira e pagos somente na colheita.
A parceria, atrelada ao contrato, garante os direitos e deveres das partes envolvidas. Trata-se de excelente opção de negócio, desde que mantidos os princípios de parceria, ou seja, deve ser bom para ambos os lados. A Suzano Papel e Celulose está entre as pioneiras na formação de floresta de eucalipto, em parceria com produtores rurais. O Programa de Fomento de Madeira - Profmad, começou de forma tímida, há 33 anos, na região do Alto Tietê-SP.
Até 2002, contemplava apenas doações de mudas e assistência técnica, modalidade que contribuiu para formação e manutenção de 14.400 ha de florestas. O alvo deste programa era aumentar a disponibilidade de madeira no mercado, tanto para empresa, como para outros segmentos como: construção civil, energético, serraria e movelaria, reduzindo, a partir de seus programas de preservação e monitoramento de avifauna, a pressão sobre as matas nativas.
Da madeira fomentada, em torno de 60% retorna à empresa, contribuindo, atualmente, com aproximadamente 15% do volume consumido pela unidade industrial de Suzano, SP e 18% pela de Mucuri, BA. A meta é que o fomento atenda até 25% da demanda de cada unidade. Em julho de 2004, aconteceu a integração entre Companhia Suzano e a Bahia Sul, dando origem a Suzano Bahia Sul.
Assim, o fomento com vínculo contratual, que já era praticado na Bahia, desde 1992, estendeu-se, em 2003, para a unidade de Suzano. Em São Paulo, esta nova modalidade foi um marco para o produtor, pois além de ampliar os recursos incentivados, passou a financiar os serviços e insumos para formação da floresta. Até o final de 2005, as duas modalidades de fomento na região totalizaram 23.750 ha plantados, em 908 propriedades.
Somente na região do Alto Tietê estima-se que atividades florestais provenientes dos programas de fomento respondam pela geração de 4 mil empregos diretos e indiretos, em 32 municípios. O eucalipto está tão inserido na cultura local que, em Salesópolis, SP, foi criada a Festa do Eucalipto, que de 14 a 17 de Setembro/2006, chegará a sua 10ª edição. Esse evento dissemina conhecimentos sobre negócios florestais, produtos, equipamentos, além de diversas opções de entretenimento, como a Olimpíada dos Lenhadores.
No sul da Bahia e norte do Espírito Santo, a área de fomento florestal corresponde a 42 mil hectares, distribuídos em 250 propriedades. A atividade gera cerca 5 mil empregos diretos e indiretos e abrange 13 municípios na região. Para atingir a meta de atender 25% da demanda da unidade de Mucuri após a expansão, o fomento na região deve ultrapassar os 50 mil hectares.
Para a equipe do fomento, além da preocupação em manter os produtores conquistados, existe a necessidade da busca constante de novos integrantes. Lidamos com pessoas de todos os níveis sociais, econômicos e culturais, por isso, cada produtor requer tratamento individualizado. Temos que conquistar sua confiança e ajudá-lo a colocar em prática o que juntos julgamos ser melhor para sua propriedade. Ensinamos bastante, mas aprendemos muito também.
A equipe de fomento é o elo entre a empresa e o produtor, por isso o profissional desta área precisa ter muitas habilidades, não só técnicas, mas também administrativas, empresariais e, principalmente, de relacionamento humano. Participar do programa de fomento requer a quebra de alguns preconceitos existentes contra o eucalipto. O produtor deve estar ciente de que se trata de uma cultura de longo prazo e que o negócio será conduzido dentro dos princípios de parceria.
Geralmente orientamos os novos integrantes a plantarem apenas uma parte da propriedade, até melhor conhecer o negócio florestal. Na Bahia, temos diversos casos de sucesso com plantios de eucalipto, consorciados com agricultura ou pecuária. Em São Paulo, a maioria das florestas fomentadas está em topografia acidentada, por isso o consórcio é pouco praticado, mas há casos de sucesso, onde o produtor pratica, paralelo ao eucalipto, outra atividade na mesma propriedade, como: produção de hortaliças orgânicas, apicultura, fruticultura, piscicultura, turismo, pecuária, agricultura, granja e silvicultura com outras espécies.
Produzir madeira de eucalipto, com os recursos incentivados e financiados pelos programas de fomento, é, atualmente, um excelente negócio. Estou há onze anos neste setor e nunca encontrei produtor insatisfeito por ter entrado no ramo florestal. E é entre os produtores mais simples que observamos os resultados mais expressivos do programa, tais como orgulho resgatado, esperança renovada, renda ampliada e inserção social.