Me chame no WhatsApp Agora!

Elizabeth de Carvalhaes

Presidente-executiva da Bracelpa

Op-CP-23

É preciso garantir a competitividade

A produção brasileira de celulose cresceu 5,1% em 2010 em comparação a 2009, chegando a 14 milhões de toneladas, enquanto a produção de papel registrou elevação de 3,4%, alcançando a marca de 9,8 milhões de toneladas, com aumento de volume em todos os segmentos do produto.

O crescimento da receita de exportação também foi expressivo: totalizou US$ 6,7 bilhões, elevação de 33% em relação ao ano anterior. Além de mostrarem que o setor superou a crise financeira internacional de 2009, esses resultados favorecem o novo ciclo de expansão da indústria.

A previsão é que, até 2020, as empresas de celulose e papel deverão investir US$ 20 bilhões em projetos para ampliar em 45% a base florestal. As florestas plantadas do setor passarão dos atuais 2,2 milhões de hectares para 3,2 milhões de hectares. Esse crescimento da área de cultivo levará ao aumento da produção de celulose em 57%, ou seja, 22 milhões de toneladas.

Já a produção de papel deverá aumentar em 30%, alcançando a marca de 12,7 milhões de toneladas. E todo esse investimento, segundo as estimativas, dobrará a receita de exportação, totalizando US$ 13 bilhões ao final do período.

As estratégias de crescimento baseiam-se em estudos sobre o aumento de consumo de papel por conta do crescimento econômico de mercados emergentes, principalmente China, Índia e Rússia, bem como países do Leste Europeu e da América Latina. Essas projeções apontam elevação da demanda por todos os tipos de papel em 1,5% ao ano, até 2025. Em relação aos papéis de embalagem e para fins sanitários, a média anual chegará a 2,5%.

Para atender a esse crescimento, a produção mundial de celulose de mercado terá de chegar a 74 milhões de toneladas anuais, ao final desse período, o que representa um aumento de 25 milhões de toneladas em relação ao volume produzido atualmente. As projeções mostram que o Brasil terá papel fundamental nesse aumento da produção, seja pela qualidade das fibras de eucalipto e pinus, seja por seus atributos de sustentabilidade.

As perspectivas são estimulantes. Mas também teremos muito trabalho pela frente para garantir a competitividade do País e, consequentemente, a atuação cada vez mais forte da nossa indústria no comércio internacional. Para a Bracelpa, a principal medida a ser adotada pelo governo brasileiro, em busca da isonomia das empresas nacionais em relação aos demais competidores internacionais, é a desoneração dos investimentos.

No caso do setor, a tributação dos investimentos chega a 17%. Ou seja, o total a ser investido pelas empresas do setor, nesse novo ciclo, gerará tributos da ordem de US$ 3,4 bilhões, montante que poderia ser aplicado em novos projetos de pesquisa ou em iniciativas de promoção das empresas nos principais mercados de celulose e papel.

Isso precisa ser avaliado e revisto pelo governo federal. Outras questões relacionadas à carga tributária também integram a agenda do setor, como a devolução dos créditos de ICMS acumulados na exportação e a criação de um regime especial que interrompa a geração de créditos tributários nas exportações.

A competitividade brasileira também será garantida por medidas voltadas à melhoria das condições de infraestrutura e logística, que eliminem os gargalos nos principais modais de transporte – portos, ferrovias e rodovias.

Cerca de duas dezenas de obras são fundamentais para viabilizar os projetos de expansão do setor, e, por isso, a negociação para sua realização é tema prioritário da agenda da Bracelpa em 2011. O crescimento do setor terá como premissa a busca de uma economia de baixo carbono. Por isso, é cada vez mais importante a participação da entidade nas negociações climáticas.

O objetivo do setor é a inclusão dos créditos de carbono florestais como mecanismo para compensar emissões de gases causadores do efeito estufa. O ponto alto das negociações, neste ano, será a 17ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP17), a ser realizada em novembro, na África do Sul. 

Até lá, a Associação defenderá a proposta do setor em fóruns, mostrando que o potencial de absorção de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera pelas florestas plantadas das indústrias de celulose e papel – e também dos setores de carvão vegetal, moveleiro e de painéis de madeira – contribui efetivamente para a mitigação dos efeitos do aquecimento global.