Prever o futuro com precisão ainda é um desafio, mas podemos analisar o passado e o presente para nos preparar para o que está por vir. É assim que abordamos a floresta do amanhã: com muita ciência, delineando modelos, métodos e predições. No entanto, não se engane, o desempenho de uma floresta comercial não se define apenas matematicamente.
O fator biológico predomina, repleto de interações com o ambiente e outros organismos, desenvolvendo comportamentos e adaptações imprevisíveis. No entanto, por vezes parece mais fácil incorporar a não linearidade e a complexidade do ambiente aos nossos padrões do que garantir investimentos no setor de florestas plantadas no Brasil, onde as políticas públicas atuais não captam por completo seu potencial econômico, social e ambiental.
Podemos enfrentar o desconhecido de várias maneiras. Tecnicamente, quando admitimos a hipótese de que não podemos prever tudo e, por isso, direcionamos os estudos e as práticas para minimizar os riscos do imprevisto e diversificar ao máximo as chances de respostas positivas.
Isso pode ser feito, por exemplo, apostando em um número maior de clones comerciais com diferentes características de desenvolvimento, bases genéticas e respostas distintas, ou na mistura de clones (compostos clonais), cujo comportamento em conjunto se destaca da performance isolada.
Outra abordagem nessa mesma linha é retomar os plantios seminais (com avançado grau de melhoramento), em que, mesmo aceitando perdas na performance de alguns materiais genéticos, o resultado esperado se baseia na maximização da produtividade final mediante alterações biológicas e a capacidade de adaptação. Unificamos todas estas vertentes de conhecimento e desenvolvemos modelos multivariados, capazes de reproduzir não somente os cenários futuros, mas também as diferentes respostas vinculadas a cada variável que se altera.
Dessa maneira, predizemos a produtividade da floresta do amanhã simulando aumento de temperatura, períodos de estiagem prolongada e déficit hídrico, redução de área foliar, competição por nutrientes e água durante o ciclo, em diferentes idades e intensidades.
Podemos não saber qual desses eventos de fato acontecerá nem se virão isolados ou simultaneamente, mas saberemos qual o impacto ele terá nas florestas que plantamos hoje. Essas tecnologias estão bem consolidadas na predição de comportamento futuro de uma floresta plantada, com grau de confiança aceitável.
Outra forma de encarar o futuro é seguindo os preceitos de Peter Drucker, que diz que “a melhor maneira de prever o futuro é criá-lo”. Fazemos isso apostando no que é certo e previsível e deixando que uma porção muito pequena do futuro permaneça no campo das probabilidades incertas.
Na Sylvamo, acreditamos que investir em pessoas, inovação e sustentabilidade é o caminho para se manter competitivo no presente e no futuro, construindo e crescendo juntos. Independentemente do que encontraremos, esses serão os melhores instrumentos para atingir o sucesso.
Nesse mesmo contexto, as mudanças climáticas e suas consequências para a humanidade têm mobilizado especialistas do mundo inteiro na busca por soluções que minimizem os impactos de ontem e hoje no planeta de amanhã. Um relatório recente da ONU destaca que a Terra pode atingir seu limite em 2030, com a concentração de CO2 na atmosfera atingindo níveis jamais vistos em 2 milhões de anos. Esse aumento é um dos principais fatores responsáveis pelo aquecimento global.
O relatório também enfatiza a necessidade urgente de investir em políticas públicas e tecnologias de remoção de dióxido de carbono, e é aqui que as florestas entram em cena como protagonistas mais uma vez, desempenhando um papel crucial na captura de CO2 e ajudando a mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
E vale ressaltar que o setor florestal brasileiro tem um potencial gigantesco de mitigação desses efeitos com seus mais de 9 milhões de hectares plantados, segundo o último relatório anual da IBÁ (Indústria Brasileira de Árvores), responsáveis pelo estoque de 1,88 bilhão de toneladas de dióxido de carbono equivalente, além da manutenção de reservas de carbono da ordem de 2,6 bilhões de toneladas de CO2eq na forma de Reserva Legal (RL), Áreas de Proteção Permanente (APP) e outras áreas de conservação.
Ou seja, a “tecnologia” são as florestas e elas já existem, faltam políticas públicas que orquestrem melhor esse mercado verde no Brasil hoje. As florestas plantadas, além de matéria-prima para produção de celulose e papel, chapa ou energia, também representam uma solução natural e eficaz para a remoção de CO2, ou seja, um investimento lucrativo, sustentável e cada vez mais promissor.
Podemos acreditar que o setor de florestas plantadas está tecnicamente preparado para o futuro, mas nossas políticas públicas ainda têm muito a avançar para que possamos aproveitar todo o seu potencial econômico, social e ambiental. Independentemente do que o futuro nos reserva, investir em florestas hoje é a decisão mais acertada, mas é preciso pavimentar esse caminho imediatamente.