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Mário Eugênio Lobato Winter

Superintendente Geral da Vallourec & Mannesmann Florestal

Op-CP-13

Sistemas de colheita e transporte de madeira: como absorver novas tecnologias

Tornava-se difícil, há vinte anos, definirmos os rumos que poderíamos tomar na operação de colheita e transporte de madeira. Observávamos uma constante evolução dos sistemas mecanizados, tanto na Escandinávia, como na América do Norte.

Porém, a distância tecnológica em que se encontrava o setor florestal brasileiro, a dispersão das empresas e dos profissionais envolvidos nos seus desafios internos em suas respectivas empresas, e mais as imensas barreiras que se impunham à economia nacional - na altíssima burocracia para importações de equipamentos, com a alta política protecionista à indústria nacional, que mesmo não atendendo às necessidades do setor, era beneficiada por sobretaxas para as importações de equipamentos, inviabilizando, assim, a entrada desses bens no país, aliado à tudo isto, a volatilização da economia nacional, com altíssima taxa de inflação e elevada valorização da moeda norte-americana, tornava-se um obstáculo intransponível para acesso das tecnologias mais avançadas.

Com raros desenvolvimentos e a criatividade do povo brasileiro, demos os primeiros passos com adaptações, tendo como base máquinas agrícolas e de construção civil de fabricação nacional. Estas primeiras iniciativas, apesar de bem-vindas, demonstraram a imensa diferença que tínhamos na área de mecanização, comparando-se com a tecnologia disponível nos países do chamado primeiro mundo, encorajando alguns poucos e criando uma imagem mais negativista aos demais.

Com a formação do primeiro grupo cooperativo pelo IPEF, o PC MEC, Programa Cooperativo de Mecanização, formamos um consenso para direcionamento de intenções no setor. A presença das principais empresas florestais do país na época, que se encontravam em reuniões intinerantes de trabalho, cada vez em uma determinada empresa, com avaliação dos trabalhos desenvolvidos por esta e, com o envolvimento dos principais fornecedores de equipamentos, propiciou, aos fabricantes, alinhar seus projetos com a real necessidade e a demanda do setor.

Foram estes os primeiros passos da mecanização no setor florestal brasileiro. Passados vinte anos, podemos afirmar que andamos muito, mas há ainda um grande e longo caminho pela frente. Processos mecanizados de colheita e transporte já não representam entraves ao processo produtivo, e podemos afirmar que a base da mecanização já está consolidada no país.

As constantes evoluções dos equipamentos, cada vez mais rápidas, apontam-nos para uma necessidade também constante de adequação dos nossos sistemas de colheita e transporte de madeira. Já aprendemos que, assim como não há sistemas plásticos - aqueles que servem para qualquer tipo de situação encontrada nos sites florestais, também não há sistema definitivo.

Devemos atualizar, constantemente, nossos conhecimentos sobre os novos lançamentos e avaliar a real adequação dos novos conceitos e o momento certo de aplicá-los. A pergunta a ser respondida é: Como enfrentarmos essa nova fase? A resposta, aparentemente óbvia, torna-se uma nova barreira para muitos, assim como há 20 anos, o medo do desconhecido e a necessidade de mudança conflitaram-se. Porém, diferentemente do que ocorreu no passado, devido à nossa experiência com mecanização, a gama de oportunidades e de possibilidades de redução de custos operacionais, contagia-nos.

Necessitamos, neste momento, além da capacidade de definição do projeto certo, entendermos que a grande chave para a entrada nesta nova fase continua sendo a mesma que foi usada no passado: a grande capacidade desenvolvida pelo setor florestal brasileiro de se unir e formar, novamente, um direcionamento, permitindo aos fornecedores de equipamentos definir melhor suas ações na introdução das novas tecnologias.

Hoje, é inegável, analisando a operação florestal em diferentes partes do mundo, que o grande diferencial brasileiro está na grande e motivadora capacidade das equipes florestais de retirar o máximo rendimento dos equipamentos em suas operações. Capacidade esta, desenvolvida pelo planejamento prévio das atividades e pela formação de equipes de operadores e apoio mecânico extremamente eficientes, que levam os equipamentos a elevados índices de disponibilidade operacional.

A nova tecnologia embarcada nos equipamentos não é mais um obstáculo à operação nas atividades florestais brasileiras, pois o elevado grau de adaptabilidade dos operadores atinge índices semelhantes aos dos países mais desenvolvidos. Novos recursos permitem-nos, agora, obter dados on-line das operações, criando uma base confiável de informações, que podem gerar mudanças nos processos operacionais, incrementando os rendimentos das atividades.

Aparece aí a figura do analista e planejador, o qual, apesar de não trabalhar diretamente na cabine da máquina, será peça fundamental para a interpretação dos dados e definição das grandes mudanças dos sistemas de operação. Será como termos uma central de inteligência trabalhando o futuro da operação, antevendo os problemas e desenvolvendo soluções para mitigá-los.

Todas estas alternativas levam-nos a um novo ciclo de desenvolvimento, após o da consolidação da mecanização na atividade florestal. Assim, entramos no ciclo do refinamento da operação, do ajuste fino, onde novas e grandes oportunidades abrir-se-ão. Estamos, porém, muito melhor preparados para essa nova fase, pois a base da cultura da mecanização no país já está consolidada.

Mais uma vez, a peça fundamental do processo mecanizado passa a ser o pessoal operacional. Capacidade de definição de perfis psicológicos, de treinamento e capacitação, de motivação e de formação de equipes serão fundamentais na consolidação dos objetivos traçados. Ao validarmos estas premissas, estaremos aptos a internar novas tecnologias, cada vez mais sofisticadas, mas não, necessariamente, mais complicadas, com maior capacidade de geração de resultados.