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Péricles Pereira Druck

Diretor Superintendente da Celulose Irani

Op-CP-25

Preservação e desenvolvimento

A “provocação” desta edição da Revista Opiniões é extremamente oportuna para os dias de hoje. Muito se tem falado desses dois temas tão importantes, mas, na maioria das vezes, de forma isolada, sob um único ponto de vista e, frequentemente, estimulando uma percepção de que são objetivos excludentes.

Parece-me que existe um conflito natural entre eles, mas muito longe da impossibilidade de conciliação. Para começar, temos de admitir que, hoje, o maior desequilíbrio ambiental no planeta tem como principal fator a presença do ser humano na quantidade atual.

São 7 bilhões de pessoas em 2011, contra 450 milhões há 500 anos. Todas as espécies, animais e vegetais, se utilizam do meio ambiente, e suas populações oscilam ao longo do tempo, influenciadas pelo clima, por outras espécies ou por fenômenos naturais. Essa dinâmica e essa interação fazem com que a natureza seja uma permanente busca do equilíbrio.

Mas o homem tem conseguido, a partir da sua capacidade de raciocinar e acumular conhecimento, superar as dificuldades e limitações que surgiram, propiciando o crescimento da população, porém de forma impactante. Sempre é bom revisar os conceitos de Desenvolvimento e Preservação. Desenvolvimento está ligado a crescimento, expansão e progresso.

Além disso, pode expressar a dinâmica de melhoria, processo, movimento e evolução. É uma noção qualitativa, muito ligada ao bem-estar de uma população. Preservação está ligada a cautela, prevenção e proteção. Além disso, pode expressar conservação, carregando uma visão mais estática. Ela é muito usada em ligação à preocupação com os recursos naturais, como florestas nativas, água e biodiversidade.    

Em resumo, falamos de meio ambiente e sociedade, e nosso grande desafio é encontrar o equilíbrio entre eles. Se partirmos do pressuposto de que o homem está no centro da discussão e de que o planeta é a nossa casa, o desafio passa a ser o de usar nossa inteligência para que os recursos naturais se renovem na mesma velocidade em que são utilizados.

Isso garante às gerações futuras as mesmas oportunidades e chances de viver bem e perpetuar a própria espécie. Boa parte desse conflito são os paradigmas criados por um desenvolvimento desordenado no passado. Quando os benefícios ambientais eram fartos e as populações, menores, a sociedade não percebia e não se preocupava com a sustentabilidade. De fato e de um modo geral, uma parte do desenvolvimento das sociedades se deu à custa desses recursos e de sua exploração de forma insustentável.

A notícia boa é que, há vários anos, as sociedades se deram conta da necessidade de usar melhor as propriedades da natureza e estão dedicando sua inteligência, criatividade e capacidade de influência para unir forças de forma global e criar os caminhos para buscar esse equilíbrio.

Outra notícia boa é que os países emergentes, e principalmente o Brasil, por jovens que são, não esgotaram tanto seus recursos naturais e hoje podem encontrar esse equilíbrio de forma muito mais fácil e barata, aproveitando de maneira inteligente e criativa a possibilidade de capturar valor percebido nas relações comerciais com o consumidor do mundo desenvolvido. Na prática, existem muitas oportunidades para aliar benefícios econômicos e sociais com benefícios ambientais. E esse é o grande paradigma a ser quebrado, mas, para isso, o mais importante é crer para ver.

A empresa tem sido a forma mais eficiente que a sociedade encontrou de gerar desenvolvimento e, em minha opinião, será eficiente também na busca desse equilíbrio. O Estado democrático tem sido a forma mais adequada que a sociedade encontrou para garantir o direito à vida, à propriedade e à liberdade, com igualdade de oportunidades e infraestrutura básica aos cidadãos e às empresas.

O Brasil tem essas condições básicas e tudo para ser protagonista nesse cenário. As empresas de base florestal têm muitas oportunidades para ajudar: liderando pelo exemplo, investindo na descoberta desses caminhos e ajudando a trilhar esses caminhos. E já temos bons exemplos nesse sentido.

Produtos derivados de florestas plantadas são renováveis, recicláveis, reutilizáveis e biodegradáveis. O consumidor consciente e coerente, a educação e a informação correta são as grandes forças para mobilizar empresas e governos. Ações e soluções que sensibilizem o consumidor e o levem a usar sua opinião e o seu dinheiro para empresas, produtos e serviços que tenham essa responsabilidade serão, cada vez mais, fundamentais.