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Ulisses Ribas Júnior

Presidente da ACR - SC

Op-CP-10

O setor de base florestal de Santa Catarina

O estado de Santa Catarina, com superfície de 95.443 km², 1,1% do território nacional e com apenas 3% da população do Brasil, tem grande importância na economia nacional, ocupando o 7° lugar na geração da riqueza do Brasil, com 3,98% do PIB do país. É responsável por 5,06% das exportações, sendo o 6° maior estado exportador. Se separado dos índices brasileiros, o PIB catarinense corresponderia ao 8° maior da América Latina, à frente de países como Equador, Uruguai, Bolívia e Paraguai.

A ACR, Associação Catarinense de Empresas Florestais, agrega empresas que constroem parte significativa da economia estadual, sendo, aproximadamente, 450 mil ha de cultivos, em empresas voltadas à atividade de prestação de serviço, silvicultura, produtoras de madeira serrada e produtos derivados, chapas, papel, celulose e produtos de maior valor agregado da madeira.

Deste total, aproximadamente 308 mil ha detêm seus manejos florestais certificados internacionalmente, com as chancelas do Forest Stewardship Council (Conselho Internacional de Manejo Florestal) e do Cerflor, Programa Brasileiro de Certificação Florestal. O setor de base florestal de Santa Catarina é responsável pela geração de 9% do valor bruto da produção do agronegócio do estado e a indústria de base florestal responde por mais de 15% do valor da transformação industrial catarinense.

Estima-se ser de aproximadamente 7% a participação total do setor florestal no PIB catarinense. Neste contexto de importância social e econômica, devemos estar atentos a alguns aspectos do cenário atual, que impactam nossas atividades:

 

  • Ritmo decrescente da construção civil nos EUA e de alguns países da Europa;
  • A variação de oferta e preço do petróleo e derivados já influencia na valorização da biomassa;
  • A oportunidade oferecida no Brasil aos novos players, promovendo fusões e aquisições dos ativos, poderá concentrar a oferta de madeira;
  • Incentivo à construção civil nacional, gerando inúmeras oportunidades ao setor;
  • Nossa moeda valorizada, aliada aos altos custos tributários e de insumos, gerando dificuldades ao setor de derivados de madeira;
  • A elevada carga tributária, elevando os custos de produção;
  • A falta de políticas públicas alinhando a necessária conservação ambiental com a demanda por produtos da madeira; e
  • A regulamentação da Lei da Mata Atlântica.

As empresas que compõem a ACR estão comprometidas em estabelecer ações estratégicas de relacionamento, que propiciem benefícios para todos os interessados, através de: domínio e gestão de expressiva área nativa, representativa dos ecossistemas do estado; expressão de um setor que congrega o maior contingente de empreendimentos formalmente certificados (ISO, CERFLOR, FSC); trabalhar com transparência e integração efetiva com universidades, centros de pesquisa, órgão de apoio às políticas ambientais do estado; dispor de amplo conhecimento técnico de manejo florestal e produção de madeira; ter significativa contribuição na geração de emprego e renda; promover inserção social, via utilização de mão-de-obra; e integração com os poderes públicos na alavancagem de infra-estruturas (portos, estradas, pontes, escolas, hospitais, combate a incêndio, etc);

Os cultivos florestais representam a base do abastecimento sustentável da produção de madeira industrial, garantindo ainda renda extra para pequenos e médios produtores rurais, envolvidos nos programas de fomento. Somado à esta capitalização, a atividade influencia no desenvolvimento de áreas sociais marginalizadas, contribuindo para a fixação do homem no campo. Nas últimas décadas, o índice de desenvolvimento humano catarinense cresceu 9,9% e o setor contribuiu com 11% desse total.

A tradição e vocação florestal catarinense impulsionaram a silvicultura nas últimas décadas, fortalecendo, principalmente, a cultura do pínus, que promoveu o desenvolvimento de uma cadeia de atividades ligadas à madeira, que estava praticamente extinta pelo impedimento de exploração das madeiras nativas e sua exaustão. Diferente do que pensam alguns, a atividade acabou por contribuir para a manutenção das formações arbóreas nativas, na medida em que forneceu matéria-prima para a indústria e o consumidor em geral.

Uma análise da situação do setor de base florestal, no que se refere às características da produção e demanda dos produtos florestais, evidencia, em particular para Santa Catarina, um descompasso tanto territorial, onde regiões produtoras de madeira estão distantes dos centros de consumo, quanto sustentável, onde o consumo está descompassado com a produção.

A indústria de base florestal catarinense processa cerca de 17 milhões de m³ de madeira por ano, provenientes dos 601 mil hectares de florestas cultivadas existentes no estado. Considerando-se esta área cultivada e avaliando que parte dela não está disponível para a colheita, então deduzimos que a produção é inferior a 16 MM m³ para o estado, o que induz a concluir que algo perto de 12 ou 13 MM m³ ano estão disponíveis para a colheita, sugerindo um déficit de aproximadamente 3 MM m³.

Dessa maneira, à luz das reflexões abordadas e tomando a importância do setor, finalizamos concluindo que para o crescimento e competitividade da cadeia produtiva de base florestal, é necessário o estabelecimento de regras ambientais adequadas à realidade de Santa Catarina, ajustando sua necessária expansão às realidades sociais e de conservação ambiental, assim, neste cenário, é urgente o comprometimento das autoridades constituídas, no sentido de construir soluções ao fortalecimento das colunas que sustentam a silvicultura, ao ritmo da demanda do setor, assegurando a produção de matéria-prima, para atender o desenvolvimento social e econômico de Santa Catarina.