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Luís Renato Junqueira e Thiago Spatti Braga

Gerente de Pesquisa Florestal e Engenheiro de Desenv. Operacional da Sylvamo, respectivamente

OpCP69

O panorama dos avanços silviculturais
É fato que a silvicultura brasileira se destaca mundialmente como modelo de desenvolvimento, pesquisa, inovação e produtividade; avançamos muito no manejo de florestas comerciais nas últimas décadas e, mesmo alavancado por tantos avanços, os desafios atuais não são mais simples do que os do passado.
 
A Sylvamo surgiu a partir da separação dos negócios de papel da International Paper, passando a figurar no mercado como uma empresa stand alone de capital aberto. Essa mudança tem permitido à Sylvamo focar em seu propósito e, por meio de pessoas engajadas e práticas ESG, produzir o papel de que as pessoas precisam, para se educarem, comunicarem e entreterem. Essa transição chegou em um momento oportuno e tem contribuído para atuarmos de forma mais ágil e efetiva em diferentes assuntos, incluindo aqueles que convergem para a modernização da silvicultura.

É impossível falar de modernização do sistema florestal sem passar pelo tema da mecanização, que é um dos pilares para que o setor continue buscando ganhos de produtividade e eficiência em seus manejos. Também é impossível falar sobre mecanização sem comparar as áreas de colheita e silvicultura, estando a primeira na vanguarda quando o assunto é inovação e tecnologia embarcada, muitas vezes à frente até mesmo da agricultura convencional. Já quando falamos em mecanização da silvicultura, um certo grau de dificuldade deve ser considerado, pois ainda depende de equipamentos adaptados e disponibilidade de mão de obra.

Tais dificuldades podem ser atribuídas a alguns fatores, se destacando as condições e locais de cultivo do eucalipto, como terrenos irregulares, com a presença de buracos, obstáculos, linhas de tocos de ciclos anteriores, e tudo isso camuflado pelos resíduos florestais, além de, frequentemente, encontrarmos, em uma única área, condições completamente distintas no que tange à declividade, tipo de solo e fatores ambientais. 

Outro fator importante é a diferença de técnicas de manejo adotadas pelo setor, que dificulta a padronização de equipamentos e impacta o desenvolvimento de novos produtos pelos fornecedores. Vem daí a grande quantidade de adaptações atribuídas à silvicultura, afinal, é praticamente impossível um equipamento padrão ter eficiência em todos os cenários adversos citados. Dessa forma, não se pode esperar a mesma velocidade da mecanização experimentada pela colheita e pela agricultura, pois o ponto-chave desse avanço foi a padronização das necessidades.
 
Considerando esse cenário, devemos buscar a padronização das operações de silvicultura? Utilizando como exemplo a atividade de preparo de solo, que atingiu certo grau de padronização nos últimos anos, temos visto a oferta de subsoladores florestais crescer, que, hoje, praticamente não demandam grandes modificações para operar. Por outro lado, talvez seja essa mesma “despadronização” que tenha levado o setor a atingir seus níveis de produtividade e eficiência de hoje, tratando cada particularidade ambiental com um manejo distinto, extraindo, assim, o máximo de cada área. 
 
Portanto, acreditamos que deva haver um equilíbrio nessa balança e que o setor deve buscar pelos pontos de convergência, seja apoiado pelos programas cooperativos entre empresas e universidades ou firmando parcerias com redes de inovação aberta, demonstrando ao mercado suas demandas e potencial de consumo.

Nos últimos anos, a Sylvamo tem realizado grandes avanços na prevenção e no combate a incêndios florestais, problema que assola não só as empresas de base florestal, mas o País em si, e tem sido tema central em discussões pelo mundo. Através de novas tecnologias, como a utilização de câmeras de observação em torres, algoritmos de inteligência artificial, redes de comunicação e dados satelitais, garantimos maior agilidade e eficiência das brigadas.

Uma vez em campo, as brigadas contam com novos produtos e equipamentos, como químicos retardantes e supressores, que potencializam o efeito da água, caminhões desenvolvidos para essa finalidade, equipamentos de ação rápida e drones para o planejamento e acompanhamento das ações. Tais avanços refletem a preocupação da Sylvamo em preservar e combater a prática de queimadas, impactando positivamente as comunidades em que estamos inseridos.
 
Ademais, temos avançado consistentemente no processo-chave, da prevenção dos incêndios pela criação de modelos de risco cada vez mais acurados e precisos, baseados em processamento e análise de dados espaciais e informações históricas, para guiar ações de prevenção a incêndios. Além dos avanços destacados acima, relacionados a equipamentos e estruturas, queremos chamar a atenção para outros aspectos dentro da silvicultura, que também se desenvolveram nos últimos anos, como o atual portfólio de produtos disponíveis para atividades relevantes, de controle de pragas, doenças e plantas daninhas, e percebemos claramente um aumento na quantidade de opções para o manejo desses agentes nos últimos anos.
 
Em relação ao controle de plantas daninhas, saímos de um cenário de uso praticamente exclusivo e baseado no glifosato, para sua substituição parcial em usos específicos. É claro que o glifosato ainda se mantém como a principal molécula no controle de plantas daninhas em eucalipto e, sabemos também o quão é difícil sua completa substituição, mas a gama de produtos registrados nos últimos anos tem permitido que outras alternativas, como os graminicidas, ocupem determinados nichos e permitam aplicações inclusive sobre as plantas do eucalipto.

Essa seletividade à cultura trazida pelos graminicidas também permite a utilização de outros equipamentos e a conjugação com outras moléculas, como o caso de alguns pré-emergentes. Concomitantemente à chegada de novas opções de pós-emergentes, também vieram novas moléculas e modos de ação para pré-emergentes, o que, além de aumentar o rol de ferramentas disponíveis para o silvicultor, também contribui para um mercado mais acirrado e competitivo.

Em relação ao controle de pragas e doenças, avançamos também a partir do registro de novas moléculas, o que possibilitou ao setor eliminar adaptações de bula de outros cultivos, sobretudo, para produção de mudas em viveiros florestais. De forma complementar, o conhecimento científico construído em parceria com universidades e centros de pesquisa foi chave em muitos desses processos, nos auxiliando, desde a criação e  o acompanhamento de pleitos de registro junto ao Ministério da Agricultura, até o desenvolvimento de técnicas e metodologias genuínas aos cultivos florestais, possibilitando que os produtos registrados e equipamentos desenvolvidos pudessem ser utilizados em seu máximo potencial.

Diversos desafios ainda estão por aí para serem resolvidos, sejam eles regionalizados ou dores de todo um setor produtivo. Na Sylvamo, não nos esquecemos de todas as conquistas e os avanços realizados até hoje, mas acreditamos que o caminho à frente será cada vez mais dinâmico, desafiador e inconstante, e que a modernização da silvicultura não passa somente pelo desenvolvimento de novos equipamentos, mas também compreende um ambiente multidisciplinar, onde redes de inovação aberta, startups, academia e diferentes área do conhecimento deverão andar juntas com a iniciativa privada, para solucionarmos, de forma ágil e responsável, os novos desafios que, certamente, teremos à frente.