Diretor Global Florestal da International Paper do Brasil
Op-CP-09
O aumento da demanda interna e externa por produtos de origem florestal, sejam estes madeireiros ou não, tem impulsionado os investimentos dos setores público e privado na ampliação da base florestal brasileira e no aumento de sua capacidade produtiva, em termos sustentáveis, colocando o país numa posição estratégica, com significativas vantagens competitivas.
Conforme dados do Anuário Estatístico de 2007, da Abraf - Associação Brasileira de Florestas Plantadas, contabilizamos hoje, no país, mais de 5,7 milhões de hectares de florestas cultivadas, especialmente com fins industriais. O ano de 2006 registrou um crescimento de 131 mil hectares de novas áreas, em relação ao ano anterior e, quanto ao cultivo de eucalipto, houve aumento da área plantada em todos os 13 principais estados produtores desta cultura no Brasil, o que demonstra o caráter descentralizado desta expansão no país.
Este contínuo crescimento das florestas plantadas, além de contribuir para o atendimento do consumo de madeira, para os diversos usos a que se destina, reduz a pressão sobre as florestas nativas e propicia o aumento das áreas de reserva legal e a recuperação de matas ciliares, fatores estes de destaque do setor de florestas plantadas, que hoje preserva cerca de 3,7 milhões de hectares de florestas nativas.
Outro destaque é o aumento da participação dos pequenos e médios produtores no setor. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, em 2002, eles eram responsáveis por 7,8% do plantio e, em 2006, esse percentual subiu para 25% do total. Para sustentar este crescimento, o setor público também vem fazendo a sua parte, fornecendo mecanismos de financiamento ao segmento de florestas plantadas, através de instituições como o BNDES e o Banco do Brasil. Conforme consta no Anuário Brasileiro de Silvicultura de 2007, os dois principais programas de fomento da atividade florestal, promovidos pelo governo federal, o Pronaf Florestal e o Propflora, desembolsaram cerca de 60 milhões de reais em 2006.
Além destes programas, também existem linhas de crédito em diferentes regiões e estados brasileiros, como o FNO Floresta - Programa de Financiamento às Atividades Florestais, o FCO Pronatureza - Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste, e o FNE Verde - Programa de Financiamento à Conservação e Controle do Meio Ambiente.
Considerando perspectivas de longo prazo para o setor florestal no Brasil, hoje temos uma conjunção de fatores, que deixam os empresários e investidores vislumbrando reais possibilidades de obterem sucesso e significativo retorno de seus investimentos. Esta opinião justifica-se pelas expansões reais e anunciadas dos diversos segmentos que sustentam a cadeia produtiva florestal, como papel e celulose, siderurgia, carvão vegetal e painéis de madeira.
Assim, os plantios florestais deverão aumentar, considerando esta ampliação da capacidade de produção em plantas industriais já instaladas, ou por aquelas que estão em projeto ou construção. Na análise da Abraf, a estimativa é que as empresas associadas invistam cerca de R$ 4 bilhões, em re-forma e expansão da base florestal, até 2010.
Para exemplificar este cenário de plena expansão do setor de base florestal, o Relatório Anual de 2007, da Bracelpa, menciona que o Brasil produziu 11,2 milhões de ton de celulose e 8,7 milhões de ton de papel em 2006, o que representa um crescimento, sobre 2005, de 8% e 1,5%, respectivamente. O ritmo desta expansão garantirá ao Brasil, em 2007, uma nova colocação no mercado mundial de celulose, passando da sétima, para a sexta colocação, como produtor global.
Ainda no setor de papel e celulose, os investimentos realizados entre 2003 e 2006 chegaram a US$ 3,5 bilhões, estando previsto, para 2007, o aporte de mais de US$ 3 bilhões e de US$ 7,9 bilhões, entre 2008 e 2012. Esses investimentos também vêm sendo acompanhados de ações de responsabilidade socioambiental. Em 2006, a indústria brasileira de celulose e papel investiu R$ 795 milhões, em preservação e controle ambiental, e R$ 73 milhões, em ações comunitárias.
Outra questão que cada vez mais se afirma e tem estado presente na agenda do setor florestal é a sustentabilidade, que se evidencia na busca de modelos de gestão, que favoreçam o equilíbrio entre as dimensões social, ambiental e econômica. Um dos melhores exemplos deste compromisso vem sendo a ampliação da área florestal certificada no país, seguindo princípios internacionalmente reconhecidos, quanto ao manejo florestal sustentável.
Segundo a Abraf, em 2006, o Brasil fechou o ano com mais de 5,7 milhões de ha de florestas nativas e plantadas, certificadas pelos “selos verdes” do Cerflor - Programa Brasileiro de Certificação Florestal, coordenado pelo Inmetro e pelo FSC - Forest Stewardship Council. Dentre as oportunidades de melhoria a serem trabalhadas, visando agilizar os investimentos do setor de florestas plantadas e seus conseqüentes benefícios à população brasileira, destaca-se a questão do licenciamento ambiental, instrumento importante para o desenvolvimento do país, mas que hoje, da maneira como está estruturado, vem retardando e desestimulando as perspectivas de ampliação da base florestal, em determinadas regiões do Brasil.
Para concluir, pode-se afirmar que o setor experimenta hoje franca expansão no país e já é um dos grandes pilares de nossa economia. O cultivo de florestas gera produtos com qualidade, que respeitam o meio ambiente e criam uma cadeia de produção sustentável e ecologicamente correta.
A pesquisa tecnológica aqui desenvolvida e as características naturais para a produção de fibra estimulam novos, constantes e significativos investimentos. Há, portanto, um círculo virtuoso no Brasil, que é resultado da pujança exercida pelas indústrias de base florestal, dos incentivos governamentais em curso e do nível tecnológico e competitivo que alcançamos.