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Esthevan Augusto Goes Gasparoto

CEO da Treevia Forest Technologies

Op-CP-53

Tecnologia no estado da arte
Coautores: Emily Tsiemi Shinzato (COO), Maycow 
Dutra Berbert (CTO)  e  Marcel Corrêa Mello (CPO)

“Inovação não respeita tradição.” Essa é uma variante da frase dita em 2014 por Satya Nadella, atual CEO da Microsoft quando assumiu o seu mandato. Desde então, as ações da empresa já acumulam valorização de quase 300%. Não, isso não foi por acaso, a empresa passou a investir pesado em inovação como: computação em nuvem, mobilidade, internet das coisas, inteligência artificial, realidade aumentada, realidade virtual, novos modelos de negócios como o Software as a Service (SaaS), dentre outras.
 
Tais tecnologias fazem parte das chamadas tecnologias exponencias. Essa definição foi cunhada pelo engenheiro americano Gordon Moore em 1965. Na época, ele previu o que ficou conhecido como Lei de Moore, que diz que, a cada 18 meses, a capacidade de processamento dos computadores dobraria, enquanto seus custos de produção permaneceriam os mesmos. 
 
As tecnologias exponencias já estão presentes em vários setores da economia e estão viabilizando uma nova revolução tecnológica em escala global, que promete mudar completamente a forma como vivemos e trabalhamos. Com elas, equipes menores ou com menos recursos conseguirão atingir níveis de eficiência e excelência jamais vistos, mesmo em grandes corporações.
 
Ainda recente no setor florestal, se comparado a outros setores econômicos, a adoção de tecnologias exponencias (apoiadas principalmente no tripé: Internet das Coisas, Big Data e Inteligência Artificial) vem crescendo substancialmente a cada dia. Em relatório internacional recente, publicado pela consultoria Mckinsey, observa-se que algumas empresas florestais que já adotaram essas tecnologias de maneira operacional estão obtendo ganhos de produtividade anual variando de 5% a 25%, com payback de investimento de um a dois anos.
 
Dentre as diversas inovações tecnológicas, algumas já estão consolidadas e, a cada dia, ganham mais espaço no setor. O uso de dispositivos móveis, como smartphones e tablets (alguns deles com tecnologia militar), para a coleta e o apontamento de informações georreferenciadas em campo, seja de colheita, silvicultura, qualidade ou inventário florestal, já se tornou operacional. Apenas no inventário florestal, por exemplo, o uso de dispositivos móveis para a coleta de dados (33% das empresas) já supera o tradicional apontamento manual em papel e prancheta (26% das empresas).
 
Já a computação em nuvem, o que permite o processamento e a disponibilidade das informações online a partir de qualquer lugar, é mais recente, porém a sua adoção nos inventários florestais está crescendo a cada dia (27% das empresas florestais já estão utilizando). As principais vantagens dessa abordagem é o baixo custo em ativos imobilizados, como computadores e servidores, o alto desempenho no processamento de dados, a elevada segurança da informação e principalmente a alta disponibilidade.
 
O Brasil é reconhecido mundialmente como referência em desenvolvimento e produtividade florestal. Com o surgimento de novas tecnologias, temos ainda mais motivos para nos orgulharmos; novas empresas nacionais de tecnologia, também conhecidas como startups, já foram internacionalmente premiadas e estão demonstrando como podem se tonar viabilizadoras do desenvolvimento e do uso de tecnologias exponenciais aplicadas ao setor florestal. Com isso, temos em mãos a combinação perfeita para o surgimento de um próspero ecossistema de inovação, onde todos os atores, como as startups, institutos de pesquisa, universidades e empresas, podem, juntos, colaborar para o amadurecimento desse ecossistema.
 
Essa sinergia já produz frutos e cases de sucesso de uso e desenvolvimento de tecnologias exponenciais. Atualmente, empresas como Suzano e Klabin já são pioneiras mundiais no uso de sensores de IoT (da sigla em inglês Internet of Things) para o monitoramento online de ativos e experimentos florestais. Dados de crescimento diário da floresta podem já ser acessados online, juntamente com informações como temperatura, umidade e risco de incêndio.

Uma realidade considerada impossível alguns meses atrás. Por meio desse tipo de tecnologia, uma parcela instalada no início de um ciclo florestal poderia produzir, ao final da rotação, aproximadamente 4.380 coletas de crescimento da floresta (2 coletas por dia, durante 365 dias por ano, no período de 6 anos), contra 6 coletas de dados obtidas em um inventário florestal contínuo tradicional; são 730 vezes mais informação sobre o crescimento da floresta e as suas inter-relações, com 6 vezes menos esforço de trabalho em campo e sem os tradicionais erros operacionais. Extrapole isso para múltiplas parcelas, múltiplas fazendas e teremos uma mudança completa de paradigma.
 
Com a obtenção de um volume tão grande de dados, novos horizontes de disrupção do status quo serão possíveis e viáveis, como análises multivariadas complexas, séries temporais, novos modelos de crescimento e projeção influenciados por variáveis climáticas, dentre inúmeras outras metodologias. Nesse contexto, empresas florestais poderão entender em real time como mudanças no manejo florestal impactam e influenciam a produtividade da floresta, tomando decisões fundamentadas em dados precisos e confiáveis, em um contexto que pode ser chamado de manejo florestal baseado em dados. 
 
Atualmente, 59% das empresas se julgam altamente propensas à adoção de inovação e de novas tecnologias. Além disso, devido aos atuais gargalos operacionais, as empresas do setor florestal estão propensas e abertas ao uso de novas tecnologias que facilitem a realização de inventários e do monitoramento florestal. Dentre as tecnologias que provocam o maior interesse nas empresas, se destacam os drones (68%), a geoestatística (59%), a Internet das Coisas (55%) e as Redes Neurais Artificiais (50%). Cabe às empresas florestais buscarem quais atores desse ecossistema de inovação podem contribuir para o tão esperado ganho de competividade.