Gestor de Meio Ambiente da V & M Florestal
Op-CP-21
São sólidas as iniciativas que podemos citar como boas práticas de sustentabilidade na atividade silvicultural destinadas à produção de biocombustíveis. Isso considerando o conceito sistêmico relacionado ao modelo de evolução integrada e equilibrada dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais.
Na V & M Florestal - VMFL, temos exemplos de ações desenvolvidas tendo como fundamento a sustentabilidade. Entre eles, estão as iniciativas de:
1. Modelar a ocupação do solo com preservação de grandes áreas com vegetação nativa. Além de manter as áreas previstas nas leis ambientais, como as APPs e as de RLs, existem os chamados corredores de vegetação, que são dispostos de forma interligada, compondo verdadeira “rede” de cobertura vegetal nativa preservada.
Esse “arranjo ecológico”, obtido pelo projeto de Gestão Ambiental da Vegetação Nativa da VMFL, desenvolvido em conjunto com o Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Lavras, ultrapassa, em muito, o que é previsto no Código Florestal Brasileiro.
O projeto preenche, também, uma lacuna histórica com relação à proteção da fauna silvestre brasileira, uma vez que não temos um “Código Animal”. Porém, por meio de práticas como essa, conseguimos manter a maior parte da diversidade animal presente nas áreas dos projetos silviculturais.
Entre os exemplares da região, estão mamíferos de grande porte, que são muito exigentes em termos de território, disponibilidade de alimentos e condições de reprodução. Outro benefício do projeto é a proteção dos mananciais hídricos por meio da preservação da vegetação nativa do entorno. A proporção é de 1 hectare de área protegido para cada 1,4 hectare de área plantada.
2. Manejar racionalmente os terrenos produtivos e promover serviços ambientais que protejam o ambiente e as relações ecológicas, diminuindo impactos sobre as áreas protegidas. Nas práticas operacionais da empresa, são incorporados cuidados com a proteção ambiental, para evitar impactos das atividades sobre as áreas protegidas. Isso inclui utilização racional de agrotóxicos e coleta e destinação adequada de resíduos.
Além desses cuidados, são desenvolvidas ações voltadas para proteção de áreas com vegetação nativa, como o cercamento para evitar a presença de gado e vigilância contra caça, desmatamento e coleta de exemplares da fauna e flora, além da prevenção e combate aos incêndios florestais. No contexto de sistematização dos cuidados ambientais, é relevante a adesão a programas voluntários de certificação para os Sistemas de Gestão Ambiental (ISO 14001) e Certificado de Manejo Florestal (Cerflor).
3. Contar com os serviços ecológicos providos pelas áreas verdes. As áreas protegidas também prestam serviços ecológicos ao empreendimento silvicultural. Entre eles, maior estabilidade ambiental e mais eficiência no controle biológico de pragas. Projetos florestais que contam com a preservação adicional da vegetação nativa – integrada por meio de faixas de vegetação (faixas ecológicas) – têm menor infestação de formigas cortadeiras, devido à presença e à ação de inimigos naturais. Além disso, a população de borboletas e mariposas tem até cinco vezes mais diversidade biológica (maior número de espécies e menor número de indivíduos).
4. Estar inserido no contexto de produção de energia renovável para a sociedade. O Brasil dispõe da melhor tecnologia mundial para o plantio de florestas renováveis, tem clima privilegiado e possui extensas áreas para exercer essa atividade em locais pouco aptos à agricultura.
Tem, ainda, grandes reservas de minério de ferro. É estratégico conciliar o beneficiamento desse insumo, agregando valor, com o desenvolvimento de atividade florestal sustentável para a produção e utilização de carvão vegetal, em substituição ao carvão mineral.
Esse arranjo produtivo representa uma grande oportunidade, considerando que o País já detém tecnologia e regulamentação para realizar esse processo de forma sustentável, beneficiando regiões que são carentes de oportunidades.
5. Entender que o caminho para a sustentabilidade passa, portanto, pela integração da atividade produtiva com as áreas de preservação, tendo como resultado dinâmico crescente interação e diminuição de impactos negativos. Ultimamente, tem sido feita uma analogia à marca que deixamos com as nossas “pegadas” com o impacto que causamos para obter o que necessitamos.
Desde o início das atividades silviculturais, nas regiões norte e noroeste do estado de Minas Gerais, a produtividade de madeira por área foi multiplicada, ou seja, hoje, produzimos 11 vezes mais madeira na mesma área e estamos continuamente melhorando o rendimento. Essa racionalização também pode ser observada no consumo de água e de vários insumos, como fertilizantes e combustíveis, o que nos permite reduzir a nossa “pegada ambiental” de forma contínua.
Essas são parte das ações sustentáveis que compõem o cenário da silvicultura destinada à produção de carvão vegetal renovável. O nosso futuro depende de um arranjo maior, de quebra de paradigmas a respeito dos atuais meios de produção e, principalmente, da mobilização de toda a sociedade: população e empresas, na contínua e crescente atuação em prol da sustentabilidade.