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Hernon José Ferreira

Presidente do Florestar São Paulo

Op-CP-10

Pólos de desenvolvimento florestal: fator de multiplicação das oportunidades no Brasil

A indústria de base florestal, principalmente a vinculada aos setores de celulose e papel, siderurgia a carvão vegetal e painéis de madeira reconstituída, vive um importante momento de expansão. Aspectos, como o crescimento da demanda interna e externa, bem como as vantagens competitivas da produção de florestas plantadas no Brasil, frente aos competidores internacionais, têm criado um ambiente altamente favorável para o fortalecimento das atividades de base florestal.

Nesse contexto, inserem-se os pólos de desenvolvimento florestal, já constituídos ou em formação, em diferentes regiões do país, que agregam a participação de diversas estruturas de produção. Além de grandes geradores de empregos, esses pólos florestais tornam-se multiplicadores de oportunidades de desenvolvimento econômico e social, fora dos grandes centros urbanos, e disseminam os princípios de responsabilidade social e ambiental, nos quais se sustenta a atividade dos principais agentes do setor florestal no Brasil.

Com uma produtividade de madeira nas florestas plantadas muito superior a de países como Canadá e Estados Unidos, o Brasil já se destaca no mercado mundial de celulose por sua competitividade, e caminha para consolidar sua vocação também em outros campos da produção de bens florestais. Em 2006, a área plantada com florestas, para suprimento industrial no país, ultrapassou 5,3 milhões de hectares, com acréscimo de 131 mil hectares, em relação ao ano anterior. A grande competitividade do país no agronegócio florestal é garantida, principalmente, por suas características edafoclimáticas e pelo avanço tecnológico na área de silvicultura.

Tais centros florestais constituem, hoje, os pólos de desenvolvimento que crescem pelo país, incentivados pelos estados que buscam fomentar e estimular a implantação de novas áreas florestais e atrair investidores para a implantação de novos empreendimentos para a produção de celulose, papel, painéis de madeira e siderúrgicas, multiplicando a atividade produtiva de diversas empresas, em torno da cadeia produtiva florestal.

Assim, criam-se clusters, redes de empresas e de outras organizações, com interesses similares, onde as partes podem melhorar suas condições operacionais e de competitividade, através da colaboração. Os participantes-chave, em um cluster, são os produtores e os usuários do know-how – empresas industriais, setores de serviços, instituições de ensino superior e de investigações, formando uma rede estratégica de competências.

A economia de clusterização é considerada um fator decisivo na competitividade de uma região ou país. Como reflexo, a vocação florestal brasileira é revelada, através dos resultados das indústrias, como a de papel e de celulose, com uma taxa de incremento anual em torno de 3,5% e 6,5%, respectivamente, desde a década passada.

A indústria de painéis cresceu cerca de 25%, desde o início da década, e na área siderúrgica prevêem-se investimentos de US$ 15 bilhões, para aumento da capacidade instalada, nos próximos anos. Números atrativos aos governos, que passam a perceber os benefícios da formação de novos pólos de desenvolvimento florestal, na geração de empregos, renda e captação de recursos e investimentos.

Entre as décadas de 80 e 90, esses recursos estavam reunidos nos maciços florestais no sul da Bahia, expandindo-se para a região Sudeste, principalmente em Minas Gerais. Hoje, este estado possui a maior área de floresta plantada do Brasil, seguido por São Paulo e Paraná, que também atraíram vultosos investimentos, ao abrigarem pólos florestais, por meio das indústrias de celulose e papel, de painéis, moveleira e siderúrgicas.

A atual expansão da base florestal aponta para a região Sul, onde Santa Catarina e Rio Grande do Sul também despontam com novos pólos, movimentando toda a cadeia florestal e incorporando à rede os pequenos produtores, através do fomento, fixando o homem no campo e agregando valor à sua propriedade. Novos anúncios de investimentos, da ordem de R$ 4,1 bilhões, em reforma e expansão da base florestal, até 2010, impulsionam a economia da região e geram grandes expectativas.

Estados como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul também já aparecem como novas rotas de investimento, dada a disponibilidade de área, clima favorável e incentivos. Previsões apontam que até 2020, a silvicultura na região Centro-Oeste do país trará novos aportes, aprimorando a infra-estrutura e logística locais e possibilidades de negócios com países vizinhos.

A vocação florestal apresentada por todos esses estados é a base da multiplicação dos diversos pólos de desenvolvimento pelo país. Mas, isso também se dá por causa da visão estratégica de mercado e de planejamento dos setores de produtos florestais, fundamentais para garantir o sucesso da atividade, com a consolidação e ampliação de estruturas, mão-de-obra e tecnologia, além da excelência ambiental, que traz externalidades positivas e agrega valor ao produto final.

A geração desses “Pólos de Excelência em Florestas” cria referências em ciência e tecnologia, capacitação de recursos humanos e prestação de serviços técnico-especializados, para a promoção do desenvolvimento sustentável do setor de base florestal. Suscita também oportunidades de negócio com alto valor agregado, fomentando o pequeno produtor e garantindo a preservação ambiental, por meio de técnicas de manejo integrado e redução da pressão sobre as florestas nativas de cada região, gerando maior competitividade nos mercados interno e externo, com foco na sustentabilidade.